quarta-feira, maio 23, 2007

CRÓNICAS DE MALDIZER



Eu sou honesto!
Omito, minto,
Não presto…
Invento cores,
Com que tudo pinto
E gozo dos amores
De quem me rodeia;
Só lhes dou dores
Ao usar a minha verborreia….

Eu “uso” quem quer que seja,
Fazendo-me de santinho
E quanto mais alguém me deseja
Finjo e dou-lhe um “beijinho”…

Não quero qualquer prisão
Não quero que sintam ciúmes
Quero livre meu coração
Para explorar os teus queixumes…
Quero toda a liberdade,
Viver do que me rodeia.
Ser belo e ter vaidade
E fazer tudo o que te “chateia”,
Para medir tua bondade…

Estudo e nisso sou “bom”
E se falas e falas, não ligo,
Porque a discursar tenho o dom
De te pôr a bem comigo…

Vai que não vai, um lamento
E cais que nem um patinho
São coisas de um momento
E volto a ser teu queridinho…
Teu “doutor”. Teu apaixonado!
Mas vou fazendo das minhas,
Porque nem sou teu namorado.
Vou-te dando o que não tinhas…
E mantenho o meu lugar reservado…

Não quero nada de ti, não,
Que nada tenho para te dar
Nem mesmo o meu coração,
Porque esse é só para “navegar”…

Gosto do teu sorriso aberto
E abomino o teu “chorar”;
Armo-me às vezes em esperto
Só para te ouvir falar…
Mas se avanças demais
Logo arranjo um “barrete”
E estrebuchas porque cais
Como o mais simples joguete,
Para depois te “perdoar”…

Não acredito. Não posso mais!
Dizem para aí à boca cheia,
Em coro, como os jograis,
Que eu não sirvo, nem para candeia…

Não quero a tua razão,
Mesmo sabendo que a tenhas.
Isso já é perseguição
Às minhas “mocas” e manhas…
Deixa-me no meu pedestal!
Discurso só quando há conveniência,
Porque falar demais é fatal,
Estraga-se a boa convivência
E ateia-se um ódio letal…

Desligo! Não desligues…
Estás mesmo a despachar.
Sim, antes que mais me “piques”
E não te volte a falar… … …


20.05.07

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