sábado, julho 01, 2006

E VAI DAÍ


Quando me “licenciei”
E para isso estudei… estudei…
Fiquei cheia de vaidade.
Porque doutora, é verdade,
Tem saída em qualquer lado,
Até para arranjar um namorado…
Mas com tanta euforia,
Nunca passei da agonia,
Do simples faz de conta…
Embora seja uma afronta….

Umas farras, uns bailaricos,
Uns cigarros e uns copitos,
Então não é bem melhor?…

E doutora, “licenciada”,
Cresci sem fazer nada,
Porque era importante casar…
Fingir e poder armar
Em dama conhecedora,
Muito chique, muito doutora…
Dizendo sempre saber
Disto e daquilo, sem ser,
Realmente conhecedora,
Mas sempre com ares de doutora…

Umas frases empolgadas,
Umas vestes engomadas…
Mas com copitos, é melhor…

E de anos em anos a passar
Como doutora, sempre a reinar,
Sempre julgando ser a melhor,
Acabando no pior…
De manhã à noite enfrascada…
Dizendo que só bebia limonada…
Ficou-se pela bebedeira,
Rezando à padroeira,
Para mostrar e omitir,
O que já não podia fingir…

Sempre com falinha mansa
Com uns copitos na pança,
Hei-de levar a melhor…

Em constante insinuação,
Acho-me com frustração
E comecei a tratar-me…
E a tentar libertar-me
Duma grande enfermidade:
Stress e ansiedade…
E quando o sono não vinha,
Lá ia mais uma bebidazinha…
Até começar sério tratamento,
Com muita dor e sofrimento…

Cheia de medicamentos,
Ensonada em todos os momentos,
Tinha de ir em frente…

Passei então a navegar.
Cibernauta veio a calhar
E arranjei forma segura
De olvidar a secura
E saudade de beber
Que fazia, para esquecer…
Mas, há sempre um mas afinal…
Encontrei alguém igual
E comecei a conversar
Que só para mim eu quis guardar…

Sabia de informática,
Calculo e matemática.
Era a pessoa ideal!

E lancei a confusão
Por estar presa a uma paixão
Que já não era a bebida
Mas que vai deixar ferida
Uma idiota qualquer,
Que pensa que por ser mulher
Vai levar a melhor, ganhando,
A quem estou amando,
E vou arruinar-lhe a paciência
De mansinho, sem violência…

Desta maneira, dividir para reinar,
Aqui estou por lhe ganhar
Porque é burra, loira e sentimental…


histórias de entre nós
01.07.06
isabel

2 comentários:

Leonor C.. disse...

Gostei muito, mas não estou de acordo com uma coisa: loira e sentimental, sim, mas burra, nem pensar! Não nos podemos considerar como tal só porque nos enganámos na estrada...

Bjs.

jorgeferrorosa disse...

Desculpa, foi um dos mais belos trabalhos que li. isso é que é escrever... eh eh ehe! Este valeu por 1000. Adoro este tipo de trabalho, sempre a dar em cima e quem quiser que enfie o barrete. Boa? Está de parabéns.
Beijinhos! Quem vai tomar um copito sou eu e apanhar a grande bebedeira. eh eh ehe ... depois dou doutor da "mula russa" Txiiiiiiiiiiiiiii. Vai lá vai, até a barraca abana. A nossa não abana. Boa?
Tudo de bom.