Subi o Chiado. Passadas lentas e cadenciadas, deixando o olhar percorrer todos os momentos do meu trajecto…
Hora de almoço. Muitas pessoas apressadas para granjear o seu espaço numa mesa de um qualquer restaurante das redondezas.
Gente a pedir uma moedinha, tocando flauta ou acordeão, fazendo malabarismos para atrair a atenção de quem passa e sobretudo, a dos turistas, que eram imensos, esta tarde…
Continuei a caminhada. Observei que muitas das pessoas com quem me ia cruzando tinham uma expressão triste, acabrunhada, preocupada… enquanto que muitos dos jovens que passavam em bandos, riam desordenadamente e espalhafatosamente, como que querendo, à sua maneira, chamar a atenção…
Quando passaste no outro passeio, muito atento a quem te acompanhava, nem te apercebeste que atrasei o passo para melhor ter a percepção de como ias tão atento… a conversa devia ser a mesma… sempre a mesma!
Deu para perceber que, o olhar lânguido, era mais uma das encenações que habitualmente usas para captar a atenção da companhia… Muito teatral! Exageradamente teatral!!!
Passei pela esplanada da Benard e sentei-me porque ainda era cedo para a aula que ia dar… tinha de escrever. Tinha de expulsar a raiva que atravessava todo o meu ser. “Um café curto”. Pedi ao empregado que se abeirou da minha mesa. Peguei no caderno de capa preta, sim, aquele mesmo. (Pareceu-me pegar em “veneno”). Abri-o e comecei a escrever, de uma forma desenfreada, até me sentir exausta e reparar que a minha bica estava fria… De um trago bebi-a e pedi outra…
Paguei os cafés e atravessei o Largo do Camões. Lentamente, com passadas mesmo muito lentas, aproximei-me da escola. Estava quase na hora, mas não resisti e telefonei… “ainda estou a descansar… “ Mentira! São só ciúmes…! Mentira! Cruzaste-te comigo há menos de uma hora… passa bem, mais quem te acompanhava…! Desliguei e fui cumprir a minha tarefa…
Que prazer mórbido tens em “arranhar-me” quando já estou destroçada…
Quando saí, depois de dar as minhas aulas e depois de cumprir as usuais tarefas pós aulas, voltei a descer a rua do Carmo. Entrei numa loja de roupa elegante e depois de procurar uma túnica a meu gosto (preta como usualmente), experimente-a. Olhei-me ao espelho. É isso! Não pude deixar de exclamar. A razão é exactamente esta: ultrapassada!
Ainda caminhei por mais umas horas para clarificar as ideias e decidi: Olha! Mas finge que não vês…
03.05.07
1 comentário:
Mentiras descobertas, figuras ridículas! Quando perco a confiança numa pessoa é muito difícil recuperá-la. Este é um dos meus defeitos.Já não sei desabafar na escrita, para tirar o nó da garganta. Fica-me a mágoa e o desencanto.
Beijinhos
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