domingo, outubro 14, 2007

DEBATE MATINAL

Às vezes, sem que queiramos, perdemos a oportunidade de cumprir o que havíamos combinado anteriormente. Foi mesmo o que aconteceu desta vez. Contra ventos e marés lutei, escrevi no caderno que sempre me acompanha o texto, mas depois, múltiplas contrariedades levaram-me a não publicar o texto em simultâneo com o teu. Peço desculpa. A ver vamos se hoje, passados uns quantos dias o consigo fazer.

Ora bem, no passado dia 11, escrevi:

Acordei impaciente. Dividida entre a incerteza e a angustia de um dia haver uma certeza. Uma única. Melhor, a única que iria apaziguar esta constante ansiedade, intercalada por uma eufórica alegria e risos dispersos e uma tristeza profunda, impossível de avaliar. E eu sou eu em ambas as situações e eu sou eu rindo e eu sou eu chorando que nem uma “madalena”… salto e solto todo o meu entusiasmo frente à repleta sala de aula – os meus queridos alunos seniores – que me dão força para ser cada vez mais uma real professora (porque poucos podem dizer o mesmo).

Sem dúvida, professor é mártir! Não há direito de se fazer o que se faz a este estrato social. Como vai ficando a vertente mais importante da nossa sociedade… Saiu a 4ª cíclica! Muitos dos meus amigos e muitos que não conheço, mantêm-se no desemprego. Que vergonha!

Mas não ficamos por aqui. Que ignorância é esta de não se entender o que é anti-pedagógico? Turmas tão grandes… e lá vêm dizer posteriormente, que os professores não prestam… será que há a noção da diferença de ensinar dezoito alunos e ter mais de vinte e tantos na sala de aula? Será que há noção de que psicologicamente não há condição de se ser profissional com tantas divergências e tanta arrogância? A arrogância e a prepotência são sinónimos de incompetência, não sabeis disso?

Bem, mas já percebi. O que contam são os números… mas economiza-se por um lado … e esbanja-se por outro… mas os professores são apenas marionetas de pau…

Ainda esta, que quem não sabe, procure saber. Apareceram horários no secundário, por aqui e por acolá, para duas, quatro ou seis horas… no norte… no centro ou no sul… Ora vejamos: um professor no sul, não colocado, deverá aceitar um horário de quatro horas no norte? Que desarrumação! Não vou chamar outra coisa, mas vamos pensar… o professor X, nessa situação de desempregado, mas com casa, família e N responsabilidades pode aceitar esse horário algures, onde terá de ir viver, terá de comer, terá de usar transportes, deverá adquirir material de apoio à sua função… enfim, será que pode viver com uma remuneração correspondente ao horário que lhe vai caber? Estamos a brincar ou quê? É não termos noção das realidades… (dentro de uma situação destas, o professor terá de viver com alguns “expedientes”, de esmolas ou se alugar) ou pretende-se proporcionar um “tacho” a alguém de outras linhas que não o ensino… ou proporcionar que um professor dê aulas em dois ou três estabelecimentos, numa área relativamente perto, para saltitar de escola em escola até perfazer o horário completo? (Isto é negativo em todos os aspectos, o desgaste irá seguramente reflectir-se na qualidade do exercício das suas funções…). Pensemos!


11.10.07

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