quinta-feira, maio 17, 2007

NÃO HÁ REMÉDIO!


Crueldade! Usa-la muitas vezes, não é verdade?
Para uns a desgraça, a constante manifestação de desagrado, a repetitiva forma de apontar erros, enquanto para outros, a doçura e a amabilidade, a disponibilidade, a eterna lisonja… Como se pode ser tão cruel!

O filme acabou. A música de fundo encheu a sala e o público foi-se levantando, lentamente, de olhos lacrimosos, como se estivessem a acompanhar um defunto à sua última morada…

Tirei um lenço da algibeira e também limpei as lágrimas que, mesmo sem querer, continuavam a rolar… pareceu-me conhecer o filme de cor.

O actor principal eras tu. Eu, a figurante, que de imagem apagada e desgastada, apenas servia de anjo da guarda, de apaziguadora, de suporte. A casa assombrada, as almas em corrupio, os vasos caídos, as flores mortas e secas, espalhadas pelas veredas…

Choro ainda. Vou sem ir, porque os passos atropelam-se entre os pés trôpegos, como que embriagados… e baila em minha imaginação todas aquelas imagens fantasmagóricas, querendo deturpar a minha caminhada.

O crepúsculo deixou que a silhueta das estrelas se fosse tornando mais evidente. Só o meu pensamento continuou difuso entre o som do vento e o meu choro baixinho… outra vez! Mas agora sei que me tens omitido que o que pensei ter sido passado e esquecido, continua bem vivo… demolidor, destruidor, arrasador. Finalidade última: conseguida!

E assim mesmo, entre o desespero e o momento do fim, fico com aquela música de fundo…


17.05.07

1 comentário:

Leonor C.. disse...

Esta música de fundo recorda-me tanta coisa... Dou comigo a pensar como teria sido a minha vida se pudesse voltar atrás e construír tudo de novo. Melhor, pior, igual? Quem sabe... Entretanto fico com a música de fundo a preencher-me a alma.

Beijinhos