sábado, novembro 17, 2007

UMA VOLTA COM O PENSAMENTO


No bulício da cidade deixo os meus sentidos a deambular. Chego a olhar sem ver, tão absorta caminho, entre a revolta e a tristeza, pela incapacidade que sinto, em não conseguir que o que está errado, passe a ser certo.

As caras daqueles com quem me cruzo, são a plena demonstração de que algo está mal. Ninguém vê ninguém e tudo me parece inútil. Todos caminham absorvidos pelos seus próprios problemas e esquecem que os seus problemas são os problemas do país inteiro. Talvez do mundo…

Não vejo ninguém com as lágrimas a correr, mas também não vejo sorrisos aflorando pelos lábios descaídos, de mulheres e homens que vão pelo caminho inverso ao meu.

Olho o meu interior e o caos é a miragem que me envolve e que se dispersa pelo que sendo, não é. Há um ruído ensurdecedor amortecido pelo silêncio do descontentamento. Também seria inútil aumentar o som ao ruído…

Há uma nuvem amedrontadora a dominar as vontades do que se deseja… Professores que continuam sem colocação… alunos que crescem (?) em salas de aula… vagas para meia dúzia de horas lá para onde o sol se põe, para candidatos, que por um mês poderão ir viver para “debaixo da ponte”… formas de enganar o absentismo com a promoção do desconhecimento… projectos de ensino que falham… alguém que recebe uma remuneração principesca para lançar a confusão no que se ensina e no que se aprende… e passa a não aprender…

Passes de transportes públicos caros para que uma elite seja conduzida em luxuosos transportes… voluntários trabalhando arduamente, enquanto umas dezenas de figuras limpam o pó do hemiciclo de um lugar que devia ser respeitado e onde respeitar os que representam…

E olho de novo o meu interior e de entre o caos sai o gemido que jamais terá eco… Patético! Apetece-me bater palmas…

Cíclicas! É verdade. Mas já esgotadas certas áreas… e fantasmagoricamente, aparecendo horários, mas dentro de parâmetros completamente incríveis… só falta que apareça um a pedir “alguém com um sinal particular…” Incrível! Mas verdadeiro. E tudo isto para quê? Para aconchegar incompetências? Não! Para nada. Para absolutamente nada!
Toda esta amálgama de situações que me parecem fora de controlo, leva a que se eleve o número de “stressados”, e que o burnout reine como uma das mais perniciosas enfermidades da época no seio escolar…

16.11.07

1 comentário:

Nilson Barcelli disse...

Olá Joaninha
Há tanto tempo que os nossos blogues existem e só agora nos encontramos...
Obrigado por me teres visitado e, principalmente, por me teres deixado lá um comentário, pois foi a única forma de te encontrar hoje.
Li os posts visíveis na primeira página e constatei 2 coisas:
Escreves muito bem. Os teus textos são claros, a prosa é excelente e deixas, aqui e ali, algumas ideias ou frases muito interessantes.
Mas acho que apenas consegues transmitir um certo desencanto com a vida. Não haverá nada que te encante? Sei que tudo o que dizes parece ser mesmo sentido por ti e é verdadeiro, mas penso que omites o lado bom ou positivo da vida, nomeadamente da tua. Não julgo esta tua opção, pois eu farei precisamente o contrário no que escrevo. Constato apenas...

Bom Domingo para ti.
Um abraço igual ao teu