sábado, agosto 26, 2006
AO ESPELHO!
Sentei-me frente ao espelho.
Acho que ainda não me tinha olhado desta maneira, ou possivelmente pareceste-me outra pessoa. Não te reconheci. Em nada parecias a imagem que julgava ser a tua. Possivelmente apenas foste a imagem que eu imaginei. Apenas é nela que estás espelhada e não ele que tens debaixo dos teus olhos. Ele afinal está enamorado. E gostar de alguém que não nos ama… Que nojo! Odeio esta figura, odeio estes olhos, odeio esta voz… morreste!
Julgava estar enamorada da figura esbelta de olhar profundo, pensamento elevado, plena de conhecimento e sempre a querer saber mais e vejo-me prostrada frente a uns seios hirtos, um olhar vago e embaciado de lágrimas… Umas palavras simbólicas para fazer de conta.
Palavras que só são para fingir. Que são de circunstância, para angariar uma confiança que não é merecida. É a imagem do horrendo. Queria quebrar o espelho!
Vejo uns braços enrolados em outros braços dissimulados de jarros, lábios trementes e ansiosos em outros lábios, que o batom faz brilhar, para mostrar como brilham no desejo… e como não quero ver mais nada, apenas me vou levantar de frente do espelho e nem o vou estilhaçar, porque nem isso merece… e até pode servir para que possa ver-me mais tarde rindo, porque os palhaços são para nos fazer rir…
E assim se morre num sábado, que podia ser belo e cheio de alegria…
26.08.06
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