sábado, fevereiro 16, 2008

O QUE PASSOU A SER ROTINA…

Dispa-se da cintura para cima e vista a batinha azul com a abertura para trás. Deite-se como de costume; mais um pouco para baixo… respire lentamente… está iniciada mais uma sessão de radioterapia…
A marquesa é de metal; os acessórios em plástico e paira um frio que gela a alma…
As técnicas são simpáticas e até brincamos por terem as mãos tão frias e pareça que estamos numa câmara ardente. Elas são o elo de ligação entre as máquinas, eu e os feixes de luz vermelha que furam a pele com o intuito de liquidar definitivamente as células, que jamais deveriam ter vindo importunar-me.
Quando o amigo X me disse que eu tinha a mais bela cabeleira grisalha, quase tive vontade de chorar. Deixei de usar a espuma branca e agora tenho um corte de cabelo à escova… espetado e amarelo, mais espesso e até pareço um garoto de bairro de periferia…. Só falta o ranho a escorregar do nariz para o lábio superior… condiz com a minha índole rebelde!
Ontem foi um dia deprimente. Foi um dia para recordar emoções de adolescente, em que nada havia sobre o tal “São Valentim”, mas que a minha avó me enviava montes de postais e outras cenas, para que o meu “querido” da época fosse presenteado como devia… mas como já está no além, já não podemos recordar… e os do actualmente, não prestam, nem merecem que perca tempo com esses devaneios…
Foi um dia 14 de Fevereiro muito insípido e vestida de batinha azul escura, lá cumpri a minha sessão de radioterapia…

15.02.08

1 comentário:

Leonor C.. disse...

Querida amiga, gostaria que tivesse passado o dia de S.Valentim de outra forma mas a vida não faz cerimónia em nos oferecer prendas idesejáveis. Para o ano será melhor! Pensamento positivo! Neste dia de inverno, tão ventoso (aqui vai tudo pelos ares!) deixo-lhe um grande beijo cheio de ternura!