sexta-feira, novembro 30, 2007
E OUTRA PÁGINA
Primeiro acreditei. Sempre aceitei o que me dizem como sendo a pura verdade. A palavra dos outros, sempre a respeitei, mas como me enganei!
A farsa, a patranha, a peta, o abuso da credulidade, a agressão psicológica, foram metodologias aplicadas com toda a perícia, com o firme propósito de enganar, iludir, manobrar, magoas, enfim, espoliar o mais que fosse possível… e, eu acreditei…
Talvez não tenha acreditado sempre, até pode ter acontecido só ter acreditado um pouco, mas no que acreditei, provoca-me ainda um mau estar sem limites. Como pode a inteligência humana ser iludida por enganadoras e malévolas mentiras?
Acreditei que tudo ia mudar. Acreditei que a responsabilidade social era muito importante. Acreditei que educar e transmitir conhecimento era como que uma devoção. Acreditei que se tempera com amor tudo, nas nossas vidas. Mas não! Amor, esse sentimento que até tem fama de ser belo, é um engano. Até aí me enganei…
Enganei-me em que a idade seja um estatuto de responsabilidade. Nada disso! Há uma falta de respeito entre os adultos que são o exemplo dos nossos continuadores.
Enganei-me quando idealizei saber mais e mais. Apenas não passei o tempo sem ocupação… mas não serve de nada!
Gritei pelo monte, pelas areias da praia, aos rochedos da beira-mar, para que um eco uníssono repetisse vezes sem fim que amava. Amava, mas não era amante de ninguém no sentido mais lato ou mesmo pejorativo… amante é todo aquele que é amado e amada nunca fui… mas acreditei.
Choveu. Agora faz sol. Nisto posso acreditar.
22.11.07
segunda-feira, novembro 26, 2007
ASSIM SE (DES)APRENDE
Calamidade! Pois é mesmo assim que chamo à falta de planeamento de qualquer tarefa que se tenha de fazer. Planificar, organizar, esquematizar, são formas de se poder vir a garantir vir a ter sucesso em um qualquer empreendimento que tenhamos de abraçar.
Contrariamente, se quisermos enveredar pelo insucesso, pela confusão, em suma, pelo caos, então não planifiquemos, não organizemos nem façamos nada que permita saber onde começar e onde acabar; não nos preocupemos: “seja o que Deus quiser” e “quem quiser que se lixe”.
Introduzida que está a minha opinião, aqui vai a causa para a ter expresso: colocação de professores, muito especificamente, os que ainda andam nas andanças (passo o pleonasmo) de serem contratados.
Chamar injustiça a uma forma de camuflar “padrinhos”, “cunhas” e outros métodos que coroam o caos, será pouco decente. Injustiça é algo que visa algo ou alguém, mas até com uma certa organização. Incompetência, laxismo, indiferença, engano premeditado, não se podem designar como injustiça, embora os que sofrem na pele se sintam injustiçados contudo, reclamar ante quadros deste género, não só é inútil, como até pode parecer anedótico.
Claro que seria excelente escolher o “trigo do joio”, mas, com tanta irregularidade de critérios e tanta falta de profissionalismo, tudo se agrava e em pouco melhorará. Vão continuar a ensinar alguns incompetentes, alguns desactualizados, outros ainda sem inspiração ou vocação para transmitir conhecimentos e ainda aqueles que deveriam ser reformados. Todos os que se esforçam deveriam ser acarinhados e premiados. Aos outros, eu oferecia um par de patins…
2611.07
sábado, novembro 17, 2007
UMA VOLTA COM O PENSAMENTO
No bulício da cidade deixo os meus sentidos a deambular. Chego a olhar sem ver, tão absorta caminho, entre a revolta e a tristeza, pela incapacidade que sinto, em não conseguir que o que está errado, passe a ser certo.
As caras daqueles com quem me cruzo, são a plena demonstração de que algo está mal. Ninguém vê ninguém e tudo me parece inútil. Todos caminham absorvidos pelos seus próprios problemas e esquecem que os seus problemas são os problemas do país inteiro. Talvez do mundo…
Não vejo ninguém com as lágrimas a correr, mas também não vejo sorrisos aflorando pelos lábios descaídos, de mulheres e homens que vão pelo caminho inverso ao meu.
Olho o meu interior e o caos é a miragem que me envolve e que se dispersa pelo que sendo, não é. Há um ruído ensurdecedor amortecido pelo silêncio do descontentamento. Também seria inútil aumentar o som ao ruído…
Há uma nuvem amedrontadora a dominar as vontades do que se deseja… Professores que continuam sem colocação… alunos que crescem (?) em salas de aula… vagas para meia dúzia de horas lá para onde o sol se põe, para candidatos, que por um mês poderão ir viver para “debaixo da ponte”… formas de enganar o absentismo com a promoção do desconhecimento… projectos de ensino que falham… alguém que recebe uma remuneração principesca para lançar a confusão no que se ensina e no que se aprende… e passa a não aprender…
Passes de transportes públicos caros para que uma elite seja conduzida em luxuosos transportes… voluntários trabalhando arduamente, enquanto umas dezenas de figuras limpam o pó do hemiciclo de um lugar que devia ser respeitado e onde respeitar os que representam…
E olho de novo o meu interior e de entre o caos sai o gemido que jamais terá eco… Patético! Apetece-me bater palmas…
Cíclicas! É verdade. Mas já esgotadas certas áreas… e fantasmagoricamente, aparecendo horários, mas dentro de parâmetros completamente incríveis… só falta que apareça um a pedir “alguém com um sinal particular…” Incrível! Mas verdadeiro. E tudo isto para quê? Para aconchegar incompetências? Não! Para nada. Para absolutamente nada!
Toda esta amálgama de situações que me parecem fora de controlo, leva a que se eleve o número de “stressados”, e que o burnout reine como uma das mais perniciosas enfermidades da época no seio escolar…
16.11.07
sexta-feira, novembro 16, 2007
AMOR?!
Apareci. Fruto de um acontecimento que foi o acto sexual entre os meus pais. Fui desejada, disseram-me. Dois anos depois de se casarem apareci.
Ensinaram-me um montão de coisas. Eu aprendi. Falaram-me de amor e que tudo era fruto do amor.
Hoje pergunto-me se teriam razão. Amor!
Pois, o amor é um casaco de Inverno, cheio de peles, para manter quente a quimera da vida.
Hoje pergunto-me o que é realmente o amor e só encontro uma resposta – nada!
Usei o amor para aprender. Hoje que sei eu? Nada!
Usei o amor para com os que me foram rodeando no decorrer dos anos, mas em suma, nunca ninguém o aceitou. Tudo resultou em nada…
Amei. Amei com todo o fulgor da adolescência, mas foi um amor proibido…de sempre para sempre, porque um dia morreu…
Dei amor, para superar a lacuna da adolescência, mas aí, também falhei…
E uma mão cheia de tudo foi nada…
Hoje, julguei ter encontrado, finalmente, onde aplicar o que havia aprendido outrora sobre o amor… mas de novo o nada submergiu em todos os nadas e mostrou-me quanto inútil é amar: - um nada!
E olho em volta e o que vejo? Rua, carros, luzes e gentes que daqui para acolá andam nas suas lides e de novo surge a pergunta – para que serve tudo isto? – Para nada!
Então, o tal amor de que tanto me falaram, de nada tem servido durante todo o percurso da minha existência…
Já não o posso reclamar de meus pais; já não o posso reclamar daqueles que me falaram dele; já não posso provar-lhes quão inútil foi o terem-me ensinado que para haver felicidade, tem de haver amor…
Falámos disso e sobre isso muitas vezes. Decidimos escrever sobre o tema e uma pantomina de inutilidades escorreu das nossas canetas, do nosso teclado, da nossa imaginação… Não queres amar, não ames, mas amas o que não te serve para nada… e eu amo e perco o pensamento em justificações, para encontrar o que nada significa para nos mantermos vivos… Vivos? Não sei!
Não sei mesmo nada!!!...
Ensinaram-me um montão de coisas. Eu aprendi. Falaram-me de amor e que tudo era fruto do amor.
Hoje pergunto-me se teriam razão. Amor!
Pois, o amor é um casaco de Inverno, cheio de peles, para manter quente a quimera da vida.
Hoje pergunto-me o que é realmente o amor e só encontro uma resposta – nada!
Usei o amor para aprender. Hoje que sei eu? Nada!
Usei o amor para com os que me foram rodeando no decorrer dos anos, mas em suma, nunca ninguém o aceitou. Tudo resultou em nada…
Amei. Amei com todo o fulgor da adolescência, mas foi um amor proibido…de sempre para sempre, porque um dia morreu…
Dei amor, para superar a lacuna da adolescência, mas aí, também falhei…
E uma mão cheia de tudo foi nada…
Hoje, julguei ter encontrado, finalmente, onde aplicar o que havia aprendido outrora sobre o amor… mas de novo o nada submergiu em todos os nadas e mostrou-me quanto inútil é amar: - um nada!
E olho em volta e o que vejo? Rua, carros, luzes e gentes que daqui para acolá andam nas suas lides e de novo surge a pergunta – para que serve tudo isto? – Para nada!
Então, o tal amor de que tanto me falaram, de nada tem servido durante todo o percurso da minha existência…
Já não o posso reclamar de meus pais; já não o posso reclamar daqueles que me falaram dele; já não posso provar-lhes quão inútil foi o terem-me ensinado que para haver felicidade, tem de haver amor…
Falámos disso e sobre isso muitas vezes. Decidimos escrever sobre o tema e uma pantomina de inutilidades escorreu das nossas canetas, do nosso teclado, da nossa imaginação… Não queres amar, não ames, mas amas o que não te serve para nada… e eu amo e perco o pensamento em justificações, para encontrar o que nada significa para nos mantermos vivos… Vivos? Não sei!
Não sei mesmo nada!!!...
04.11.07
quinta-feira, novembro 15, 2007
CONVERSA COM A MORTE
Sentei-me na mesa do canto. Pedi um café e encetei o diálogo/monólogo com o amigo do meu avô. Tal como ele havia feito há umas décadas, estava em frente a Fernando Pessoa, no Café Martinho da Arcada, com o caderno de muitas folhas escritas...
O meu avô e Fernando Pessoa, com os seus cafezinhos, com os seus blocos e os seus instrumentos de escrita, iam dedicando às suas amadas, os poemas que fluíam como águas límpidas, em fontes naturais.
Com curiosidade quis saber porquê ambos escreviam, isto porque de ambos li poemas lindos e porque escrevo, mesmo sem sentido, umas palavras que sobraram para mim. Saber porquê os outros escreveram deixa-me apreensiva. Será que a razão é a mesma?
Sábia, filosófica e inédita veio a resposta “ A escrita é a expressão mais eloquente do revelar o que se sente e que os outros não entenderiam se falássemos e que mais tarde, quem vier a ler-nos, irá desmultiplicar o significado e a quem dedicámos a nossa escrita, possivelmente, achá-la-ia despropositada se a lesse dentro da actualidade desse momento…”
À nossa mesa sentou-se a Morte. Deles já tomara conta há muito. De mim, aguardava o momento decisivo…
Assim conversámos. Três épocas. Três estádios diferentes com um elo de ligação comum – a escrita.
A Morte sempre escreveu. Escreveu sobre o adeus, a saudade e a desilusão, porque a vida lhe foi dando o mote… Fernando Pessoa, filosofou sobre o ser que era e os que o rodeavam. Escreveu para fazer pensar. Mas a Morte dizia que eu escrevia a copiar os seus sentires e a usar as suas palavras… como se as palavras não fossem de todos nós…
Tive de confessar à Morte que só o amor era cúmplice da minha escrita; escrevia o que o amor ditava e se ditava desditas, pois então, eram essas as minhas expressões…
A Morte não quis falar de morte. Disse que se viera sentar-se à nossa mesa, fora para falar de vida. Vida ou tempo que nos separa da morte… Fernando Pessoa falou desse tempo e como eu era vida, devia vivê-la com os sonhos que comandam a vida… tinha de a viver porque escasseava o tempo que me restava…
A Morte falou dos meus amores. Disse que quem partira, havia partido em outros rumos e quem ficou, ficou à espera que esquecesse quem fora…
Tontarias da Morte! Quem está não estará. Quem amo é alma prisioneira de outras gaiolas; é pássaro canoro de outras floresta… eu nem direito tenho a separar o que foi do que é, porque o que foi deixou a eterna ilusão de ser o ideal… quem está, questiona quem é e o que é o amor… ainda mantém a total confusão dos sentimentos… de braços abertos vai esperar a divindade de quem recebe inspiração…
Deixei soltar uma lágrima. Como seria sentir palpitar no peito a emoção de escutar uma frase doce?…
Senti a carícia acolhedora da Morte como que incentivando a força que eu já não tinha… Ouvi nitidamente uma voz sussurrar bem perto de mim “beija o teu sonho como se fora a última vez que sonhavas…” Aí, levantei a cabeça, poisei a caneta e reparei que sonhara mesmo e que em outras mesas havia pessoas com sorrisos maliciosos…
12.11.07
O meu avô e Fernando Pessoa, com os seus cafezinhos, com os seus blocos e os seus instrumentos de escrita, iam dedicando às suas amadas, os poemas que fluíam como águas límpidas, em fontes naturais.
Com curiosidade quis saber porquê ambos escreviam, isto porque de ambos li poemas lindos e porque escrevo, mesmo sem sentido, umas palavras que sobraram para mim. Saber porquê os outros escreveram deixa-me apreensiva. Será que a razão é a mesma?
Sábia, filosófica e inédita veio a resposta “ A escrita é a expressão mais eloquente do revelar o que se sente e que os outros não entenderiam se falássemos e que mais tarde, quem vier a ler-nos, irá desmultiplicar o significado e a quem dedicámos a nossa escrita, possivelmente, achá-la-ia despropositada se a lesse dentro da actualidade desse momento…”
À nossa mesa sentou-se a Morte. Deles já tomara conta há muito. De mim, aguardava o momento decisivo…
Assim conversámos. Três épocas. Três estádios diferentes com um elo de ligação comum – a escrita.
A Morte sempre escreveu. Escreveu sobre o adeus, a saudade e a desilusão, porque a vida lhe foi dando o mote… Fernando Pessoa, filosofou sobre o ser que era e os que o rodeavam. Escreveu para fazer pensar. Mas a Morte dizia que eu escrevia a copiar os seus sentires e a usar as suas palavras… como se as palavras não fossem de todos nós…
Tive de confessar à Morte que só o amor era cúmplice da minha escrita; escrevia o que o amor ditava e se ditava desditas, pois então, eram essas as minhas expressões…
A Morte não quis falar de morte. Disse que se viera sentar-se à nossa mesa, fora para falar de vida. Vida ou tempo que nos separa da morte… Fernando Pessoa falou desse tempo e como eu era vida, devia vivê-la com os sonhos que comandam a vida… tinha de a viver porque escasseava o tempo que me restava…
A Morte falou dos meus amores. Disse que quem partira, havia partido em outros rumos e quem ficou, ficou à espera que esquecesse quem fora…
Tontarias da Morte! Quem está não estará. Quem amo é alma prisioneira de outras gaiolas; é pássaro canoro de outras floresta… eu nem direito tenho a separar o que foi do que é, porque o que foi deixou a eterna ilusão de ser o ideal… quem está, questiona quem é e o que é o amor… ainda mantém a total confusão dos sentimentos… de braços abertos vai esperar a divindade de quem recebe inspiração…
Deixei soltar uma lágrima. Como seria sentir palpitar no peito a emoção de escutar uma frase doce?…
Senti a carícia acolhedora da Morte como que incentivando a força que eu já não tinha… Ouvi nitidamente uma voz sussurrar bem perto de mim “beija o teu sonho como se fora a última vez que sonhavas…” Aí, levantei a cabeça, poisei a caneta e reparei que sonhara mesmo e que em outras mesas havia pessoas com sorrisos maliciosos…
12.11.07
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