segunda-feira, agosto 21, 2006

CONSIDERAÇÕES OU REFLEXÕES SOBRE O “ACABAR”



Ainda soam no meu ouvido as palavras que disseste. Deixaram-me a pensar. Deixaram que pensamentos se chocassem e se cruzassem, como os que escrevi na página de ontem, quando analisava os pensamentos. Os meus pensamentos.

Não sei se são para me marginalizar, se para me confundir, se apenas para me deixar a gravitar numa orbita distante… se para acelerar a minha decisão de um dia destes também viajar sem destino. Assim, param de ser lidas as minhas palavras e nem tão pouco lerei as tais “bocas foleiras” de uma piton, que à força me quer engolir, como quem come um pastel de nata… ou uma torrada bem amanteigada, deixando em reticencias o que cobardemente não digere como as suas gulodices ….

Já mais de uma vez deixei que a minha opinião sobre o “acabar”, que é muito minha, fosse escutada por ti. Tenho uma opinião própria, porque não concebo que se viva sem se amar ou ser amado. Já disse muitas vezes, também, que amar é tão largo como o oceano e tem intensidades diferentes, como as rajadas de vento… contudo, estou plenamente de acordo, que não podemos exigir que nos amem, como amamos.

No Amor fraternal, há intensidades diferentes. Todos sabemos que, se num seio familiar houver mais do que um filho, por mais que se mostre amar todos de igual forma, há sempre um, para quem se encontra uma justificação, para se lhe demonstrar mais amor e carinho. Entre dois ou mais irmãos, passa-se o mesmo. Há sempre aquele que é mais camarada, aquele com quem se partilha mais, aquele que é o cúmplice de brincadeiras e dos segredinhos de adolescente. Em parceiros, um deles, ama mais, muito embora a outra parte tente mostrar que é quem mais ama. Não há explicação para isso, assim como também não existe o que determine quando e porquê se começa a gostar (amar) de alguém – os espanhóis dizem “te quiero” porque a palavra “amar”, é suposto ser muito forte... Os factores que para isso contribuem são inumeráveis e as condições que favorecem o momento de se começar a gostar são indizíveis, até porque algumas anulam outras e por esse motivo qualquer explicação tornar-se-ia absurda.

O suicídio, muito condenado, pode ser a única solução para pôr fim a qualquer situação insustentável. Se a parte psicológica não tem garantes de sobrevivência e se a auto-estima está em baixo, se só existem incertezas e inseguranças, se falham as bases essenciais no âmbito emocional, se não se vislumbra qualquer hipótese de se alcançar um primeiro degrau para que se seja feliz, é muito complicado sobreviver. Antes de se praticar o suicídio, já se morreu há muito… porque a doença já dominou, porque a miséria já subjugou, porque o amor já se fundiu entre ódios, raivas e desesperos… Como se pode fazer juízos de quem está num caldeirão de ácido, desfazendo-se em cada segundo? É ser-se humano o criticar alguém neste extremo? Não me parece. Creio sim, que a melhor forma é aceitar, já que não soubemos dar Amor a quem tanto necessitava dele na altura própria …

Deixei que todas estas palavras fossem a mostra do que penso, porque já tive amigos que se suicidaram, sem que tivesse tido tempo de lhes dizer, que como seres humanos, os amava…… Não falei uma única vez sobre sexo em todas estas linhas, porque, Amor nem sempre é sexo, ou melhor, Amor pode nada ter a ver com sexo.

Mas, já que aqui chego, poderia opinar que sexo, também é muito complexo, quando não visto pelo lado material. Mas como poderia chocar o que viesse a acrescentar, prefiro dedicar outra folha dos meus escritos ao assunto em causa.


20.08.06

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