quarta-feira, fevereiro 27, 2008

QUANDO O QUANDO COMANDA…


Quando a Natureza deixa de contemplar-nos com a sorte de usufruir de todos os seus benefícios, algo está errado e possivelmente está na altura de fazer como os grandes paquidermes que dão pelo nome de elefante, que ao sentir que o seu período de existência se aproxima do fim, afastam-se e, como diria a garotada quando eu ainda era das mais exigentes a pedir os célebres TPCs, “vai morrer longe!”
Sem ter nada a ver, tem mesmo tudo a ver o que vou contar, porque é mais uma verdade, mas que até parece mentira…
Depois de me ter sido diagnosticado um carcinoma das células pequenas, não operável dado o seu poder de dispersão e caracterizado ainda por ser de células “manhosas” como lhe chama um dos médicos que me acompanha… foi estabelecido um programa de acção/combate numa tentativa de eliminar o indesejável…
Até aqui tudo bem!
Foi iniciado o programa de quimioterapia em (dose para cavalo) e em simultâneo um programa diário de radioterapia (excluindo sábados e domingos).
Tem um considerado número de utentes o programa de Radioterapia do HSTM, e dito por um dos médicos que me assiste em outras áreas, do melhor que há!
Meus caros não há bonito sem senão!!!
Foi quase perfeito nos primeiros dias. Depois a chuva, desrespeitando todas as normas, invadiu o espaço e máquinas e deixando tudo à mercê da humidade… houve necessidade de secar o material.
A aplicação de radioterapia é algo muito delicado e de uma perfeita precisão; computadores com todos os programas numa afinação impecável… marquesas, placas e outros materiais afins, tudo numa perfeita ordem para as sucessivas aplicações, que como devem calcular, não são em todos os pacientes em idêntico local… começando por cada paciente ter o seu próprio tamanho, massa corporal, etc.,etc. ….
Ontem foram iniciados mais novos casos. Houve por esse motivo um reajustamento, que por acaso destabilizou todo o movimento quase sincronizado do gabinete onde sou assistida. Resultando num atraso de um tempo para a aplicação (e aqui em segredo), também encurtou o tempo da aplicação, que invariavelmente dura entre vinte e vinte e dois minutos.
Foi marcada a hora para hoje! 13H30!
Pelas dez e pouco e pelo telefone fui informada que os aparelhos tinha “dado o berro” não havia máquinas a funcionar por isso teria de ser considerado um novo turno e por tal eu estaria marcada para a meia-noite e vinte!
Protestei docemente, pois não teria nem transporte nem companhia a uma hora tão tardia… Meus amigos, não pensem que é “pêra doce” os minutinhos da aplicação de radioterapia…
Muito compreensivos marcaram então para as 20H20…!!!
Aí tive de fazer umas chamadas telefónicas, alterar a vida a uns, disponibilizar outros… porque marcada a hora de começo, estava…. E tudo bem a ser bem cumprida…
Mas lá está! Às vezes a roda anda ao contrário… e quando já estava por perto, pelas dezassete horas… chega mais um telefonema a desmarcar totalmente o tratamento… e não só o de hoje, como o de amanhã. “Regresse na quinta-feira à hora habitual!”
A primeira reacção, como seria o lógico, foi perguntar se não haveria repercussões negativas para esta interrupção, até que depois de sábado e domingo, apenas me fora aplicado o programa de segunda-feira…
Breve e fria, impessoal e com um cheiro bafiento de economia… a resposta foi curta – “Os médicos estão a acompanhar a situação!!!”
Muito bem! Tudo muito bem, mas quem me garante que esta falha de dois dias de tratamento não encurta o meu período de vida em x tempo?
Como vou ser ressarcida pelos danos psicológicos?
Há sempre perguntas sem resposta! … e sempre umas mãos a bater palmas, porque assim, sempre se vêm livres de mim… sem me mandar outra vez para o sargaço…

26.02.08

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