terça-feira, janeiro 30, 2007

EIS NOS MULHERES


Eis aqui as escravas do senhor!
Faça-se a sua vontade!
Que tudo seja por seu amor…
Crescei e multiplicai-vos na dor…
É esta a nossa realidade.


Eis nos senhor! A vossa escrava,
Objecto para procriar.
Eis nos como o silencio que cala,
A verdade mortífera como bala,
Que nos mutila o amor e faz odiar…


Eis aqui mulher sem pensamento,
Lábios, seios, sexo e obediência…
Eis nos aqui e além em movimento,
Dóceis-rebeldes a cada momento,
Porque nos cortaram o sentimento!

28.01.07
10H40

sábado, janeiro 20, 2007

MENSAGEM DE PAZ

(também no Clube de Pensadores)

Às vezes queremos escrever e parece que as mãos recusam acompanhar o pensamento e quase que paralisadas, não deixam que as letras corram à velocidade com que corre o que nos escoa do nosso interior.

No emaranhado dos meus sentires, estou triste. Tão triste que me revolta a própria tristeza que me vai na alma.

Sinto que se vai perdendo o sentido da vida. Pensava que as pessoas ainda pensavam um pouco, antes de falarem… se pensam apenas é para se magoarem entre si.

Ouvi umas afirmações, esta manhã na rádio, de alguém por quem até nutria uma certa consideração e que me deixaram siderada. Dizia a personalidade em questão, que o “sim”, referindo-se à despenalização do aborto, seria para além de outras considerações, uma forma de impelir a mulher a abortar, para não perder o emprego.

Francamente! Então isso só vem mostrar que há entidades empregadoras a impedir que a mulher viva a beleza da maternidade. Razões de estética? De falta de humanidade? De egoísmo? E com que “lata”, depois, se vem dizer que há uma baixa taxa de natalidade… Como tudo isto é incoerente…

Mas afinal que “bicho” somos nós mulheres, para que, como joguetes, engravidemos ou não, conforme a vontade de quem nos acompanha? Porquê se vai considerar crime, quando apenas se quer reparar um erro, que mais tarde pode ser irreparável? Não será muito mais criminoso permitir o avanço de uma gravidez indesejável? Não será muito mais criminoso recorrer-se a mãos oportunistas e daí advir a impossibilidade de uma futura gravidez desejável? Não será muito mais criminoso morrer-se, por não ter havido respeito por uma situação, que teria sido aceitável se tivesse sido compreendida? Que e quem, poderá levar alguém a julgar outro, se desconhece a razão que levou a outras razões?

Pensem! Por favor pensem! Aqui não se trata de matar ninguém. Trata-se de dar dignidade a quem por razões, que só o próprio conhece, de manter uma qualidade de vida, sendo assistido condignamente, por quem de direito, perante uma situação, por vezes bem difícil.

Pensem por favor, que devemos viver com Amor, para que possamos dar e receber felicidade. Amar é compreender e dar força a quem possa estar a passar um transe difícil na sua vida.

Estas palavras, que acabei por conseguir passar, são também para ti, a quem amo desesperadamente: Vida!

20.01.07
isabel

sexta-feira, janeiro 19, 2007

SEPULCRO DE PALAVRAS


Hoje pensei em ti!
Pensei muito e de diversas formas.
Pensei como as pessoas surgem nas nossas vidas, como se tornam donas de todos os nossos pensamentos e em todos os mecanismos que usam, para nos enredar, de uma forma subtil.
Pensei em tempos passados e reflecti sobre muitos dos diálogos que foram mantidos, durante muitos dos momentos que passámos juntos e que juntos vagueávamos por aqui e por ali, numa alegria desmedida, por vezes descontrolada.

Poder-te-ia ter dito frontalmente, quando te vi naquela tarde, mas prefiro manter silêncio, como que forçado. Prefiro guardar as minhas palavras, que se vão atropelando entre desconexos turbilhões de pensamentos, de revolta, de ira, de ódio, de desprezo.

Prefiro silenciar o som dos sucessivos gritos que interiormente vou soltando, como urros de animal ferido. Prefiro que me julgues depositada no além da existência e assim possas, de corpo e alma, dedicar-te às delícias que preenchem o teu mundo. É pena não perceber que apenas és o que és e não o que queria que fosses para mim.

O meu silêncio não vai permitir que oiças como ecoa, dentro de mim, toda a raiva que em mim fervilha, quando balbucio que não vais fazer de mim palhaça o tempo inteiro. O meu silêncio é e será a potente arma de autodefesa. Não cedo!

Quando nada se tem, é maravilhoso encontrarmos quem nos entenda, quem nos apoie, quem aprecie as nossas pequenas virtudes… (mas com verdade). Vamos juntando pequenos pedaços de felicidade e torna-se fácil viver, mesmo quando, antes, já tivéssemos preparado a nossa fuga para um destino desconhecido. Projectam-se sonhos, vivem-se ilusões e cometem-se todas as loucuras que a imaginação permite, porque sonhar e pensar, ainda nos é permitido.

Porém, um dia chegamos à conclusão que nos estávamos a iludir gratuitamente e acordamos, não de um sonho, mas de um pesadelo…
Concluímos que o amor que andávamos a construir apenas era nosso e que nos era cobrado o facto de o sentirmos.

Amor é uma amizade muito forte, que se vai construindo, dando força, apoiando e mimando a quem dedicamos o nosso todo. Mas quem merece que se lhe dê o que de melhor temos, se não nos entende?

Há anos de luz a separar-nos… É certo que a luz chega rápido ao seu destino… mas eu distanciei-me e perdida no deserto do meu viver, encontrei-te, como a mais preciosa miragem… mas apenas foi miragem…


19.01.07

segunda-feira, janeiro 15, 2007

QUADRAS A UM AMOR REVOLTADO


Fechem-se as escolas,
Mutile-se o conhecimento
Passe-se a viver de esmolas;
Aniquile-se o pensamento

Aumente-se a burocracia
Dificulte-se o esclarecimento;
Viva-se em total fantasia:
O “faz de conta” do contentamento…

Fechem-se maternidades e hospitais
Deixe-se crescer a criminalidade,
Afinal só somos simples mortais,
Dignos de toda a crueldade…

Atrofie-se a criatividade,
Valorize-se o douto copiador,
Que pelos cafés, cheio de vaidade,
Põe o chapéu, dando ares de orador…

Elimine-se o amor!
Explore-se quem ainda o sente;
Encham-lhe a alma de dor,
Porque a dor é um bem premente…

Deixai todas as criancinhas viver!
Deixai que vagueiem no desconhecido;
Vieram ao mundo para sofrer,
Porque é tudo o que lhes é devido…

Pague-se bem para ter saúde,
Pague-se toda a medicação.
Aplauda-se a fraude
E vá-se vivendo em ilusão…

Não leiam! Não evoluam!
Vejam na TV as novelas;
Descansem e destruam,
Porque o resto, são balelas…

15.01.07

sábado, janeiro 13, 2007

DESAPONTAMENTO


Caos! O caos sou eu. Eu! Na tumultuosa corrente de gentes que deslizam a passo rápido pela rua fora, vou e misturo-me. Ando e perco-me. Perco-me nos pensamentos que não se traduzem por palavras. Os sentimentos não têm tradução…

As janelas da alma, protegidas pelas vidraças que lhes permite ver melhor, estão baças pelas lágrimas que dançam, antes de tropeçarem nas pestanas e rolarem de mansinho, pela face, que fria pelo vento do fim da tarde, parece mumificada sobre um corpo automatizado e desajeitado pala força do soluçar interior…

Vagueei sem destino. Sou um caos! Horas e horas, por ruas e ruas mas sempre a sua voz confidenciando adorar alguém. Mas, esse alguém, não fui eu, não sou, nem serei…

Dei força. Sofri. Foi lenta a morte do sonho e moribunda, qual ave ferida, vagueio sem destino… vou vaguear em desespero, até que o último dia acabe…

Entre o céu azul acinzentado do fim da tarde de Inverno e a calçada gaste de tantos transeuntes, caminho eu, só, destruída, um verdadeiro caos.

Amar é o caos!


12.01.07

segunda-feira, janeiro 08, 2007

2007 E OS PRIMEIROS PENSAMENTOS

(e aqui se constrói o pensamento...)

(inspiração no Clube dos Pensadores)

Quando fechámos a porta ao ano velho, decidimos que muitos dos assuntos que acaloraram as nossas conversas, ficariam pela parte de fora e que tudo o que entrava junto ao novo ano, seria também novo. Mas não é bem assim. Há muitos temas que terão de continuar a fazer parte do nosso quotidiano.

A falta de rigor e controlo das contas públicas que parece ter existido no orçamento de 2005, vai repercutir-se no futuro e pôr-nos a pensar se não haverá novas faltas de rigor (neste e em outros assuntos). A saúde continua a andar muito badalada, mas com poucas soluções. O aborto continua a dividir opiniões e a serem equacionados pontos de vista que não solucionam a questão. O ensino/aprendizagem continua a ser tema em aberto; e por aí fora, tantos outros temas entraram com o novo ano: transitaram…

Gostaria que este 2007 fosse, para cada um de nós, um ano em que se fizesse uso do pensamento, por forma a que se eliminassem as arestas da ignorância, as reentrâncias do “faz de conta” e que com plena consciência, se contribuísse para uma considerável melhoria no conceito de cidadania. Gostaria que se pusesse mais amor em cada causa que se defende, para que melhor se lutasse por ela. Gostaria que cada um de nós fosse melhor na execução das suas tarefas, que não cruzasse os braços ante dificuldades, mas que colaborasse na sua eliminação. Gostaria que ao bater da meia-noite de trinta e um de Dezembro deste novo anos, nos sentíssemos mais felizes por termos conseguido eliminar, ou ajudado a eliminar aspectos errados, que antes apenas havíamos sabido criticar.

Gostaria de não voltar a ouvir um ministro dizer que falhas administrativas, levaram a que centenas de médicos não fossem colocadas. Que muitos professores, andassem de mala às costas, porque as tais falhas os leva a serem colocados fora do seu meio, que muitas fábricas fecham por não cumprimento de anteriores acordos; gostaria que se eliminassem, de uma vez por todas, os “apitos dourados”, “apitos prateados” e outros de outros metais, para não continuar a corrupção, que desde os bancos da escola se faz presente, com a constante cabulice e o truque da nota alta e os conhecimentos em “baixa”. Gostaria que as pessoas gostassem umas das outras, sem pensarem nos que têm posses e que as podem explorar; gostaria que não se finja que se sabe, usando o saber de quem realmente sabe… gostaria que não se usassem as influências para se conseguir alguma coisa… enfim, que o nosso mundo fosse muito melhor…

Gostaria que houvesse trabalho para toda a gente que vive da troca dos seus serviços, por uma remuneração justa e que permita viver com dignidade.

Gostaria enfim, que cada um fosse realmente suficientemente importante, sem vaidade, sendo apenas o que é.

08.01.07