sexta-feira, fevereiro 29, 2008

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....................... pirosa!

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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

QUANDO O QUANDO COMANDA…


Quando a Natureza deixa de contemplar-nos com a sorte de usufruir de todos os seus benefícios, algo está errado e possivelmente está na altura de fazer como os grandes paquidermes que dão pelo nome de elefante, que ao sentir que o seu período de existência se aproxima do fim, afastam-se e, como diria a garotada quando eu ainda era das mais exigentes a pedir os célebres TPCs, “vai morrer longe!”
Sem ter nada a ver, tem mesmo tudo a ver o que vou contar, porque é mais uma verdade, mas que até parece mentira…
Depois de me ter sido diagnosticado um carcinoma das células pequenas, não operável dado o seu poder de dispersão e caracterizado ainda por ser de células “manhosas” como lhe chama um dos médicos que me acompanha… foi estabelecido um programa de acção/combate numa tentativa de eliminar o indesejável…
Até aqui tudo bem!
Foi iniciado o programa de quimioterapia em (dose para cavalo) e em simultâneo um programa diário de radioterapia (excluindo sábados e domingos).
Tem um considerado número de utentes o programa de Radioterapia do HSTM, e dito por um dos médicos que me assiste em outras áreas, do melhor que há!
Meus caros não há bonito sem senão!!!
Foi quase perfeito nos primeiros dias. Depois a chuva, desrespeitando todas as normas, invadiu o espaço e máquinas e deixando tudo à mercê da humidade… houve necessidade de secar o material.
A aplicação de radioterapia é algo muito delicado e de uma perfeita precisão; computadores com todos os programas numa afinação impecável… marquesas, placas e outros materiais afins, tudo numa perfeita ordem para as sucessivas aplicações, que como devem calcular, não são em todos os pacientes em idêntico local… começando por cada paciente ter o seu próprio tamanho, massa corporal, etc.,etc. ….
Ontem foram iniciados mais novos casos. Houve por esse motivo um reajustamento, que por acaso destabilizou todo o movimento quase sincronizado do gabinete onde sou assistida. Resultando num atraso de um tempo para a aplicação (e aqui em segredo), também encurtou o tempo da aplicação, que invariavelmente dura entre vinte e vinte e dois minutos.
Foi marcada a hora para hoje! 13H30!
Pelas dez e pouco e pelo telefone fui informada que os aparelhos tinha “dado o berro” não havia máquinas a funcionar por isso teria de ser considerado um novo turno e por tal eu estaria marcada para a meia-noite e vinte!
Protestei docemente, pois não teria nem transporte nem companhia a uma hora tão tardia… Meus amigos, não pensem que é “pêra doce” os minutinhos da aplicação de radioterapia…
Muito compreensivos marcaram então para as 20H20…!!!
Aí tive de fazer umas chamadas telefónicas, alterar a vida a uns, disponibilizar outros… porque marcada a hora de começo, estava…. E tudo bem a ser bem cumprida…
Mas lá está! Às vezes a roda anda ao contrário… e quando já estava por perto, pelas dezassete horas… chega mais um telefonema a desmarcar totalmente o tratamento… e não só o de hoje, como o de amanhã. “Regresse na quinta-feira à hora habitual!”
A primeira reacção, como seria o lógico, foi perguntar se não haveria repercussões negativas para esta interrupção, até que depois de sábado e domingo, apenas me fora aplicado o programa de segunda-feira…
Breve e fria, impessoal e com um cheiro bafiento de economia… a resposta foi curta – “Os médicos estão a acompanhar a situação!!!”
Muito bem! Tudo muito bem, mas quem me garante que esta falha de dois dias de tratamento não encurta o meu período de vida em x tempo?
Como vou ser ressarcida pelos danos psicológicos?
Há sempre perguntas sem resposta! … e sempre umas mãos a bater palmas, porque assim, sempre se vêm livres de mim… sem me mandar outra vez para o sargaço…

26.02.08

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

QUE SITUAÇÕES!

Entre o Sol que nasce e o Sol que se põe, mil histórias escoam da boca de uns para o ouvido de outros… Umas vezes a transmissão é directa… outras usa-se o aparelho auxiliar chamado telemóvel…
Quando a cusquice é directa e vai da boca ao ouvido do interlocutor, pode sempre dar-se o benefício de duvida e ou dar um desconto a quem conta… já que quem ouve, só ouve se quiser mesmo ouvir…
Sábado!
Um dia quase normal, se há realmente algo a que se possa chamar normal…
Mas foi sábado e o facto de ser sábado já deixava muito boa gente a gozar o ócio do fim-de-semana… é que nem todos são “professores” com tarefas para fim-de-semana e ou melhoria de conhecimentos…. Há sempre os que têm tempo para melhorar um pouco do apimentado “surucucu” do cantinho da sala de professores…. Porque essa de “cuscar” as mensagens de amigos, de outros amigos, para outros amigos e fazer juízos de valores… muito típico! Deveria ficar por aí!!! O pior é que há espíritos rebeldes e “se der um pontapé no cu” daquela gaja? Assim não chateia tão cedo esta miga… e fica só pra mim…
Pois só que o bombo da festa fui eu!
Sabem o que é que a rameira me chamou? JURO! Não conheço! Nem o palavrão nem a pessoa (se é digna de ser chamada pessoa) “frissureira” nem sei se é isto que se escreve e muito menos o que quer dizer… Pois! E para isto se anda cá sobre estes montes de esterco!!!
Se quem conhece a “dama” e tiver coragem suficiente para a denunciar, será mesmo pessoa digna. SÓ QUERO QUE PEÇA DESCULPA! Depois de explicar o que todos aqueles desaforos quiseram significar… que se enforque e me deixe em paz…
E porque foi sábado, cheia de dores físicas, com um mau estar de quase moribunda, chorando diluvianamente, ainda ouvir isto tudo… só ficará, por ser mais uma folha do meu diário…

24.02.08

domingo, fevereiro 17, 2008

COMPORTAMENTO…


Tive medo. É verdade. Tive medo. Senti um medo terrível por saber que podia ser dominada pelo carcinoma que me bateu à porta.
Tive medo porque de um momento para o outro, rugiu a fúria do vento devastador, um vento repetitivo, de ecos sucessivos, com as palavras “nojo”, “velha”, “doente”… ponha-se no seu lugar!
Claro que conheço bem esta verborreia agressiva, aplicada sempre que surge uma pétala flutuante no seio do jardim das perdas…
Tive medo sim, porque as palavras que verbalizaste foram mais dolorosas do que os traumatizantes tratamentos a que me sujeito…
Tive medo porque de repente senti que deveria odiar-te, que serias tu a meter-me repulsa… que deveria interiorizar como verdades, todas as palavras que me dirigiram, todas as mensagens que me enviaram, para denegrir a tua pessoa… e que jamais quis acreditá-las… possivelmente sempre não passei de objecto de animação e de “cavalo de cortesia”, para passares pelo que não eras… Mas sempre encontrei uma justificação para todas as etapas e sempre me preocupei em respeitar e aceitar como cada um é.
Tive medo e de novo o medo dos medos sobreveio a todas as realidades, porque a realidade de todas as realidades é a morte, e essa, acompanha-me como a sombra longa, ao pôr-do-sol…
Tive medo e passei a silenciar mais o que pensava e o que sinto. Não é justo se ser injustiçado por julgamentos obtusos, próprios de quem pretende dominar, porque tem medo de ser dominado… e sobretudo por quem opina, para daí obter vantagens… que irão por terra um dia… as pessoas são falsas para angariar posições que por vezes nem sabem se as merecem… ouvem, opinam, “compreendem” para tirar partido… e denegrecer os que de alma pura tentaram ser bons… Entendam como quiserem, mas estou saturada de toda esta teatral vivência com que se mascara o dia a dia… avaliar não é fácil, mas avaliar desonestamente, é facílimo…


15.02.08

sábado, fevereiro 16, 2008

O QUE PASSOU A SER ROTINA…

Dispa-se da cintura para cima e vista a batinha azul com a abertura para trás. Deite-se como de costume; mais um pouco para baixo… respire lentamente… está iniciada mais uma sessão de radioterapia…
A marquesa é de metal; os acessórios em plástico e paira um frio que gela a alma…
As técnicas são simpáticas e até brincamos por terem as mãos tão frias e pareça que estamos numa câmara ardente. Elas são o elo de ligação entre as máquinas, eu e os feixes de luz vermelha que furam a pele com o intuito de liquidar definitivamente as células, que jamais deveriam ter vindo importunar-me.
Quando o amigo X me disse que eu tinha a mais bela cabeleira grisalha, quase tive vontade de chorar. Deixei de usar a espuma branca e agora tenho um corte de cabelo à escova… espetado e amarelo, mais espesso e até pareço um garoto de bairro de periferia…. Só falta o ranho a escorregar do nariz para o lábio superior… condiz com a minha índole rebelde!
Ontem foi um dia deprimente. Foi um dia para recordar emoções de adolescente, em que nada havia sobre o tal “São Valentim”, mas que a minha avó me enviava montes de postais e outras cenas, para que o meu “querido” da época fosse presenteado como devia… mas como já está no além, já não podemos recordar… e os do actualmente, não prestam, nem merecem que perca tempo com esses devaneios…
Foi um dia 14 de Fevereiro muito insípido e vestida de batinha azul escura, lá cumpri a minha sessão de radioterapia…

15.02.08

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Hoje é o dia D

Poderá ser mesmo o primeiro dia do fim... nem sempre somos suficientemente fortes para aceitar a nossa própria degradação...
Se existir o tal se que anseio, poderei repetir por muito tempo ... sabes o quê

12.02.08

domingo, fevereiro 10, 2008

TALIS VITA, FINIS ITA


Há frases que nos fazem pensar e esta é uma delas… e faz-me pensar em ti.
Tal a vida… tal a morte… só que fazes da tua vida a morte dos que pretendes eliminar… sem apelo nem agravo vais abatendo, tordo a tordo, se não cantam à tua maneira.
Deleitei os ouvidos a escutar o trompete daquela alma eloquente… superei, temporariamente, as desditas da minha alma em despedida… recordas-te? Pois! Está mesmo decidido. Não deixo data porque a surpresa é a melhor prenda que se pode deixar aos “amigos”…
E os prazos de avaliação aos professores foram ao “ar”… temporariamente? Vão as escolas estabelecer os seus prazos… e sem que se entenda, para os contratados o prazo vai até ao fim do ano lectivo… mesmo que estivesse no activo, “bem feito!”, já não me avaliariam… fico pesarosa por não poder avaliar alguns pretensos professores…
E agora que cortei o cabelo com dois dedos de altura, estou apta para encarar a realidade que se avizinha. Feliz? Obrigada pela bela colaboração que me tens dado, desprezando os meus apelos para que o tempo que é pouco, seja menos difícil de ir passando…
Ainda não é a despedida… apenas um até daqui a um tempo sem hora marcada… a interiorização de qualquer pensamento carece da devida calma e ponderação…

10.02.08

domingo, fevereiro 03, 2008

DUALIDADES: – VIDA E MORTE


Invade-me uma letargia letal. A sequência de todos os últimos acontecimentos é similar a uma queda de água, de uma montanha assaz alcantilada…
Não te escondi nem uma vírgula. Pensei que deveria ser clara, para que te preparasses… mesmo sendo como és: frio, indiferente, calculista e sempre pronto a tirar partido das minhas fraquezas… mas desta vez não vais ter mais, desculpa. É o fim!
Tudo não passou de malabarismos, de palavreado manuseado, de um ror de jogos e em que neste não ganhaste. Mais uma vez ganha a alma a quem deste o corpo…
Valeu de muito? Nada!!!
Ficas feliz? Duvido! Tudo será mais uma recordação entre as muitas que tens para contar… os mortos são como velhos livros que, depois de lidos, ficam a acumular poeira numa estante… e tens uma estante com muitos livros.
Não entendo que tipo de perturbação é essa que te leva a homenagear os que já não têm hipótese de te agradecer… até que em vida, sempre houve o espectro de quem não pretende que te amem…
O tempo deixou de ser importante. O neste momento não mais se repetirá e muito certamente não mesmo, nunca!
Infinitamente, indefinidamente vão surgindo palavras e mais palavras, com as quais vais exaltar os estádios de alma que vais criando, numa constante tentativa de colmatar o que nunca vais deixar de querer que sintam por ti… e uma vez mais ganhou a carne à alma desprevenida…
Para muitos, toda a escrita é a labiríntica estrada pela qual foges, numa busca inconsequente… porque não há nada ao fundo dessa estrada… morte, é o fim do destino. Já não me apanhas! Corri com mais velocidade e nem me cansei… apenas fiquei muito triste porque perdeste o fôlego e desististe… a favor daquele nada… o nada que te irá fazer dar voltas e voltas como um carrocel descomandado… só pelo prazer do fervilhar, sem mais nada depois… mas tens o meu aplauso! O prazer da carne é o que promove a elevação da alma… e a tua tem de estar sempre elevada… porque esse corpo não existe mais…
Chove! As nuvens choram pelo triste abandono que lhe proporcionaste… nem elas aceitam que as esqueças…

03.02.08