sexta-feira, dezembro 30, 2005

A AMANTE


Precisamente às três e trinta da tarde aquela mulher atravessou o átrio imponente do Hotel Meridian e dirigiu-se ao balcão de reservas e perguntou se podia subir ao quatrocentos e cinco.

Depois de aguardar uns breves segundos, o “groom” veio com um ramo de três belas orquídeas brancas, importadas da Holanda e com um sorriso (pago), estendeu-as dizendo que eram para a senhora e que a acompanhava.

Abriu-se a porta, depois de um delicado toque com os nós dos dedos da mão enluvada do empregado do hotel e a dama entrou, com um sorriso de muito obrigada.

O quarto estava ornamentado com dezenas de rosas cor de mel, cujo odor se espalhava como se fosse uma perfumaria… parecia um sonho de fadas (se elas existissem…) e lentamente aquela mulher atravessou o quarto, pôs as orquídeas sobre uma “chaise longue” e tirou o casaco e pôs a mala sobre a cadeira de talha dourada ao canto, perto da janela. Passeou sobre uma alcatifa macia e admirou todos os ornamentos daquele quarto onde iria passar as horas seguintes.

Não se despiu. Não se sentou. Não disse uma palavra. Caminhou de um lado ao outro do quarto e olhou o relógio…e estava só!

Voltou a vestir o casaco. Pegou na mala. As orquídeas, deixou-as no meio da cama. Sorriu e partiu…

Pela terceira vez ele dissera que chegava de Estocolmo e que a queria ver…e não aparecia...

30.12.05

sábado, dezembro 24, 2005

INSÓLITOS DO QUOTIDIANO

Como a época exige, contactam-se amigos e parentes, num vai e vem de bons votos e mais umas quantas frases feitas, por vezes, sem que as sintamos muito bem.

Ora neste vai que não vai de chamadas, acabei de falar com uma amiga que por ter sido transferida para longe, não falávamos há mais de um ano… e vai daí, teve de pôr a escrita em dia: Contou-me da festa de beneficência onde esteve há umas semanas, para angariar fundos para uma qualquer instituição, da qual nem nunca ouvira falar…

Mas o insólito é o que lá aconteceu…

Já tarde na madrugada, subiu ao palco improvisado, um “belezas” “peludinho” e musculado, que leiloava um beijo a favor da tal instituição.

A minha amiga, benemérita, mas aqui para nós, muito carenciada, foi entrando no jogo, até que lhe calhou o que ela começou por chamar…a sorte grande…

Subiu ao palco e beijou arrebatadamente o “Zeus” em calções… (segundo ela, nunca havia sido assim beijada…)…

Terminada a “farsa”, salta de lá um “rechonchudo paquiderme” e vai de dizer umas “bocas” à minha amiga… (bem, era o namorado do “Zeus”)…

Ora dizia-me ela, quase chorosa, que depois de ter tentado ter coragem para beijar um homem…saiu-lhe na rifa aquilo… e pior, nem sabe como justificar no IRS, dois mil e quinhentos euros…sem recibo!

E assim vão os nossos dias… neste quotidiano mais ou menos monótono…

quinta-feira, dezembro 22, 2005

DESALENTADA


Sem mais forças para lutar
Sem lágrimas para chorar
Sem coragem para enfrentar
Sem alento para aceitar
Sem condições para perceber
Sem conseguir entender
Sem sequer querer ver
Apenas quero morrer…

22.12.05

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Árvore de Natal


Como todos sabemos, o uso da árvore de Natal tem origem pagã, este costume predomina nos países nórdicos e no mundo anglo-saxónico e a sua tradição tem raízes muito mais longínquas do que o próprio Natal.
Os romanos enfeitavam árvores em honra de Saturno, deus da agricultura, mais ou menos na mesma época em que hoje preparamos a Árvore de Natal. Os egípcios traziam galhos verdes de palmeiras para dentro de suas casa no dia mais curto do ano (que é em Dezembro), como símbolo de triunfo da vida sobre a morte. Nas culturas célticas, os druidas tinham o costume de decorar velhos carvalhos com maças douradas para festividades também celebradas na mesma época do ano.
Segundo a tradição, S. Bonifácio, no século VII, pregava na Turíngia (uma região da Alemanha) e usava o perfil triangular dos abetos com símbolo da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Assim, o carvalho, até então considerado como símbolo divino, foi substituído pelo triangular abeto.
Na Europa Central, no século XII, penduravam-se árvores com o ápice para baixo em resultado da mesma simbologia triangular da Santíssima Trindade.
Nos países católicos, como Portugal, a tradição da árvore de Natal foi surgindo pouco a pouco ao lado dos já tradicionais presépios.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

“is”


Infinitamente só, a solidão vagueia.
Indiferente aos sons fortes e dominadores,
Impacienta-se pelo tempo onde se passeia,
Incapaz de reagir às correntes dos amores.


Iludindo-se, a solidão tece a sua teia,
Imaginando quem cairá nas suas dores,
Inconscientemente, sem querer, planeia,
Irracionalmente, prender os seus amores…


E vivendo por aqui e por além, a solidão
Sempre a esperar por uma nova ilusão,
Deixa que os tempos passem, desregrados…


E muito só, a solidão, em dias sem dias,
Deixa-se esvair entre as suas fantasias,
Chorando estar só, recordando seus amados…

16.11.06