quinta-feira, setembro 27, 2007

UM FILÓSOFO - André Gorz


A Filosofia empobreceu um pouco no passado dia 24 de Setembro. André Gorz nascido em Fevereiro de 1923 em Viena de Áustria e tendo chegado a Paris em 1949 (foi registado sob o nome de GERARD HORST e era filho de um comerciante judeu e de uma secretária católica, mas cresceu num ambiente anti-semita, que levara seu pai a converter-se ao catolicismo).

Suicidou-se conjuntamente com a mulher, cuja doença degenerativa se vinha a deteriorar nos últimos anos, tendo sido encontrado, deitado junto dela, numa demonstração ímpar de amor pela sua companheira.

Licenciou-se em Engenharia Química em 1945 pela Universidade de Lausanne e desde cedo sentiu maior proximidade com a filosofia, a fenomenologia e o existencialismo de Sartre.

Entrou no mundo do jornalismo na revista "Paris-Press", com o pseudónimo Michel Bosquet e mais tarde relacionou-se com Herbert Marcuse, pensador da Escola de Frankfurt.
André Gorz foi considerado o filósofo anti-capitalista e criticou ferozmente o estruturalismo, a diminuição do sujeito e da sociedade face à razão económica, tentando dar resposta ao problema com a ecologia.

A sua obra foi demarcada com os livros que publicou, como "Misérias do presente, riqueza do possível", "Crítica da divisão do trabalho", "Adeus ao proletariado" e "O imaterial: Conhecimento, Valor e Capital".

Que a sua obra nos seja útil e respeitemos a sua memória e o seu acto.

27.09.07

terça-feira, setembro 25, 2007

“UM FIM DE TARDE”


Quando se está deprimido, parece que as coisas que deprimem mais se aproximam. É bem certo que na realidade, nós é que parecemos imã, a atrair o que ainda mais nos vai deprimir.

Depois de um dia atarefado, com uma mistura de francês e inglês, a tirar dúvidas à R., fiquei sem tinta na impressora e por isso o trabalho de pesquisa que a garota queria, ficou em lista de espera… eu também promovo listas de espera…

Depois, e, com umas sobras de tempo, decidi distrair-me e dar uma volta pelos Bolgues, conhecidos e outros não. Mas mais valia ter ficado quieta, porque escusava ter lido o que li e ter observado que essa paixoneta é mesmo forte… e agora é de ambas as partes…. E vai daí, já não contam os compromissos assumidos nem a racionalidade, porque correm na mesma vertente e são da mesma faixa etária. Pois bem! Resta-me a consolação que já ouvi o mesmo e se o trouxa não acordar a tempo, vai cair na esparrela que eu caí… “com papas e bolos se enganam os tolos…”. A conversa é sempre a mesma.

Mas tem mais. Lendo com atenção um Blog de alguém que se diz muito letrado, deitei as mãos à cabeça, porque afinal, aqueles que zurram são mais humanos e mais inteligentes… então não querem lá ver que as pessoas, agora nem sabem interpretar o que lêem? Isto é demais… e querem que se evolua, quando cada vez se diz “mais” mal, se critica mais e não se ajuda em nada a melhorar o que se reprova…

Conheço alguém que volta não volta me diz –“sou um camelo” – e conheci em tempos alguém, que costumava dizer-me – “Sou um “camurso” isto é, camelo e urso ao mesmo tempo… Bem! Que duas pessoas tão diferentes e na realidade tão “parecidas” na selva… só espero que a razão que as leva a dizerem-se isso, não seja a mesma… embora pense que, se uma acordou tarde, a outra ainda nem acordou…

O estado depressivo cresceu e eu fui comprar cigarros. A lua elevou-se no horizonte e eu pensei: “ não é tarde nem é cedo, estes são os meus “doces” amigos, que aperto entre os lábios e me entendem, me escutam e me aparam as lágrimas…” afinal sempre vou tendo razão, fico sempre para o fim da fila… muitos anos, tristeza quanto baste, má experiência de cama, inconformada e com filosofias de “cordel” como a de entender sempre os que estão na pior… uns porque têm sempre compromissos inadiáveis, outros porque estão em fase de encantamento e outros porque têm sempre alguém como mais importante… e assim vai um ser vivendo, a aparar os jogos que todos pretendem jogar… isto sem perceber “népia” de futebol…

Escureceu. A lua elevou-se mais no horizonte e eu vim escrever, ou melhor, vim desentupir as ideias, despejando toda a revolta que sinto, porque devia odiar, detestar, banir do pensamento todos os que me provocam tristeza e mau estar… e nem sabem ao menos disfarçar, embora sabendo mentir…

Mas, como já disse em tempos, a mentira pode ser verdade, quer por não ser a minha verdade, quer por quem a diz, se auto convencer que essa é a sua verdade e como tal tem de ser a verdade para os demais… é doentio e até há quem já me tenha dito que é preciso mentir para não criar problemas… engraçado… sempre aprendi que a mentira era bem devastadora na relação entre as pessoas… O tal faz de conta, afinal, é mais importante do que eu houVera pensado….

Como amanhã será mais um dia de infortúnio, com o ventinho a soprar e a temperatura a descer, vou tentar criar condições para o aceitar… como tenho aceite todos os outros… como a lava incandescente a inundar e a queimar a flor do monte tão cândida…



25.09.07

domingo, setembro 23, 2007

REFENS DO DESTINO


No mundo pouco conhecido dos ácaros, do pólen, das bactérias, há sempre uma preocupação: manter a espécie!

Que lugar tão apropriado!... uma cama de uma enfermaria de um qualquer hospital…

A conversa, se escutada, seria interessante, na melhor das hipóteses…

Dois ácaros congratulavam-se pelos recentes acontecimentos – não se podia mudar os lençóis e as fronhas… não tinham chegado da lavandaria as mudas, devidamente desinfectadas. Que festa!

Na cama X, da dita enfermaria do tal hospital, o lençol e a fronha também cochichavam e ao escutarem o diálogo dos ácaros… meteram a colherada… Pois! Pois!... se eles soubessem que foi a falta de pagamento que fez tudo isto… não há roupa para mudas!

- “O lençol azul é que ficou feliz…” dizia a fronha rosa ao seu parceiro… ficaram reféns do destino. Assim ficam juntos!...”

- “ Mas… não entendo… a fronha azul estava velha e já um pouco esfarrapada…. E o lençol azul veio na última remessa de novos…”

-“ Pois é!” – “Mas a fronha envelhecida, não será cobiçada facilmente, por isso não seguirá por engano na sacola de alguém com alta…”

Há coisas que os humanos nunca entenderiam… (ainda murmurou o lençol rosa) Os ácaros espantados, juntaram-se à festa e deram uns “hip-hip-hurra” àqueles reféns do destino…


15.09.07

quinta-feira, setembro 20, 2007

“ESMOLAS!”


Esmolas tanto podem ser donativos como auxílios, como favores. De uma ou de outra maneira, todos pedimos isto ou aquilo. Todos somos pedintes. Pedimos atenção, pedimos emprego, pedimos votos, pedimos favores, aumento, licença, esmolas… enfim, pedimos tudo, mesmo não sendo indigentes. Somos pedintes!

Orgulhosamente pedintes!... Ridiculamente pedintes! Pedir o que temos direito! Que estranho! Muitas vezes pedimos o que não merecemos. Outras, pedimos sem plena consciência do que estamos a pedir… outras ainda, pedimos aquilo a que naturalmente temos direito. A maior parte das vezes, ninguém ouve os nossos pedidos ou, simplesmente, finge que não os ouve…

Mas entenda-se que há mais de uma forma de pedir, mas a forma de dar é que poderá não ser…

Vamos olhar para cada um de nós como pedintes e desde que nascemos, não tendo contudo, pedido para nascer…

Eu, pedinte, reconheço-me insignificante, face a não ser ouvido o meu pedido… Nem santos, nem deuses do Olimpo, nem tão-pouco as ninfas que inspiraram Camões… Mas se tenho de continuar a pedir… Não! Não serei mais uma subserviente rastejante, para ser ouvida… Amor não é transacção, como se fosse acções… Se te habituaste a apostar no melhor cavalo… eu não passo de zebra… e mesmo pedinte, isso não peço!!!

19.09.07

terça-feira, setembro 18, 2007

“ANALOGIAS OU TALVEZ NÃO”


Um elefante incomoda muita gente. Dois elefantes incomodam muito mais… três… começava assim uma história que a minha avó contava, passada nos interiores de Africa, em que os autóctones viviam amedrontados, mas em simultâneo deixavam os enormes paquidermes a destruir as suas culturas, sem que nada lhes fizessem, por se considerarem castigados pelas forças divinas.

Recordei a história, porque afinal, em sentido figurado, também temos manadas de elefantes: cinzentos, cor-de-rosa e brancos… que incomodam muita gente… mas os pigmentados à camaleão, são os que mais nos assustam…

Há uns tempos para cá, vou admirando mais as histórias que a minha avó contava. Tinham sempre uma profundidade que só ao cabo de tantas décadas consigo interpretar com mais clareza. E que actualidade têm!

Mas não era de nada disto que queria falar. Que analogias vamos buscar… O assunto é bem diverso e se alguma réstia de equiparação se encontrar, é pura imaginação.

O meu tema de hoje reporta-se a colocação de professores. Refere o que de incoerente há na colocação dos ditos, mesmo sendo um largo número de cidadãos imprescindível a todos, indistintamente. Os professores já foram alunos de professores, que por sua vez já haviam sido de outros e assim sucessivamente…

Pessoalmente, nada tenho a ver com o assunto. Já não conto para estatística e até bem cedo fui banida. Mas vivo em cada veia o ensino, porque acho que nasci para ser professora… gosto de ensinar, com conhecimento e amor, porque só se é bom no que se faz, quando se ama o que se faz.

Mas ser professor é quase uma maldição. A maioria é mal remunerada. Não pode ter vida própria e muito menos estabilidade emocional. São uma espécie de caracóis peregrinos, os professores contratados… que grande incentivo para transmitir conhecimentos!!!

Depois, vêm ainda outras condicionantes: a impossibilidade de evoluir, sobretudo nas áreas específicas do conhecimento que transmitem, pois que, com o baixo rendimento remuneratório, não se pode investir em livros, formações, enfim, acompanhar as mutações e evoluções que quaisquer ramos vão sofrendo. É castrador para quem ama o que faz.

Não entendo porquê há sempre no fundo da última prateleira do cofre de uma qualquer escola, aquele horário completo, que logo por azar vai para um alguém “desconhecido” ou, se o tal azar se mentem, acaba por desaguar na escola X o professor Y, que por azar nasceu na Raia, fez a sua vida na costa e é colocado na montanha… Tudo tem a ver com a sua personalidade, com a vivência e prioridades preestabelecidas para a sua vida.

Isto é consequência de um perfeito planeamento e uma planificação aplicada ao desenvolvimento…


14.09.07

segunda-feira, setembro 17, 2007

1º DEBATE DO 4º CLICLO


Uma vez mais, o Clube dos Pensadores põe em evidencia a importância do esclarecimento, através dos debates políticos que leva a efeito ao iniciar este 4º Ciclo.
Tem como tema este primeiro debate “A Verdade e a Política”, tendo como convidada a Euro deputada socialista ANA GOMES, caracterizada, sobretudo, pela sua frontalidade e largo conhecimento do tema em discussão.

JOAQUIM JORGE, fundador do Clube e organizador destes debates, convidou ainda outras entidades: CARLOS PEREIRA (psiquiatra e antigo director do hospital de Valongo) e GUILHERMA ALARCÃO (mestre em história medieval).

O evento tem lugar no Hotel Holiday Inn, esta noite, depois das 21H30, a seguir a um jantar que reunirá os convidados e membros do Clube.

Votos de que seja mais um sucesso.

quarta-feira, setembro 12, 2007

“ALERTA!”


Segundo o jornal “METRO” de 11 de Setembro, três mil pessoas suicidam-se por dia. Numa chamada de alerta, referem que no mundo, em cada trinta segundos, uma pessoa se suicida, o que perfaz o valor supracitado.

O alerta é proveniente da OMS (WHO) – Organização Mundial de Saúde – aquando assinalado o “Dia Mundial de Prevenção do Suicídio”.

Segundo estimativas provenientes desta Organização, por cada suicídio levado a efeito com sucesso, registam-se, pelo menos, vinte tentativas falhadas.

Refere também a notícia em causa que a incidência se verifica entre a faixa etária entre os 15 e os 35 anos e que esta pode ser considerada a terceira causa de morte, sobretudo nos países em desenvolvimento.

Ainda segundo a OMS, das tentativas falhadas, resultam graves lesões e sequelas que, afectam os próprios suicidas, como também familiares e amigos.

Contudo, há que referir que muitos dos factores que levam a este estádio limite, poderiam ser reduzidos, se, houvesse uma melhor convivência entre as pessoas, mais transparência nas relações e mais verdade. Muitos destes suicídios estão ligados a problemas de saúde, a desvios psicológicos, a frustrações e outras causas, mas fundamentalmente, a causa emocional, é muito influente. No campo das emoções, o “Amor”, e se incompreendido e não clarificado, pode promover traumas como o da rejeição, levando a extremos os seres humanos.

11.09.07

domingo, setembro 09, 2007

CONDIÇÕES VERSUS IMPOSTOS



Sem querer abusar do optimismo dos leitores deste Blog, venho abordar uma vez mais o tema que o patrono do nosso Clube dos Pensadores expôs tão bem, num artigo anteriormente apresentado.

Não me vou repetir, mas não deixa de ser relevante abordar os assuntos nas múltiplas vertentes em que podem ser analisados.

Pois bem, a saúde é deveras importante para que nos demos ao luxo de a tratar, conforme a vamos tratando actualmente…

Não sou entendida na matéria, mas recordo que, aquando estive ligada à WHO, soube que se realizara em 1978, uma reunião em Alma-Ata cuja directiva foi “Saúde para todos até ao ano 2000”, referindo sobretudo o quadro de cuidados de saúde primários, pondo em evidencia o papel a desempenhar pelos médicos, junto das populações. A prevenção foi a grande aposta, contudo, estamos no segundo semestre de 2007 e por cá, os tais cuidados ainda são muito escassos e os melhores são só para alguns. Prevenção por onde andas? Não nos esqueçamos que para prevenir, é necessário diagnosticar e para isso, é necessário fazer-se, ciclicamente, exames diversos e análises clínicas. São os meios de diagnóstico, mas estes têm número e os médicos de família serão chamados à atenção se “exagerarem” nos pedidos, pelos senhores administradores, que por sua vez também têm de responder por números… penso que se poderia poupar muitos Euros, se se pensasse um pouco na directiva que referi, se fossem feitos muitos exames preventivos e se fossem eliminados muitos medicamentos que só servem para atravancar o desenvolvimento de maleitas, que diagnosticadas precocemente, poder-se-iam reduzir… Sempre é a saúde dos nossos semelhantes…

E agora esta! Professores no desemprego!!! Então é assim que se promove o desenvolvimento sócio-cultural dos nossos patrícios?

Já que somos números apenas, vamos considerar que os números Euros, pagos em subsídios de desemprego, são uma pouca-vergonha. Paga-se para não fazer nada!!! … ou talvez para convidar à fraude: pois é, se por um lado recebem subsídio, por outro têm de trabalhar (à socapa) para poder fazer face às condições consideradas dignas… ora aqui já vão duas desonestidades… uma o subsídio (imposto) e outra os (não aos impostos)!!! …

Sem querer ver os quadros pintados a negro, gostaria que as almas pensantes se debruçassem sobre estes itens e encontrassem soluções, pois só a eles cabe levá-las a cabo. O nosso (os números), papel é o de alertar, quando as coisas não estão a ir muito bem…

Com tudo isto, pretendi dizer que, se não trabalharmos e não recebermos o justo valor pelo nosso trabalho, também não poderemos contribuir correctamente com os nossos contributos e, se não “berrarmos” que há remunerações que são um insulto, ninguém nos ouve.

08.09.07

terça-feira, setembro 04, 2007

CRISE – MOMENTO DE MOMENTOS


Os amigos de longa data são os nossos melhores amigos. São os amigos que estão sempre disponíveis, que nos dão o ombro para que choremos os nossos pesares, que nos dedicam toda a atenção e não trocam a nossa companhia por nada deste mundo. São os amigos especiais que escutam os nossos pesadelos e abdicam de tudo o que lhes dá prazer para satisfazer a nossa insatisfação…

Os amigos de longa data, os nossos melhores amigos, não têm ciúmes de outros nossos amigos mais recentes ou que estiveram ausentes muito tempo, nem deitam em cara constantemente a outros amigos, que os que são de longa data é que são a maravilha.

Os amigos de longa data jamais metem conversa com conhecimentos ou outros amigos nossos, nem tão-pouco tecem monumentais elogios a terceiros e ou a outros seus amigos, com o intuito de gerar confusão e mostrar rejeição a estes, pois a ultima coisa que os bons amigos fazem, é nunca magoar nem preterir os seus amigos, nem mesmo mostrar quanto são insignificantes e ignorantes…

Os nossos amigos de longa data jamais fazem reparo de estarmos dividindo atenção com outros… não nos fazem sentir infelizes e compreendem as nossas desditas… são mesmo bons amigos!!!

Mas será que estive a delirar? Claro! Só podia… Não existe ninguém nestas condições. Amizade com letras gordas, só na nossa imaginação. Os amigos que me mostraram muita amizade já morreram… os outros têm sempre amigos mais amigos do que eu…


03.09-07