Gosto de meditar em frente ao mar, gigante sem tamanho, que se estende para além do horizonte. Gosto de reter na memória a linha do horizonte que nos mostra onde o mar deixa o azul transparente da atmosfera e se enlaça no mar como dois amantes apaixonados.
Medito. Interiorizo no meu silêncio o que talvez gostasse de gritar… mas que se perde antes que se faça som na minha boca. Medito! Retenho na memória o que ouvi, o que li… e também o que vejo, mas que preferiria não ter visto…
Surpreende-te que murmure tudo isto? Não. Não vou repetir o que sei que te iria magoar… só posso pedir-te que esqueças. Deixa que essas recordações mergulhem no nosso mar sem fim…
A voz do meu silêncio bate dentro de mim ao compasso das batidas do coração. Sinto as tuas mãos nas minhas e em uníssono somos ambos a mesma batida, mas em silêncio…
Nas minhas meditações questiono-me. Os porquês são muitíssimos e em abono da verdade nunca me sinto esclarecida. Será que carece de esclarecimento o facto de termos de suportar o que nos deprime, nos deixa inferiorizados? Porquê temos de enfrentar a doença, a morte, os imprevistos? Será que por nos sentirmos infimamente pequenos não podemos procurar a solução, acabando com a dor que nos constrange e nos derrota? Será que por nos sentirmos derrotados psicologicamente não poderemos solucionar a catástrofe que se abate sobre nós?
Aí está porquê o silêncio em que me fecho tem o som ensurdecedor do eco numa caverna…
Pensa agora e opina! Ainda achas que na tua especialidade encontras respostas, soluções apaziguantes, fraseologia que me iniba ainda mais? Ou que seja a resposta ao problema que se estende desde há muito – viver!
12.10.09
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