quarta-feira, julho 12, 2006

EXÉQUIAS!

Magda telefonou-me muito excitada, porque finalmente havia ultrapassado todas as barreiras que a impediam de realizar o que mais havia almejado desde 1978.

Pediu-me que a acompanhasse no dia onze, pois o funeral realizar-se-ia a meio da tarde.
Disse-lhe que era impossível, pois tinha agenda cheia e transferir sessões assim com tão pouco tempo, poderia retumbar numa confusão imensa.

Acabei por ceder. Afinal fazia o seu acompanhamento há mais de dez anos. Durante esse acompanhamento, houve mais do que três deslocações a Azóia. Era tempo de pormos as coisas nos seus devidos lugares e era sobretudo tempo para que Magda encetasse a nova vida com que tanto havia sonhado.

Magda esperou-me no parque de estacionamento. Deu-me o braço e caminhou a meu lado, muito séria e compenetrada.

Quando chegámos à porta do Cemitério, estavam em fila três carros funerários, tão carregados de rosas vermelhas, que me deixaram estupefacta.

“Todas, são os minutos em que nunca esqueci quem mais amei a vida toda…” disse baixinho ao meu ouvido.

Entretanto explicou-me que lá na Azóia o espaço havia sido solicitado e por esse motivo, quem reclamasse a ossada, poderia transladá-la para o lugar de preferência. Procedeu aos requisitos necessários e aqui estavam os restos do seu amado, para serem cremados, junto das rosas.

Eram mais de quatro mil rosas… e a fumaça branca que subiu em espiral para o céu, deixou um perfume a “Sky” a pairar no ar, que me fez chorar pela saudade que também tinha dentro de mim…

Creio que deixei ir a minha rosa junto com aquelas… Paz ao que não mais terá retorno!

Quando saímos, e por imposição do pessoal, porque iam fechar, fomos para casa de Magda, onde uma vez mais folheamos o álbum das fotos, que religiosamente continuava sobre a camilha da sala…

Espero que, finalmente, Magda seja feliz!

12.07.06

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