sexta-feira, maio 11, 2007
ESCRITOS NA NOITE
Passam uns minutos da meia-noite. Está uma noite fresca e muito húmida. Aqui na varanda, frente à mesa, sob a luz baça do aplique, venho deitando ao papel o que vai sobrando dos pensamentos que se atropelam entre a revolta e a solidão.
Não tenho lugar lá dentro. Aqui fora, como se cumprisse um castigo, arrefeço por fora e por dentro. Tenho os ombros molhados porque a humidade vai repousando nas minhas costas. O cabelo está húmido e os pés estão frios. Pela cara correm, não gotas de suor, mas lágrimas tépidas, como forma de exteriorizar a minha mágoa.
Vagueio sem tempo, pelo meu jardim imaginário, porque no tempo em que estou não vejo a cor das flores. Vejo as que a minha imaginação criou… Flores azuis em todos os canteiros.
Folheio todos os papéis que vou guardando, onde escrevo e reescrevo e onde sempre encontro, mesmo não querendo, o teu nome, Flor Azul!
Papéis que talvez nunca leias, porque jamais estiveste interessado em ler o que vou escrevendo, porque sabes que é para ti que escrevo e porque não queres ler… Jamais quiseste que te escrevesse…
Também hoje não tos vou dar a ler. Hoje estou apressada. Mesmo que os leias, quando a madrugada te trouxer até aqui, já não me encontrarás. Não tenho espaço lá dentro. O meu jardim está coberto por uma noite escura, sem luar; é melhor sair. Vou sem destino. Melhor, vou com o único destino que me resta…
Um dia, um certo dia, quando perceberes que não voltei, possivelmente vais caminhar sem direcção, vais visitar todos os jardins, para tentar encontrar a flor azul me guardou no seu seio para a eternidade… e nunca saberás que a flor tão procurada, estava na tua mão, no primeiro dia que te vi…
18.09.06
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1 comentário:
o final...
poesia...
quedei sem palavras, por vezes é dificil comentar pela beleza...
abraço
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