terça-feira, abril 03, 2007

EMBORA SENDO, NUNCA É… …


Nada é o que nos parece ser. Tudo não passa do que desejamos que seja, por isso tudo é uma completa desilusão. A ilusão que fazemos crescer dentro de nós, com corpo e alma; mas nada passa de imagens a quem damos vida, que é a nossa vida, a que queremos que seja, mas não é nada.

A tudo o que nos rodeia damos um rosto, damos um pensamento e até embelezamos com sentimentos… que nada são, senão o que imaginamos ser… nada é como o que idealizamos que fosse. Rodeamo-nos de marionetas que fazemos girar e se deixarmos a guita laça, ficam desconjuntadas e a realidade afigura-se-nos como fantasmas…

Nada nem ninguém é uma pura realidade. Nada nem ninguém age sem que tenha atrás de si interesses, formas agressivas de se expressar, maquinismos para magoar, para ferir e usurpar o que até tinha significado para nós. É-nos constantemente extorquido algo que nos dava prazer e por vezes, razão para viver…

Há tantos anos, que já perdi a conta, tive um sonho. Como é belo uma adolescente sonhar! Como é belo haver pelo ar sons melodiosos de pássaros, flores coloridas pelos campos e sonhos cor-de-rosa no coração… mas como é triste não nos deixarem desfrutar das maravilhas desses momentos… por isso há tantos anos que me assola a nostalgia do que perdi, ou melhor, do que não me deixaram ter…

Ironia do destino, como diz o povo, o que não tem de ser nosso, jamais o será… e foi assim que um perene luto cobriu todo o meu ser e ao contrario do que aconteceu na história da Bela Adormecida, jamais apareceu pelo bosque da minha existência o príncipe, que me desse novo alento e me restituísse do sono em que fiquei…

Não creio em mais nada. Nada tem qualquer tipo de significado… nem houve baile, nem a fada boa alguma vez apareceu para que deixasse de ser a eterna Gata Borralheira… “fica-te bem descascar batatas, cheira tão bem esse cozinhado… tão bonito esse quadro, foste tu que o fizeste? Que paciência é necessária para fazer esses trabalhos…” Pois é! (Mas não passes daí, porque assim arrumadinha é que ficas bem…) foi sempre o que senti, e assim arrumadinha, com elogios inconsequentes, não se vai a parte nenhuma…

E depois de todos aqueles anos, e quando nos imaginamos a verter romantismo por todos os poros, enganamo-nos de novo…

03.04.07

Sem comentários: