quarta-feira, dezembro 27, 2006

AQUI ESTOU DE NOVO


O sol vai subindo no horizonte. O rio desce rumo à foz. Está calmo, com alguns tufos de lírios acompanhando a descida da maré.

Sentada no comboio, de costas para o caminho, como sempre, vou admirando a paisagem que fica. Paisagem que tão bem conheço.

Para lá da estação de partida, fica tudo igual. Ou melhor, tudo menos um pouco. Fica o sol a estender o seu colorido pelo monte, ficam as minhas coisas, os meus escritos, tu e as tuas conversas com mel, a sala do café do bairro, onde vais mostrar as tuas habilidades às damas alvoraçadas com esse sorriso de falsa promessa… ficam meus ilusórios sonhos e os desesperos de solidão. Não vou ver nada mais.

No horizonte, o sol continua a subir e o avião, inclinando o seu eixo, sobe vertiginosamente, rompendo a gravidade e deixando que o ar frio o acaricie, como mãos de doces amados se acariciam, ao reencontrarem-se.

Parti! Parti rumo ao desconhecido, na ânsia de enriquecer o conhecimento. Parti para esquecer. Voltei a partir para não repetir a loucura de esperar. Enquanto esperei, ias acariciando essas paixões fortuitas e enchendo os olhos e os ouvidos das muitas mel que vão preenchendo o teu mundo irreal, mas real para quem vais deixando, como vão descendo o rio, os tufos de lírios…

Não vou repetir as doses do ópio que tens sido, porque já não me dás vontade de viver…

22.12.06

1 comentário:

Anónimo disse...

BOM ANO de 2007
Que te corra tudo como esperas e que as esperas se tornem em abraços prolongados.
Beijinhos.