terça-feira, junho 10, 2008

OASIS I

Nas primeiras passadas senti os pés mergulhando numa areia finíssima e poeirenta. Iniciava a minha caminhada por um deserto a perder de vista…
De um amarelo especial e resplandecente ao iniciar o dia, ia mudando as suas tonalidades conforme a posição do sol, para, ao crepúsculo, parecer um mar de pó de ouro velho.
As sombras das dunas agigantaram-se à minha frente e o cansaço ia dominando todo o meu ser… como pesavam as passadas na areia, que parecia criar crateras a cada avanço…
Tinha de caminhar e sem parar. O destino era um oásis. O oásis onde poderia tentar recuperar as forças e onde finalmente poderia respirar, sem ser aquela poeira amarelada…
A intensidade da dor dentro de mim, mal deixava coordenar os pensamentos e apenas me obcecava a ideia de chegar ao oásis…
Depois de dias sem fim, caminhando, por vezes em profundo sofrimento, pareceu-me ver, muito ao longe, o oásis, objecto da minha procura… Tive alento e voltei a imprimir uma certa energia ao meu caminhar, para me certificar que não era apenas miragem… e mais uns passos, e outros, e finalmente podia distinguir as palmeiras no recorte do horizonte…
A primeira fase da minha viagem estava quase realizada… como poderá ser no oásis?...


28.03.08

2 comentários:

Anónimo disse...

OBRIGADA PELA VISITA!

é bom sinal estar de volta!

sempre acutilante, Joaninha.

:)

Uma abelhinha em cuidados intensivos na colmeia segredou-me ao ouvido que se cruzou consigo, e que lhe terá perguntado por mim! estavamos a ter formação nessa altura, só conhecia uma Marta, e era mesmo eu.
Obrigada pela lembrança. Não tive mesmo oportunidade de a ir visitar. mas relembrá-la faz-me sempre bem. ainda bem que veio voar até mim, Joaninha :)

Bons vôos.

Disponha. Sempre que precisar.

P.S. Ainda hoje estive com a sua flor Margarida. Pa próxima envio-lhe um beijo para si ;)

jorgeferrorosa disse...

O que setimos? O que somos? Uma flor, uma joaninha? Que saudade estava a sentir da mais bela Joaninha, melhor, de si querida amiga. É muito bom sinal ver que está por aqui. Que bom. Até respiro melhor. Bem, mas quero dizer que amei o texto, na profundidade de conteúdo bem como a cadência que lhe dá. Excelente. Amei. Só podia vir de uma pessoa como a Isabel. Tudo é tão especial... metáforas e caminhadas por um deserto muito complicado, mas e apesar de tudo, não houve sequer um dia que não a tenha tido em pensamento.
Agora podemos respirar um pouco mais. Como entendo a intensidade dessa dor, os dias que pareciam sem fim, depois o adormecer face a um profundo sofrimento. Desculpe dizer, até me falta o ar. Corre uma lágrima, num misto de confusão.
Viagens. Vamos logo que possível dar um abraço e prosseguir com as nossas imagens, a um verdadeiro oásis existencial.
Beijinhos e até já!
Jorge