terça-feira, agosto 19, 2008

O MEU CANAVIAL


Amigos! Nem vos peço para acreditar. Levantou-se uma ventania, que sopra num ulular enfurecido, que mais parece uma tempestade invernosa do que uma tarde solarenga de Agosto…
Não tenho por hábito confessar nada do que faço ou vou fazer, porque ainda há por aí muitos preconceituosos que me iriam julgar… e juízo de valores não os admito para mim, porque não os faço a outros.
E vai daí, um dia destes passei por um canavial aqui perto e como tinha imensa necessidade de falar, abeirei-me e disse o que me ia na alma… receio bem que o que lá deixei foi mesmo a alma…
As canas hoje dançam num rodopio indescritível… e cantam num assobio de enlouquecer… e cantam os meus segredos… Nem nas canas posso confiar…
Ora veja-se que as canas, indiscretas, assobiaram tudo o que lhes disse e ao sabor do som do vento que lhes vai varrendo as folhas, vão revelando, passo a passo, os meus dizeres… Parece incrível!
Não deixei nomes no canavial… deixei sonhos e projectos e o que não queria que se descobrisse… era só meu e do canavial… agora é do sopro de vento que ruge como que querendo divulgar o que eu tanto escondia…

19.08.08

sábado, agosto 16, 2008

A PENSAR…

Se não me doesse a cabeça, possivelmente escreveria um texto longo… longo que teria de contar as palavras para não ir além do que é permitido pelo bom senso. Nunca se deve abusar da paciência e boa vontade dos leitores… muito embora isso não tenha qualquer significado no que respeita a ser comentado o trabalho que se apresenta… claro que a justificação que recebi, é o facto de nada haver a acrescentar… eu diria, preguiça de pensar em uma resposta… Vem de lá a “cusquice”, a “ratadela”, mas escrever meia dúzia de “tretas” para se perceber que o trabalho que fizemos foi lido, isso dá muito trabalho…
Estou precisamente a lembrar-me dum trabalho que li no Blogue do Clube dos Pensadores, cujo título era Pensar Alto, da autoria de Joaquim Jorge e que apenas teve um comentário… não acredito que apenas uma pessoa tenha lido esse texto…
Começava por dizer o autor que a política deveria ser para servir os cidadãos e realizar os seus sonhos… mas que percebem os políticos de sonhos? Admito que nunca pensaram que, comer um simples prato de sopa, pode ser um acto político… Como é que os políticos podem realizar os sonhos dos seus concidadãos, se não vasculham bem quais as suas opiniões sobre certos assuntos que são do interesse comum? Ou quais são as sua preocupações fundamentais? Alimentam sim, o faz de conta, com algumas notícias bombásticas, como por exemplo a o desemprego estar e diminuir… Ninguém escuta ninguém e o importante é impor o que previamente é decidido entre as quatro paredes de um gabinete… sejam quais forem as consequências…
Há ingredientes que são essenciais para que os políticos sejam levados a sério e que as suas directivas sejam credíveis. É necessário respeitar para que se seja respeitado. Empinar o nariz e dizer que é assim, não leva a lado nenhum. Milhentas pessoas vão fazer exactamente o oposto… Quando se manda, é preciso saber mandar… e nem muita gente o sabe fazer em plena consciência. A partilha e a cumplicidade são ingredientes que têm de fazer parte dos que nos dirigem, para que possam ser ajudados a cumprir as suas decisões coerentemente e atempadamente, para que se possa interiorizar e entender bem o que é pretendido e quais as finalidades.
Claro que todos entendemos a conjuntura internacional e os respectivos problemas económicos, mas como há sempre possibilidade de serem feitas previsões, deveriam os pequenos investidores ser honestamente informados dos riscos que, eventualmente, podem correr, evitando assim de serem perdidos alguns fundos que as pessoas idealizavam ter como economias… é um detalhe insignificante, mas produziria o efeito de confiança nos cidadãos deste país.
Uma outra frase que me tocou foi aquela que diz termos na vida duas opções – ver passar a vida ou tentar alterá-la… Pensem! E façam as vossas opções. Mas, digam… gostamos sempre de sabem o pensam os nossos patrícios.
Hoje fico por aqui… amanhã há mais.

15.08.08
VER: CLUBE DOS PENSADORES

sábado, agosto 09, 2008

PSICOSE


Em 1845, um estudioso desta matéria, Ernest von Feuchtersleben introduziu o termo “psicose”, que é assim, palavra mais recente do que a palavra “neurose”.

A oposição entre a palavra neurose e psicose, por finais do século XIX, estabelece-se como que linha de demarcação entre a loucura e as outras perturbações, oposição esta, que se manteve até aos anos mais recentes.

O DSM-III (actualmente já DSM-IV com anotações actuais e que é uma espécie de Bíblia dos Psicólogos), tentou suprimir o termo “neurose” e reduzir o termo “psicose” para o adjectivo “psicótico”, contudo, a maioria dos psicopatologistas continua a utilizar o vocábulo “psicose” para designar um conjunto de perturbações caracterizadas por alguns elementos, como a gravidade, delírio, a perda da relação com a realidade e outras, que em senso comum se designavam por “loucura”.

Se quisermos falar de “psicopatologia das psicoses”, estamos a tomar uma posição em simultâneo do que é a psicopatologia e sobre a existência de uma forma de sofrimento específica e considerada, particularmente, grave. Os psicólogos consideram a psicopatologia a psicologia do patológico, segundo Pedinielli, 1994, isto é, o estudo e a teoria psicológicos das formas de sofrimento, sejam elas quais forem, as causas das mesmas.

A psicopatologia baseia-se em situações concretas de interacção com os doentes que estejam a apresentar uma psicose e produz uma interpretação psicológica dos fenómenos.

Dois níveis complementares são abrangidos pela psicopatologia:
. O primeiro tem a ver com a descrição dos aspectos psicológicos dos factos patológicos como as perturbações da percepção, do raciocínio, delírio, e outros; os trabalhos psicológicos sobre “o que se viveu”, “o imaginário”, e sobre a linguagem e o pensamento que ainda correspondem a este nível.
. O segundo nível diz respeito às teorias explicativas psicológicas das perturbações, o que não implica que elas sejam automaticamente teorias da causa das doenças.

A psicologia clínica é o instrumento que permite aos psicólogos identificar, analisar e interpretar os elementos que se trocam na relação com o doente. Saliente-se que o saber psicopatológico não é um sistema dogmático de interpretação que se aplicaria aos discursos dos doentes.
Fazer psicopatologia clínica é conseguir maneira de suscitar o discurso, de se interrogar sobre a sua lógica e de a interpretar.

Há opiniões diferentes. Iremos tentar mostrar alguns pontos que poderão ajudar a entender melhor. Os esclarecimentos sobre o ponto de vista de autores diferentes seguirão em breve.

Consulta a:

- Jean-Louis Pedinielli
- Guy Gimenez

isabel carmo

09.08.08

sexta-feira, agosto 08, 2008

JOGOS OLÍMPICOS

Zanguei-me com o tempo. Passou vertiginosamente esta tarde. Bem sei que desde a uma da tarde que não saí de frente do ecrã da televisão, para assistir à abertura dos Jogos Olímpicos. Por isso, o tempo em chamadas telefónicas, nem deu para absorver a delícia que é ouvir a tua voz. Paciência. Possivelmente, à hora que os mochos dão as suas consultas aos outros pássaros nocturnos, vou ouvir o meu Cuco cantar e lá estarás para dar as boas noites da praxe.

Mas zanguei-me com o tempo porque entre as treze horas e dez minutos e as dezassete e trinta, nada mais fiz que ver o maravilhoso espectáculo que foi a abertura dos Jogos Olímpicos na China. Mereceu a pena, muito embora esteja sempre habituada a fazer algo a seguir ao almoço, para não me deixar amolecer no cadeirão em frente do aparelho de televisão…

Magnifico espectáculo de cor, coreografias e de fogo de artifício. Creio que jamais vi espectáculo tão sumptuoso.

Milhares (dois mil e oito) de figurantes deixaram-me deliciada nas suas vestes magníficas. A maior parte das delegações de atletas de cada país, também trajando com cores vivas, desfilaram durante muito tempo. A delegação portuguesa, que passou na 178ª posição, também me agradou. Os nossos atletas caminhavam com ar convicto de que irão ser merecedores de um medalha.

Gostei de ver o Presidente do Brasil, Lula da Silva, o Presidente de Timor Leste Ramos-Horta, O Príncipe Alberto de Mónaco, os Príncipes das Astúrias Litizia e Felipe de Espanha, o Presidente de França Nicolas Sarkozy, e muitos outros presidentes e primeiros ministros de muitos outros países. Comovente o acenar das delegações para os seus dirigentes.

Não referi Portugal, porque nem Presidente nem Primeiro-ministro estiveram a assistir a esta cerimónia ímpar. Estranho, não é? Pois não é estranho não senhor. Em Agosto, pleno mês de verão, há férias e nem o Senhor Presidente nem o Senhor Primeiro ministro poderiam abdicar de uns dias, sacrificando as suas férias, para serem a força máxima a representar o nosso país… a não ser que tenham consultado o oráculo e tenham receado que algo de estranho os poderia “danificar”…

Achei interessante saber que os números são muito importantes para os chineses, daí o número de figurantes ser dois mil e oito, tal como o ano em que estamos… e logo hoje é dia oito!...

“Estou sim, docinho?” “Que bom ouvir-te de novo.” “Bla…Bla… Bla…”
A conversa durou pouco por causa da falta de carga. Amanhã haverá mais… e entretanto continuo a remoer por ter visto tantos representantes máximos de tantos países e do meu, apenas foi uma figura de representação…


08.08.08

segunda-feira, agosto 04, 2008

A MINHA VARANDA

Passei anos a abrir a janela da varanda para admirar o Monte Gordo, logo pela manhã cedinho, sentindo ora a brisa suave da Primavera, ora o agreste vento do Inverno ou o atrevido e insinuante vento do Outono, cheio de nevoeiros, deixando mistérios para além da cortina meio opaca, a esconder o Tejo…
Passei anos a olhar a metamorfose dos verdes, entre os verões quentes e os Invernos frios e húmidos. Observei as aves, umas canoras, outras de grunhido agudo, ao anoitecer… e desde a minha janela da varanda fui sempre esperando, para além do mais, o ver-te…
Via os carros da primeira curva, os que desciam mais afoitos, os destravados e em perícia guinchando na ultima curva da estrada… quando se aproximava o teu, ficava esperando do outro lado, até ouvir o puxar do travão de mão… passei anos a acompanhar todos estes pequenos sentires. Agora! Para agora, ficar perdida, por trás dos vidros, sem abrir a minha janela da varanda, para não me constipar e poder agravar o estado daquela saúde que julgava ter, mas que não terei mais…
Passei anos a respirar o ar que entrava sem pedir licença e muito informal, me lambia o corpo, me enchia a cara de um torpor, como quando se ouve uma bela melodia ou se imagina a língua a roçar a pele das costas… passei anos a esperar…
Durante estes anos em que num ritual quase que sagrado abria a janela da minha varanda e esperava que seguisses estrada acima e que pelo fim do dia esperava que regressasses… esqueci que os anos passaram… passaram mesmo!
Hoje a janela não se abriu uma vez mais. Esteve de chuva e um tempo carrancudo deixou-me mais amedrontada… apenas falámos.
A noite desce e os silêncios intercalados com os barulhos característicos vão embalar mais um dos meus pensamentos, carregados de revoltar e fúrias, por guardar para cá da janela, que mantenho fechada, os desagrados em que vamos vivendo, com contrariedade.
E não respeitando absolutamente nada nem ninguém, o tempo entreolha o tempo e deixa-me aqui, um ror de meses passados, continuando à espera, agora não de vida, mas de uma morte assegurada que um dia destes virá, como visita de cerimónia, mas que ao sair me levará, com todas as promessas que nunca soubeste fazer-me… e eu carente de todas as belezas que deixei de ver pela minha varanda, vou acreditar e deixar-me levar, como que me certificando que finalmente estou certa…
Nem olharei para trás para me despedir. Não terei tempo ou talvez, se o tiver não o farei… poderei estar a recordar as vezes que saíste e nem te lembraste que poderia estar na varanda para te dizer adeus…
E agora tudo está diferente. O Monte Gordo ficou com muitas construções, novos bairros, onde irão viver outras gentes, onde outros costumes se instalarão e se ainda por cá estiver, apreciarei todas essas mutações…

04.08.08