segunda-feira, dezembro 29, 2008

BALANÇO

Antepenúltimo dia do último mês deste ano de (dês)graça de 2008.
Altura ideal para fazer um balanço dos trezentos e sessenta e dois dias já passados… os restantes, para os trezentos e sessenta e cinco, não serão certamente relevantes a ponto de me fazer adiar este balanço.
Para já, porque lhe chamo um ano de (des)graça? Pois bem! Há um ano que foi diagnosticado um carcinoma das células pequenas no meu pulmão direito. Cigarros! Infelizmente não. Contribuíram, mas não foram “os causa” próxima… Acontece, como muitas das outras coisas que foram acontecendo no decorrer do ano… e que me entristeceram…
A nível mundial o que nunca seria de pensar, aconteceu: Crise!!! Quem diria que nos EUA havia uma “Dona Branca” no masculino, como uma tal portuguesa, mas muito mais sofisticada… e que levou bancos e banqueiros a ficarem “mancos”… E cá?!!! Alguém iria desconfiar da falsidade de certas instituições bancárias que se consideravam “seríssimas”…? Não falando em banqueiros corruptos que até estão presos… só com o que não posso concordar é que estejam presos em casa… deviam ser iguaizinhos aos demais desonestos que vão “dentro”, excepto aquele célebre ex-dirigente do Benfica, que vive à lorde, em Londres…
Mas tudo isto é nada perante desgraças que a Natureza assina com a sua rubrica muito característica: as cheias que deixam tanta gente desalojada… os sismos que deixam destruição onde já a pobreza impera… Ditadores que inventam impossibilidades para justificarem a sua indiferença ao avanço da cólera, da SIDA e outros males como o dirigente do Zimbabwe, que vive na opulência e deixa o seu povo na maior das desgraças e sofrimentos…
E no nosso jardim à beira mar plantado? O que por aqui vai, para além da banca… O surto de gripe ainda nem está a ser dos piores malefícios… a falta de cidadania e o que vai pela educação é muito mais problemático… sempre há gente muito teimosa… será que não dá para entender que a teimosia pode ser um disfarce de incompetência? (quando era garota vivi em Sintra, e diziam os vendilhões uns para os outros, perante a teimosia dos seus burricos, albarde-se o burro à vontade do dono)… pois! Dá para entender.
Incrível foi também o que Bento XVI referiu no seu discurso na Cúria e que não resisto em transcrever o excerto da notícia:” O Papa Bento XVI afirmou que «salvar» a humanidade do comportamento homossexual ou transexual é tão importante quanto salvar as florestas tropicais, avança a agência «Reuters».”E em outro parágrafo ainda li: “O Papa afirmou que os comportamentos que vão além das relações heterossexuais são «a destruição do trabalho de Deus». Aos crentes, gostaria de perguntar quem criou a Natureza…
No balanço que tento fazer, muito por alto, deste ano em fase final, ainda não incluí umas linhas extra, mas que apenas são destinadas ao “revisor” ou seja, ao meu Eu mais íntimo… Detesto deslealdades! e muito francamente a omissão como justificação de privacidade, não me convence… Não omito. Não minto nem finjo… sou como sou; sou sobretudo leal e sejam quais forem as consequências, assumi-las-ei.


29.12.08

quinta-feira, dezembro 04, 2008

VISITAS AO PASSADO

Desci a escada. Dei a volta à chave e entrei. Tudo estava desordenado como deixaras a ultima vez que lá estiveras… Não resisti. Sentei-me na berma da cama e chorei amargamente pela triste saudade que partiu e teima em nunca mais voltar…
Passaram minutos ou horas, não sei. Apenas senti ter esvaziado o meu pranto, ter esgotado as forças e pegando no que me levara a ir lá abaixo, voltei. Voltei mais triste, mais só, mais sem os nadas que ainda imaginava ter…
Os lençóis revoltos como as marés vivas de Setembro, fizeram-me reviver tão velhos momentos… subi a escada, bati e entrei. Uma visita! Cinco vinte e um! He! He, he, he… ainda te lembras? Página, linha… pois! Há coisas que nunca conseguimos esquecer…
Respirei fundo e tentei concentrar-me para ouvir aquela música que pensava ainda ter na memória… mas esvaiu-se e apenas consigo recordar um pouco do som do carro quando avariava…
Depois a tua voz suou como se estivesses ali dentro, na outra divisão onde não fui… nada havia a fazer lá.
Pareceu-me sentir ainda o teu calor quando peguei no edredão para o dobrar… foi há tanto tempo e pareceu que apenas uns minutos tinham passado… Tudo parece estranho ao mesmo tempo que tudo é tão natural. Serei eu a imaginar ou ter-se-á passado mesmo assim? Para imaginação esteve perfeita. Para ter sido realidade, pouco faltou para pensar que era mentira… ou não estaria agora aqui, a lamentar estar tão só e sem lágrimas mas com a alma num choro compulsivo…
Entretanto veio a noite. Escureceu o céu, muito encoberto e também chorando uma chuva miudinha, a fazer coro com a minha lamúria …

04.12.08