quarta-feira, setembro 24, 2008

COMO CHOVE!


Quando escrevo, sou como a chuva que cai lá fora: molho tudo e todos indistintamente. Não tenho nem a preocupação nem a pretensão de atingir A, B ou C… Se o gorro cabe em alguma cabeça, desculpem, mas prefiro ignorar. É mero acaso. Mas tenho dúvidas que existam seres similares àqueles que a minha imaginação cria…
Quando pretendo mandar recadinhos, escrevo uma carta ou pego no telefone e despejo o saco, se o interlocutor estiver pelos ajustes de me ouvir… normalmente não está ou tem uma tão forte argumentação, que me deixa no silêncio… São tácticas peculiares do aconselhamento filosófico, a ética é posta em evidência com argumentações inefáveis…
A propósito de me deixar no silêncio, recordo-me o que aconteceu esta manhã… Preparava roupa para meter na máquina, e como sempre, viro a roupa das avessas e despejo os bolsos, para confirmar que não há nada que possa prejudicar a máquina e espanto! O meu N 78 estava no bolso das calças que despira no dia anterior… Incrível! Fartei-me de o procurar quando o outro foi a carregar e nada. Nada de contactos! Quase chorava com medo de o ter perdido… mas a surpresa foi excelente. Já está comigo! E veja-se que tinha várias chamadas não atendidas… como o havia de ouvir? Vá agora explicar a quem me ligou, o que aconteceu… Estou mesmo a ver que alguém, super, não vai acreditar. Inconveniências de quando se usa a mentira e não se acredita na verdade dos outros… Aposto que neste momento há birra, para dizer que birra com birra se paga… entretanto, e porque ainda estou a deglutir algumas “coisinhas”, prefiro deixar arrefecer as ideias e fingir que ignoro que a pessoa X e a pessoa X’ é que são as ideais e que estão na rota do encantamento…
Parou de chover! O hino ao Outono cantou os seus primeiros acordes e agora os pássaros cantam, como que a saudar a lavagem das suas plumagens…
Trovejou por breves instantes e à distância, ainda se ouve um sumido ribombar… são tardes como esta que me deixam marcada a ausência e fazem reavivar a saudade… mas tudo acaba e nisso tens razão. Parte para outra, porque mesmo dos que morrem, a saudade se esvai… é como a nuvem, desfaz-se com o vento.


22.09.08

2 comentários:

JO disse...

Telemóveis e inseguranças dão-se demasiado bem. Abaixo uns e outras.
Abraço

Nilson Barcelli disse...

Dominas a prosa ou a poesia com a mesma facilidade.
O curioso é que fiquei com a impressão que este texto e o teu último poema falam da mesma coisa, ainda que em líguas diferentes...
Beijinhos.