sábado, março 31, 2007

ESTÁTUA DO POETA DA LUA


Minha estátua promoveu encantamento
bela e fria, numa noite de luar
e elevou teu poético pensamento
até à mais bela forma de amar...

Uma poesia de amor é um juramento;
é a mais sentida forma de jurar
que o amor é o mais belo sentimento
acariciado por uma noite de luar…

e ante uma esplendorosa e brilhante lua
tu és o meu admirador e eu a estátua
que te fez passear no jardim da fantasia…

tu és o único motivo vivo nesta paisagem
e eu o enfeite em pedra, uma imagem
sendo o que não sou e tanto queria…


31.03.07

quarta-feira, março 21, 2007

CANTAROLAR A PRIMAVERA




Primavera! Primavera!
Estação de pássaros e flores
Ai sonhar, … quem me dera
Com todos os meus amores…

Ai Primavera tão florida,
Que saudades eu já tinha
De tanta cor tão garrida
E de ver uma andorinha….

Gosto muito de flores
Violetas, jacintos e rosas
Todas com tão lindas cores,
E algumas tão cheirosas…

Vim a Primavera cantar
E também toda a Poesia,
E a ti, em especial, vim dar
Meu beijo de fantasia…

Poesia és tu, afinal,
Primavera da minha vida,
Já com este ar outonal,
És minha flor preferida…


21.03.07

segunda-feira, março 19, 2007

AINDA UMA FOLHA DO DIÁRIO





A noite decorre dentro do que é habitual. Passei os olhos por Blogues de conhecidos e amigos, fiz um breve comentário no Clube de Pensadores e prestei atenção especial ao teu último escrito, enquanto escutava uma música de fundo, muito calma.

Não me surpreende que escrevesses tudo aquilo. Quando queres atingir o âmago de uma questão, escreves o que te vai na alma ou se pretendes atingir quem te lê, e a quem ainda não tiveste coragem de dizer para não te dirigir mais a palavra...

Muito interessante como despiste aquele modelo… mas não me fez sentir qualquer reacção… Talvez não acredites, mas de tanto amar alguém, sem que isso seja ao menos motivo de reconhecimento, tornei-me irónica e por vezes sádica no refere ao amor. Para quê amar se de ninguém vem feedback? Estamos rodeados de egoístas que apenas olham para a sua aureola, considerando-se o que há de melhor? E um dia destes partem sem sequer terem tido tempo de observar que eram humanos…

Mas não passei a noite amargurada pela indiferença e pelo desgaste psicológico de estar frente a frente a um silencioso monitor, que vai aceitando os meus queixumes… exactamente o mesmo procedimento da minha adorada figura, que nunca responde ao terno chamamento… Não, estive a traduzir mais umas linhas de um trabalho muito interessante que investigo, sobre sexualidade sénior.

A propósito de sexualidades e de sexo, comecei a ler um livro interessante, escrito por uma garota de programa brasileira (O Doce Veneno do Escorpião), em que descreve situações e factos com um detalhe extraordinário e muito para além de explorar o que o sexo significa para esta autora, interessa-me analisar as reacções que os clientes têm, para perceber algo que não entendi até hoje.

Não fiquei por aqui. Antes de iniciar mais esta folha solta do diário que vou escrevendo, passei em revista as duas mil e tal fotos que tenho de uma pessoa amiga, que tal como eu, tem a paixão pela fotografia e fiquei a pensar…

E com o pensamento concentrado no meu doce sonho, venho escrever mais estas linhas… É bom amar, mesmo que não tenhamos senão aquele além que nos deixa uma saudade sem limites.


19.03.07

sábado, março 03, 2007

À MINHA ESTÁTUA


É desolador, não ser reconhecido a estima que se tem por estátuas, em quem se investem “fundos” de carinho, amizade e até amor.

A revolta faz com que a alma se desfaça em cascata de dor e se criem ondas incomensuráveis de ódio, que se vão distribuindo por outros seres, que não tendo nada a ver com a situação causada, vão bebendo as palavras agrestes que deixamos vaguear entre os prantos que nos assolam.

Não atendo mais o telefone! Ou o que quer que seja… Disse-o, mas não o fiz, porque sempre senti que faltava coragem suficiente para o fazer.

A estátua de mármore frio, jamais iria ter sensibilidade para perceber o que dizia o meu sentir. Dando encanto e recebendo admiração daqui e dali, apenas fazendo o papel de estátua… uma estátua não tem sentimentos. Uma estátua apenas e vaidosamente recebe, mas não dá nada a não ser a sua imagem: lamentavelmente, personificamos estátuas. Damos-lhes nomes e até nos apaixonamos… e o mármore não ganha cor; não adquire o movimento da mão estendida a acarinhar a solidão…

Sentei-me aqui. Tenho a minha adorada estátua, impávida e fria, na minha frente. Traz um vaso florido, mas não é para mim… será para um novo frequentador deste jardim… a minha estátua vai encantando quem aqui chega de novo, além dos pombos que vão esvoaçando ao seu redor… a minha estátua! A minha estátua nem repara nos velhos admiradores…

Claro que a estátua não é minha. A estátua é deste jardim e de todos os que por aqui passam, deitando-lhe olhadelas de admiração. Admiração passageira. Quem sabe, se depois de virarem o canteiro seguinte, a voltam a recordar?...

Ontem pareceu-me receber o favor de um olhar da minha estátua. Pareceu-me que aquele olhar desdenhoso me era dirigido. Gritou-me como que o eco numa gruta, aquele olhar de soslaio. E ouvi. Ouvi a minha estátua balbuciar uma frase. Uma frase que interiorizei. Até que nem disse mentira (penso eu), ou talvez fosse para me iludir… Por isso hoje voltei a sentar-me no mesmo banco, mesmo à sua frente, para tentar ouvir de novo chamar-me decrépita, dona de uma saudade morta. Mas hoje apenas me votou ao ostracismo… e isso desolou-me. Como pode a minha estátua ignorar que mesmo os velhos têm sentimentos?...


26.02.07