terça-feira, agosto 22, 2006
LETRAS E PALAVRAS OU VICE-VERSA
Eu sou tu quando escrevo as minhas folhas soltas deste diário, que desde adolescente venho escrevendo, cheio de palavras dirigidas a mim própria, como uma anotação, para não esquecer o que pretendo que me fique como registo, para posterior análise ou apenas porque quero mais tarde recordar, como quem lê um livro de histórias da infância. Letras e palavras… Umas grandes, outras pequenas, outras cruzadas, outras juntas, formando emaranhados de linhas e linhas, como se fossem uma trepadeira de hera, subindo por um choupo acima, fazendo uma mata cerrada, que muitas vezes nem tem significado para quem possa ler, a não ser para mim, que leio e escrevo e escrevo e leio, sempre pronta a criticar isto ou aquilo, este ou aquele facto, porque me chamou mais a atenção ou porque não estou de acordo… sempre fui contestatária…
Hoje comecei a ler um novo livro. Novo porque o comprei no sábado passado; novo porque está nas bancas depois de traduzido, desde Janeiro… e novo porque ainda não tinha lido nada sobre este tema, exposto desta maneira. O romance de Eugenia Rico e traduzido por Miguel Serras Pereira, trata de uma viagem, entre o real e o fantástico, de uma mulher à procura da sua segunda oportunidade – A idade Secreta – que poderia ser a tua, a minha ou a de qualquer um que, sem ter sido pela razão desta personagem, está dentro do mesmo carrinho verde, estrada fora, em direcção a um horizonte perdido... Ela vai por aí em busca de si, de alguém, de nada, de viver… eu vou por aqui, por além, por nenhures… em busca de amor…
…pela leitura das primeiras linhas, senti que gostava de ser a personagem deste romance… bem! a verdade é que me senti na sua pele desde que folheei o livro, ainda na livraria…
Pensei, ou melhor, revi-me nesta travessia de uma imensa floresta, em busca do “velo de ouro” suspenso de um carvalho, no bosque sagrado da Cólquida e guardado por um dragão não menos sagrado…
Não quero hoje saber de notícias. Não quero ouvir da guerra, dos crimes, do preço do petróleo. Afinal tu também não estás com qualquer interesse nestes temas. Outros assuntos te preenchem. Não sou esquecida, para justificar que não sou esquecida, mas não tenho significado, porque nem sempre significa alguma coisa, as coisas que não esquecemos. Entretanto voltou o telefone a tocar. A “minha fantasma” gosta de me ouvir dizer “Estou sim!” … … … …
22.08.06
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