sábado, julho 08, 2006

LIVRO EM BRANCO


Comprei um livro em branco,
Para escrever frases de amor,
Mas deixei-o sobre a mesa,
Esperando encontrar um rosto franco,
Com um sorriso e falador,
Para apagar a minha tristeza…


Folheei as folhas tão alvas
Onde decidi nada escrever.
A capa dizia Livro em branco
E as letras dum verde de malvas…
E tinha o livro e nada para dizer…
Porque não encontrei um rosto franco…


Guardei o meu livro e esperei
Numa espera de ansiedade
Deixando o meu livro inútil
E não escrevi, nem escreverei…
Porque só lá deixaria saudade,
Poesia; … tudo o que é fútil…


Podia escrever sobre a maldade,
Ou deixar a minha poesia
De escárnio e maldizer,
Mas isso seria perversidade,
Que mais ninguém entendia
E iam chamar de crueldade…


Porque poeta, é aquele que é cruel,
É o que diz sempre sem dizer
E dizendo, diz o que não sente…
Por isso lhes chamam amargos de fel,
Por isso lhes querem fazer crer
Que só vivem inutilmente…


No meu livro em branco só vou escrever,
Que detesto os ociosos,
Os presunçosos, os sem imaginação,
Porque criticam o meu escrever
E não passam de seres maliciosos,
Incoerentes, indecisos e sem coração…


E para me libertar da saudade,
Vou contigo ler o que não escrevi,
Vou deixar que me abraces forte.
Quero-te no meu livro como verdade,
Como toda a que senti,
Com toda a veracidade,
Antes da minha morte…


08.07.06
11H50
“In Hairdresser”

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