Já lá vai muito tempo que os dias oito de Dezembro eram passados com muita festa. Por esse tempo, era o dia da mãe e nas aulas de lavoures do colégio fazíamos enxovais para os recém nascidos das famílias mais desprotegidas. Também nas aulas de desenho fazíamos quadros para a mãe, invariavelmente Nossa Senhora, com a imaginação que dispúnhamos naquela época. Aliás, o Ramalhão era um colégio de religiosas e isso levava que não se fugisse do tema.
Juntavam-se as mães dos pais, as nossas e nós e havia uma ceia muito animada, com um quadrinho pintado a lápis de cor, quase igual para todas…
Tudo se esfumou no passar dos anos. Hoje nem se fala disso por aí, como se fosse uma passagem tão antiga, como outras, na história da humanidade…
Como estou doente, deu-me para passar em revista partes de um passado, que muito embora não seja assim tão passado, levou-me a outras fases que fui vivendo. Algumas para esquecer. (Esquecer! Isso é que provaria que a minha inteligência estava aferida… )
Depois li uns Bloques. Já não os lia há muito tempo, porque o tempo é sempre limitado, quando se arranjam mil tarefas…
Num dos blogues li um fragmento de texto muito interessante. Até fiquei com a tal ideia de que a “carapuça” poderia servir à medida, a uma das pessoas minhas amigas. Há sempre quem é mais esperto e “nas costas de uns lêem as suas…”
Nada seria devastador se não se usassem terceiros para arranhar e magoar…a tal violência psicológica que tão bem é aplicada, para que o ego seja elevado… A melhor pessoa do mundo! Quem sabe mais! A pessoa mais perfeita! Tudo o resto é por acaso…
Mas eu continuo a insistir que não é justo criar um clima amoroso à volta das pessoas e depois pô-las na lama ou simplesmente ignorá-las. Rejeitar, agredir, magoar, são formas de agir que não aprendi e por isso, não sei defender-me. Sabe-lo bem, assim como o sabia a minha amiga Manela, que tantas vezes me disse que o perigo estava mesmo ali ao lado… Agora que não estou bem, percebo perfeitamente o que ela queria dizer.
Passei pelo arquivo fotográfico e depois ouvi algumas gravações. Engraçado! Como foi possível uma transformação tão radical. Apaguei-as. Para quê continuar a ouvir o que nem sequer foi dito com sentimento… Assim como alguns escritos que havia guardado religiosamente… e neste momento estão no saco para o papelão… Tanta farsa!
Às vezes sinto-me uma perfeita idiota. Outras, sinto uma revolta imensa, outras ainda, tenho uma incomensurável saudade daquele tempo, que no cimo das ameixieiras, fazia competição com os melros lá da quinta…
Já li o livro! Afinal o vilão lá conseguiu embarretar mais uma vítima… Serial Killer! Mas era esperto! Mas não tanto, que se esqueceu que não há crimes perfeitos… a não ser que tivesse tomado o resto do veneno… mesmo assim gostei.
Uma vez mais o pulso subiu aos cento e tal, depois baixou, e voltou a subir aos noventa e cinco… Estranho. Não tenho nada que esteja pendente nem fiz mal a ninguém, nem pus ninguém de parte… muito pelo contrário… até a minha saudade esteve muito no meu pensamento. Sempre devemos respeitar a memória dos que só nos fizeram bem e nunca ousaram fazer-nos sentir uns zeros.
08.12.07
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2 comentários:
Agradeço a visita e desejo as melhoras.
Quando a saúde não está bem, tudo se complica.
Bom Domingo
Recordações boas da nossa infância são sempre agradáveis. Ainda hoje estou para saber porque mudaram o dia da Mãe. A saudade e uma constante na nossa vida e há momentos em que ela aperta, quase sufoca. Também me sinto idiota muitas vezes e gostaria de ter um botão para desligar certos pensamentos. Talvez tenha, mas esquci-me como é e perdi o livro de instruções.
Vejo que esse coração continua descompassado. Espero que um bom médico encontre resposta e cura para ele.
Beijinhos
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