quarta-feira, julho 09, 2008

REDIZER O QUE FOI DITO


Os motivos inventam-se e reinventam-se. A nossa imaginação é incomensuravelmente potente para deixar que temas e mais temas corram como caudais de grandes rios descendo planaltos… e a escrita flúi numa reinvenção constante de cada palavra, com a sua multiplicidade de significados, que vai traduzindo as suposições existenciais, vestindo e travestindo a corrente da nossa fantasia e dando vida ao que não sendo, passa a ser, pela força que o sentir exerce dentro de cada um de nós. E que salutar é esse sentir! Salutar, mas questionável… É vida que nos faz manter vivos e é por isso que adoro escrever e que em cada poema redigo o que já disse e que outros disseram também, porque o sentiram ou talvez não, ou porque o disseram ou o sentiram e de forma diferente da minha.
Poema após poema, com todas as palavras usadas e gastas que faço brotar do meu pensamento, vou permitindo que me acariciem a alma e ao balbucia-los, abandonam nos meus lábios uma doçura igual à dos teus e a que chamo vida.
Mesmo que vás repetindo que a escrita é um jogo de palavras, que me repito e de nada serve o que digo e redigo, não resisto e vou repetindo o que não ouviste, nem leste lá pela terra do nada, que te absorveu e absorve, num constante questionar de tudo e de todos… Tudo é questionável! Mesmo o que é evidente é questionável, por isso, as minhas palavras usadas, repetidas e gastas serão como o eterno tanger dos sinos, não para cantar que te amo, mas para tocar a finados acompanhando o que restou do que nunca consegui dizer, por ter só palavras gastas e questionáveis…

09.07.08

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