Antepenúltimo dia do último mês deste ano de (dês)graça de 2008.
Altura ideal para fazer um balanço dos trezentos e sessenta e dois dias já passados… os restantes, para os trezentos e sessenta e cinco, não serão certamente relevantes a ponto de me fazer adiar este balanço.
Para já, porque lhe chamo um ano de (des)graça? Pois bem! Há um ano que foi diagnosticado um carcinoma das células pequenas no meu pulmão direito. Cigarros! Infelizmente não. Contribuíram, mas não foram “os causa” próxima… Acontece, como muitas das outras coisas que foram acontecendo no decorrer do ano… e que me entristeceram…
A nível mundial o que nunca seria de pensar, aconteceu: Crise!!! Quem diria que nos EUA havia uma “Dona Branca” no masculino, como uma tal portuguesa, mas muito mais sofisticada… e que levou bancos e banqueiros a ficarem “mancos”… E cá?!!! Alguém iria desconfiar da falsidade de certas instituições bancárias que se consideravam “seríssimas”…? Não falando em banqueiros corruptos que até estão presos… só com o que não posso concordar é que estejam presos em casa… deviam ser iguaizinhos aos demais desonestos que vão “dentro”, excepto aquele célebre ex-dirigente do Benfica, que vive à lorde, em Londres…
Mas tudo isto é nada perante desgraças que a Natureza assina com a sua rubrica muito característica: as cheias que deixam tanta gente desalojada… os sismos que deixam destruição onde já a pobreza impera… Ditadores que inventam impossibilidades para justificarem a sua indiferença ao avanço da cólera, da SIDA e outros males como o dirigente do Zimbabwe, que vive na opulência e deixa o seu povo na maior das desgraças e sofrimentos…
E no nosso jardim à beira mar plantado? O que por aqui vai, para além da banca… O surto de gripe ainda nem está a ser dos piores malefícios… a falta de cidadania e o que vai pela educação é muito mais problemático… sempre há gente muito teimosa… será que não dá para entender que a teimosia pode ser um disfarce de incompetência? (quando era garota vivi em Sintra, e diziam os vendilhões uns para os outros, perante a teimosia dos seus burricos, albarde-se o burro à vontade do dono)… pois! Dá para entender.
Incrível foi também o que Bento XVI referiu no seu discurso na Cúria e que não resisto em transcrever o excerto da notícia:” O Papa Bento XVI afirmou que «salvar» a humanidade do comportamento homossexual ou transexual é tão importante quanto salvar as florestas tropicais, avança a agência «Reuters».”E em outro parágrafo ainda li: “O Papa afirmou que os comportamentos que vão além das relações heterossexuais são «a destruição do trabalho de Deus». Aos crentes, gostaria de perguntar quem criou a Natureza…
No balanço que tento fazer, muito por alto, deste ano em fase final, ainda não incluí umas linhas extra, mas que apenas são destinadas ao “revisor” ou seja, ao meu Eu mais íntimo… Detesto deslealdades! e muito francamente a omissão como justificação de privacidade, não me convence… Não omito. Não minto nem finjo… sou como sou; sou sobretudo leal e sejam quais forem as consequências, assumi-las-ei.
29.12.08
segunda-feira, dezembro 29, 2008
BALANÇO
quinta-feira, dezembro 04, 2008
VISITAS AO PASSADO
Desci a escada. Dei a volta à chave e entrei. Tudo estava desordenado como deixaras a ultima vez que lá estiveras… Não resisti. Sentei-me na berma da cama e chorei amargamente pela triste saudade que partiu e teima em nunca mais voltar…
Passaram minutos ou horas, não sei. Apenas senti ter esvaziado o meu pranto, ter esgotado as forças e pegando no que me levara a ir lá abaixo, voltei. Voltei mais triste, mais só, mais sem os nadas que ainda imaginava ter…
Os lençóis revoltos como as marés vivas de Setembro, fizeram-me reviver tão velhos momentos… subi a escada, bati e entrei. Uma visita! Cinco vinte e um! He! He, he, he… ainda te lembras? Página, linha… pois! Há coisas que nunca conseguimos esquecer…
Respirei fundo e tentei concentrar-me para ouvir aquela música que pensava ainda ter na memória… mas esvaiu-se e apenas consigo recordar um pouco do som do carro quando avariava…
Depois a tua voz suou como se estivesses ali dentro, na outra divisão onde não fui… nada havia a fazer lá.
Pareceu-me sentir ainda o teu calor quando peguei no edredão para o dobrar… foi há tanto tempo e pareceu que apenas uns minutos tinham passado… Tudo parece estranho ao mesmo tempo que tudo é tão natural. Serei eu a imaginar ou ter-se-á passado mesmo assim? Para imaginação esteve perfeita. Para ter sido realidade, pouco faltou para pensar que era mentira… ou não estaria agora aqui, a lamentar estar tão só e sem lágrimas mas com a alma num choro compulsivo…
Entretanto veio a noite. Escureceu o céu, muito encoberto e também chorando uma chuva miudinha, a fazer coro com a minha lamúria …
04.12.08
Passaram minutos ou horas, não sei. Apenas senti ter esvaziado o meu pranto, ter esgotado as forças e pegando no que me levara a ir lá abaixo, voltei. Voltei mais triste, mais só, mais sem os nadas que ainda imaginava ter…
Os lençóis revoltos como as marés vivas de Setembro, fizeram-me reviver tão velhos momentos… subi a escada, bati e entrei. Uma visita! Cinco vinte e um! He! He, he, he… ainda te lembras? Página, linha… pois! Há coisas que nunca conseguimos esquecer…
Respirei fundo e tentei concentrar-me para ouvir aquela música que pensava ainda ter na memória… mas esvaiu-se e apenas consigo recordar um pouco do som do carro quando avariava…
Depois a tua voz suou como se estivesses ali dentro, na outra divisão onde não fui… nada havia a fazer lá.
Pareceu-me sentir ainda o teu calor quando peguei no edredão para o dobrar… foi há tanto tempo e pareceu que apenas uns minutos tinham passado… Tudo parece estranho ao mesmo tempo que tudo é tão natural. Serei eu a imaginar ou ter-se-á passado mesmo assim? Para imaginação esteve perfeita. Para ter sido realidade, pouco faltou para pensar que era mentira… ou não estaria agora aqui, a lamentar estar tão só e sem lágrimas mas com a alma num choro compulsivo…
Entretanto veio a noite. Escureceu o céu, muito encoberto e também chorando uma chuva miudinha, a fazer coro com a minha lamúria …
04.12.08
segunda-feira, novembro 24, 2008
IRONIZANDO
Ouvi notícias, li umas folhas de jornais
E fui para a janela ver chover…
Tudo isto é uma palhaçada
Que passa como fortes vendavais…
E por mais que me façam crer,
Não vejo nada nesta pobre desgraçada.
Política! Que nome de baptismo sem futuro
Se não lhe derem mais instrução,
Se não lhe ensinarem a ser cidadão
Se, sem vaidades e batom não aparecer disfarçada
E passe a respeitar os seus iguais…
Política salarial!
Politica laboral,
Política empresarial…
Há! Esqueci a Política de quem sabe mais (?)…
E mais notícias e mais jornais…
E vêm novos desentendimentos
Porque ninguém quer ficar no rol dos despedimentos…
Vamos avaliar!
Vamos saber quem vai ficar!
Vamos … ver se dará certo,
Pois para isso é fundamental
Que não haja fingimentos…
Que avaliar por perto
Pode ser assunto fatal…
Os objectivos! Diários ou anuais?
Objectivo principal…
Não são fáceis os objectivos individuais
E se formos professores,
Não digo, pois pode estar mal…
Mas à cabeça traz muitas dores…
Use-se a palavra certa
E não mais o fingimento
Aprender é uma porta aberta
Para o nosso engrandecimento…
Abra-se a porta à aprendizagem
E não se escutem palavras vãs…
Apreciem como se está no Parlamento
E pesquisem pelo célebre Magalhães…
24.11.08
quinta-feira, novembro 13, 2008
DILEMAS DE QUEM TEM DE LIMPAR O PÓ
Há coisas que temos de fazer, mesmo a convalescer de um cancro. Limpar o pó é uma delas, mesmo não sendo das coisas mais agradáveis que se fazem. Eu associo o limpar o pó a varias actividades mentais, isto num programa de autoavaliação que criei para classificar as minhas faculdades cognitivas.
Tenho muitos pratos espalhados pelas estantes da sala. Há anos deu-me para ser coleccionadora de pratos. Depois vieram as chávenas de café e ainda depois as chávenas miniatura. Vejam só como é a minha limpeza de pó…e nem deixo a tarefa por mãos alheias porque adoro as minhas bugigangas…
Mas hoje, ao fim do dia a tarefa vai ser muito mais leve. Eu explico porquê… um dos meus alunos sénior, ofereceu-me um livro, que segundo ele, opera maravilhas… (não sei bem o que são maravilhas para ele…) O Segredo! São conceitos! Depois de ter sobrevivido à morte, não sei bem onde encontrar outras maravilhas…Mas dizia eu que a minha tarefa era facilitada pela leitura de alguns excertos do Segredo… Aladino! Ora não se está mesmo a ver que limpar o pó e limpar a lâmpada de Aladino estão em sintonia? Pois é! Vamos a ver se ao limpar a minha candeia o Génio aparece e repita a frase célebre – o teu pedido é uma ordem!...
Mas estou num dilema. Se limpo a lamparina e aparece o Génio, o que lhe vou pedir? Se pensar só em mim, peço-lhe o que sabes muito bem, mas o que eu quero pode não ser o que quer a quem associaria o meu pedido, e logo fico noutro dilema, pois há tanta gente neste momento que ficaria feliz com algo que não prejudicasse as suas vidas… e as deixasse funcionar racionalmente e sem atropelos….
Está decidido. Hoje não vou limpar o pó e talvez lendo mais um pouco do Segredo, encontre solução para o que pedir ao Génio, caso apareça, e lhe fale das minhas reticências e ele dirá, possivelmente: o teu pedido é uma ordem…
13.11.08
16H00 no comboio
segunda-feira, novembro 10, 2008
I HAD A DREAM…
Pois é verdade, tive um sonho, mas já acordei há bastante tempo… Por muito estranho que possa parecer, sonhos todos temos, só que alguns têm sonhos de maquiavelismo, com o fim de fazer de conta que estão a fazer um “papelão” mas apenas estão a fazer o seu “papel”…
No meu sonho havia já sido eliminada a prepotência, a arrogância, a intransigência, a teimosia… a outros atributos que são característica de incompetências e de formas de fazer de conta que se é muito bom. Mas ao ter acordado há tanto tempo do meu sonho, constatei que na realidade todo o meu sonho não passara de sonho.
Hoje muito bem acordada e depois de ter amadurecido os meus pensamentos no que respeita à manifestação dos senhores professores, com a qual estou de pleno acordo, tenho de concluir que há aqui qualquer coisa que transcende as nossas mentes… será que o QI deixou de ser levado em consideração para aqueles que têm de exercer cargos de tão elevada nobreza?
O professor tem uma tarefa sumamente importante na transmissão de conhecimentos e formação geral, daqueles a quem dedica a sua actividade. Mas o docente é um ser humano. Não é possível exigir mais a um ser humano do que o que for para além das suas capacidades vitais.
A tarefa de um docente é ensinar, ou seja, transmitir conhecimentos. Ora os conhecimentos têm de ser actualizados constantemente, por isso a tarefa dos professores é cansativa, trabalhosa e plena de responsabilidade. Não se pode deixar para depois, porque as mutações são constantes e por isso as actualizações também. Mas ainda há factores de sobremaneira importantes que devem ser considerados. Um docente respeitando a sua actividade, encara as suas turmas como um aglomerado de seres humanos como ele, e por tal tem de adaptar a sua forma de transmitir esses conhecimentos, estudando os seus alunos e qual a melhor forma de os sensibilizar para as matérias que lhes está a ministrar. Além disso ainda é interessante a tarefa de adaptar as matérias dos manuais às realidades de receptividade dos alunos, sejam elas quais forem e sejam quais forem as suas idades, e/ou o meio onde estão inseridos e todas as outras condicionantes existentes, nesta transmissão de conhecimentos.
Para casar o meu ponto de vista com as realidades actuais, li o Decreto-lei nr.15/2007 (II), Atgº 44º - Processo de avaliação do desempenho – a consultar em http://avaliacaodesempenho.te.pt/. A minha opinião é que há demasiada burocracia e perda de tempo para se constatar a realidade dos factos – interessar as crianças e os jovens na actividade de aprendizagem. O ir à escola tem de ser um acto de prazer e não uma “estopada” quer para alunos ou docentes. Outro, porque não outros aspectos a ter em linha de conta, é o facto de não se poder ser completamente imparcial numa avaliação dentro destes moldes. Sejamos coerentes. O grau de insatisfação já atingiu um patamar que não permite imparcialidades. O jogo posto a circular de que uns querem e fazem e outros não, é para dividir, para comandar.
Sem querer ser demasiado longa, ainda acrescento que no processo de avaliação de desempenho, cada docente deve apresentar evidências do desenvolvimento do seu percurso profissional… muito vago! Foram dados instrumentos suficientes aos docentes até à data, para que com toda a seriedade pudessem fazer essa sua auto-avaliação? Há percursos, variáveis e revezes que nunca poderão ser equacionados com toda a limpidez… Vamos reflectir para sermos imparciais na forma de ajuizar e opinar.
10.11.08
No meu sonho havia já sido eliminada a prepotência, a arrogância, a intransigência, a teimosia… a outros atributos que são característica de incompetências e de formas de fazer de conta que se é muito bom. Mas ao ter acordado há tanto tempo do meu sonho, constatei que na realidade todo o meu sonho não passara de sonho.
Hoje muito bem acordada e depois de ter amadurecido os meus pensamentos no que respeita à manifestação dos senhores professores, com a qual estou de pleno acordo, tenho de concluir que há aqui qualquer coisa que transcende as nossas mentes… será que o QI deixou de ser levado em consideração para aqueles que têm de exercer cargos de tão elevada nobreza?
O professor tem uma tarefa sumamente importante na transmissão de conhecimentos e formação geral, daqueles a quem dedica a sua actividade. Mas o docente é um ser humano. Não é possível exigir mais a um ser humano do que o que for para além das suas capacidades vitais.
A tarefa de um docente é ensinar, ou seja, transmitir conhecimentos. Ora os conhecimentos têm de ser actualizados constantemente, por isso a tarefa dos professores é cansativa, trabalhosa e plena de responsabilidade. Não se pode deixar para depois, porque as mutações são constantes e por isso as actualizações também. Mas ainda há factores de sobremaneira importantes que devem ser considerados. Um docente respeitando a sua actividade, encara as suas turmas como um aglomerado de seres humanos como ele, e por tal tem de adaptar a sua forma de transmitir esses conhecimentos, estudando os seus alunos e qual a melhor forma de os sensibilizar para as matérias que lhes está a ministrar. Além disso ainda é interessante a tarefa de adaptar as matérias dos manuais às realidades de receptividade dos alunos, sejam elas quais forem e sejam quais forem as suas idades, e/ou o meio onde estão inseridos e todas as outras condicionantes existentes, nesta transmissão de conhecimentos.
Para casar o meu ponto de vista com as realidades actuais, li o Decreto-lei nr.15/2007 (II), Atgº 44º - Processo de avaliação do desempenho – a consultar em http://avaliacaodesempenho.te.pt/. A minha opinião é que há demasiada burocracia e perda de tempo para se constatar a realidade dos factos – interessar as crianças e os jovens na actividade de aprendizagem. O ir à escola tem de ser um acto de prazer e não uma “estopada” quer para alunos ou docentes. Outro, porque não outros aspectos a ter em linha de conta, é o facto de não se poder ser completamente imparcial numa avaliação dentro destes moldes. Sejamos coerentes. O grau de insatisfação já atingiu um patamar que não permite imparcialidades. O jogo posto a circular de que uns querem e fazem e outros não, é para dividir, para comandar.
Sem querer ser demasiado longa, ainda acrescento que no processo de avaliação de desempenho, cada docente deve apresentar evidências do desenvolvimento do seu percurso profissional… muito vago! Foram dados instrumentos suficientes aos docentes até à data, para que com toda a seriedade pudessem fazer essa sua auto-avaliação? Há percursos, variáveis e revezes que nunca poderão ser equacionados com toda a limpidez… Vamos reflectir para sermos imparciais na forma de ajuizar e opinar.
10.11.08
sexta-feira, novembro 07, 2008
ONDE LI: No Portal da Educação
Passeando pelos blogues onde posso recolher algo que satisfaça a minha curiosidade, cheguei ao Portal da Educação. Bem, será que é mesmo verdade ou pura propaganda? Não condiz nada com o que tenho ouvido por parte dos senhores docentes… Alguém anda a mentir… mas os professores são muitos… combinaram assim tão bem o que iriam dizer?
Não resisto em transcrever o que lá li, o que pode ser constatado por quem consultar o sitio http://min-edu.pt/np3/2805.html - “Processo de avaliação docente avança em todas as escolas
O processo de avaliação docente está a avançar em todas as escolas, de acordo com a informação da Direcção-Geral de Recursos Humanos da Educação.
Desmentem-se assim as alusões, contraditórias entre si, em jornais diários de hoje, a suspensão, adiamento, atraso ou interrupção do processo de avaliação”.
Creio que se está a atravessar uma crise, também neste sector. Impera o bullying entre os alunos e muitas vezes entre os professores. O burnout também tem vindo a tomar conta de muitas atitudes que não deveriam ser tomadas… A culpa está no stress e o stress é a consequência de vários factores, como a insegurança (económica, social e muitas vezes emocional).
Voltando a ler o fragmento que transcrevi, parece-me ter como finalidade dividir opiniões. Dividir para reinar. É um método muito velho e bem conhecido por quem já tenha muitos anos…
Creio que já chega de estratagemas para esconder incompetências. Sejamos adultos e pensemos antes de deixarmos que ideias pouco produtivas anulem a boa vontade de quem gosta do que faz.
04.11.08
Isabel carmo
sexta-feira, outubro 31, 2008
NÃO DÁ PARA PERCEBER…
Às vezes contam-nos coisas que achamos insólitas, porque até parece que nos estão a contar anedotas… mas não! Posso dizer que se passou comigo, aqui vivinha, que nem vão acreditar…
A 25 de Julho de 2008, finalizei um ciclo de aplicações de radioterapia no Cérbero. Após a sessão seguiu-se uma consulta onde foi marcada uma consulta para apreciação de exames a fazer. Consulta essa marcada para 30 de Outubro às 14H00. Até aqui tudo bem, e sem quaisquer contestações. Uma semana antes da data prevista para a referida consulta, para lembrar a mesma, foi-me enviado um MSN, ao qual bastaria responder sim ou não. Perfeito! Respondi sim, até que já haviam sido feitos todos os exames prescritos e cujos resultados seriam apreciados na dita consulta e numa outra posterior, a realizar em outro centro hospitalar.
Dois dias antes da famigerada consulta, voltei a receber um novo MSN, com a mesma lenga-lenga. Liguei para o número opcional, pois poderia ter acontecido não terem recebido o “sim” anterior. Depois de dar a volta pelos números todos, que respeitam a diversos departamentos e consultas, lá cheguei a um que ao cabo de uns minutos me permitiu falar com um senhor, muito simpático, que me explicou que as mensagens apenas serviam para avivar a memória dos pacientes. Não necessitava mais nada.
Agora começa a odisseia…
No impresso de marcação da referida consulta, pede para que estejamos meia hora antes da hora da marcação.
A chuva, o vento e um friozinho pouco agradável, fizeram-me chegar apenas cinco minutos antes da hora marcada; apresentei ao balcão o impresso da marcação e mandaram-me sentar, pois chamar-me-iam logo que fosse para a consulta.
A minha rejeição àquele local é superior à minha vontade. Dentro de mim desfaço-me em lágrimas e sinto um terror incomensurável no caso de ter de voltar a transpor aquela porta vermelha…
Uma hora depois, portanto 15H00 chamaram-me ao balcão para reconfirmar a minha presença. Voltaram a mandar-me sentar. Chamar-me-iam quando fosse para ir para a consulta…
Às 15H35 voltaram a chamar-me. Não para a consulta. A explicação é que havia um lapso com o nome do médico a atender-me. Iam à procura de uma médica que estaria a almoçar, por isso, que voltasse a esperar…
Dezasseis e cinco minutos! Dirijo-me ao balcão e pergunto se a médica ainda estaria a almoçar… Nada disso! Não se sabia. Um outro médico que procede ao acompanhamento dos doentes em sessões de radioterapia ver-me-ia, pois que eu já estava à espera havia muito tempo…
Um amor de senhor, sem dúvida, que pediu vezes sem fim desculpa. Mas a verdade é que ele não tem culpa nenhuma.
A explicação que me deu este médico e muito bem dada é resultante do programa informático que os médicos têm de accionar para marcar a próxima consulta. Claro que aceita a data! Mas o problema é outro. Na data que o programa assume, nem está esse médico nem essas consultas são nesse horário… Vá-se lá entender que programas informáticos são estes…
E com uma angústia sem medida, com uma dor que nem sabia de onde provinha, vim embora, com a única consolação… cognitivamente não fora afectada…
30.10.08
NÃO ESTROPIO O SENTIMENTO
Esfarelam-se as palavras como migalhas de pão duro. Deixam um ruído a pairar e na alma fica o arrepio do som metálico no vidro… enquanto todos os ruídos se cruzam, caminho pelo caminho que tracei. Um caminho tortuoso cheio de precipícios onde a cada passo sinto a tentação da sua atracção…
Todos os caminhos me levaram ao caminho que me fez abeirar de ti. Frondosa árvore onde me amparei quando o cansaço me fez oscilar e quase desistir de prosseguir o meu caminho… e caminho pelo caminho que tracei para não te perder nunca…
No meu caminho há muitas palavras, muitos dizeres, muitos livros e sempre a constante curiosidade de saber mais. Um caminho cheio de porquês, em que cada porque é uma flor a desabrochar, em que cada pétala é a página que irei ler a seguir. Cada página tem a tua imagem e tudo o que nela deixas escrito é para despertar ainda mais curiosidade.
Tem cada palavra o condão de desbravar horizontes ainda desconhecidos. Cada frase tem um destino, embora possas não o identificar… gosto de idealizar os teus protagonistas…
No meu caminho, muitas vezes senti que estes ou aqueles dizeres me perturbavam, mas como os que dizes, jamais havia sentido… Um afecto muito íntimo me faz abraçar cada palavra com devoção, sem que estropie este belo sentimento…
30.10.08
sexta-feira, outubro 24, 2008
NO PAPEL
A palidez do papel branco aceita a minha tinta preta e recebe todas as letras que lhe vou deixando como se fossem desenhos simétricos e repetidos…
Todas as letras fazem palavras que, muitas vezes traduzem beleza, outras apenas deixam ler a tristeza ou ainda pretendem esconder as cicatrizes que vão perdurando na alma…
Cicatrizes são muitas vezes amargores que se fixam e perturbam o dia a dia. A distância origina pesares que se vão acumulando e quando damos conta de nós, estamos num sofrimento incomensurável…
Parti várias vezes. Sempre a sonhar que tudo iria ser como sonhara… mas que engano! Apenas somei dores e sempre mais só.
Lembro-me do Cais de Alcântara e da largada do navio….Recordo sempre o olhar da mãe e do pai… e entre a multidão que apinhava o cais, em despedida dos que partiam, havia um par de olhos castanhos que ficaram gravados no meu peito…
Como me lembro de ter passado tantos dias a chorar… enquanto outros passavam-nos enjoados… mas a saudade dominou todos os meus pensamentos, apenas desejei virar a página o mais rapidamente possível… que saudade!
As cicatrizes também podem ser arrependimentos… alguns! Mas todos os passos apenas serviam para me justificar à solidão.
Depois, um dia, parti em sentido contrário. Foi o que decidi. Foi doloroso. Gostava do que fazia, gostava de toda a gente e das flores que cobriam as árvores da minha rua. Mais uma vez ficaram olhares perdidos entre o céu e a terra, de todos os que jamais voltarei a ver… saudade! Talvez mais umas cicatrizes…
Mas nem sempre fui eu que parti! Que lutos dolorosos tenho atravessado. Há sempre alguém que se vai… e não volta mesmo, ou deixa-me no esquecimento, porque viver é tudo isto. Ou se fica perto ou se fica longe, cada vez mais longe até que a distância passa a ser outra vida.
A palidez do papel aceitou minha escrita. Aceitou as lágrimas que foram escorregando pela face e deixou que a saudade que me aperta a alma fosse um longo suspiro moribundo…
24.10.08
sexta-feira, outubro 03, 2008
DIÁRIO DE UMA NOITE FRIA
Quando escrevo, é porque escrevo. Escrevo, porque gosto muito de escrever e porque é uma terapia. Escrevo atabalhoadamente, porque apenas deito para fora o pensamento do que fervilha na minha alma. É uma forma de falar comigo pela escrita. Um monólogo feito diálogo para expandir minhas revoltas, meus sentires e lamentos… Para afagar meus afectos ou para abafar minhas angustias…
Quando leio notícias nos jornais, ou vejo certas reportagens nas televisões, fico transtornada. É isto o século XXI! Intolerância, desrespeito, repressão… será que estamos mesmo no século XXI? Afinal continuam os suseranos e os servos da gleba…
Adoras imaginar que o que escrevo é para ti e pões-te a imaginar cenas, como se fosses o centro de todas as atenções… não és diferente das outras pessoas… gostas de fazer de conta que és o supersumo das deferências. Mas tens de entender que apenas mereces o que tens…
Um dia acordas e vais estar só. Pensas que todos vão gostar de ti ao ponto de aceitar a forma irreverente como tratas os amigos?...
Vens espreitar, pela calada da noite, o que deixo escrito, para depois criticares e chegas e ter o atrevimento de me aconselhar uma consulta de psiquiatria… (penso que quem está mesmo a precisar és tu) … Já se viu o atrevimento de rires descaradamente, quando falo? Será que não é digno de meditação, no mínimo, as observações que faço quanto a pobreza, lacunas no ensino… oportunistas que têm vários “tachos”, prejudicando outros que também precisam de trabalhar… Pois creio que uma consulta de “aconselhamento” filosófico ficava-te mesmo bem… não percebi ainda é se nessas consultas se tratam de segredos de alcova… Por essa ordem de ideias, em vez dos simples copos de água, nas bancadas da Assembleia da Republica havia sempre umas caixinhas com calmantes… Obrigada pelo alvitre… e já agora, o tal “ti” ou “tu”, que não és tu seguramente, podes chamar-lhe “Zé Povinho”…
04.10.08
terça-feira, setembro 30, 2008
NO TEMPO EM QUE O TEMPO FOI SONHO
Tempo. Tempo, mas o tempo tem muitos tempos. O tempo aparece em horas, aparece em dias e meses e muitos tempos fazem anos e eras. O nosso tempo ainda é o tempo activo e o tempo de descanso… No tempo vivemos e sonhamos e mesmo no tempo de vigília, sonhamos… dos nossos tempos e dos nossos sonhos se faz a nossa vida. Vida que tem passado, presente e futuro… sendo o tempo de futuro o mais incerto…
O estranho é não nos apercebermos que o tempo em que sonhamos, é um tempo gasto como em qualquer outra actividade, com a diferença de o sonho não ser produtivo… Talvez não seja bem assim. Por vezes, inconscientemente, estamos a sonhar e acto continuo pomos em acção o sonho que acabara de ser sonhado. Era viável o que se viveu no sonho e por isso sai escrita, musica, sai uma obra de arte ou até uma peça de marcenaria…
Todos sonhamos, independentemente do nosso tempo, porque o meu tempo não é o mesmo de qualquer outra pessoa. O tempo geral é o mesmo para todos, se considerarmos um mesmo local em latitude e longitude. A loja abre às nove horas (aqui e neste tempo) e todos os que lá trabalham têm o mesmo tempo de começo e depois de saída, mas quem vai fazer as suas compras, tem o seu próprio tempo e nesse tempo não estarão outros tempos introduzidos.
O sonho ou os sonhos que vão decorrendo nos nossos tempos, não são verdades. O sonho é um engano. É um faz de conta que apenas é realidade no sonho; (sonhos durante a vigília, são muitas vezes sonhos perniciosos…)
O tempo no sonho não é tempo contável. O sonho é intemporal no tempo em que o sonho se desenrola. Não é raro acontecer entrarmos no sono, no nosso tempo, quer fisiológico quer no fuso horário em que nos encontramos e neste tempo em que dormimos, numa viagem constante, estamos dois séculos atrás, entre intrigas palacianas, ou muitas décadas à frente, numa guerra entre seres de outros astros do sistema solar…
Sonha-se mesmo quando não nos apercebemos que o sonho está a acontecer…
25.09.08
quarta-feira, setembro 24, 2008
COMO CHOVE!
Quando escrevo, sou como a chuva que cai lá fora: molho tudo e todos indistintamente. Não tenho nem a preocupação nem a pretensão de atingir A, B ou C… Se o gorro cabe em alguma cabeça, desculpem, mas prefiro ignorar. É mero acaso. Mas tenho dúvidas que existam seres similares àqueles que a minha imaginação cria…
Quando pretendo mandar recadinhos, escrevo uma carta ou pego no telefone e despejo o saco, se o interlocutor estiver pelos ajustes de me ouvir… normalmente não está ou tem uma tão forte argumentação, que me deixa no silêncio… São tácticas peculiares do aconselhamento filosófico, a ética é posta em evidência com argumentações inefáveis…
A propósito de me deixar no silêncio, recordo-me o que aconteceu esta manhã… Preparava roupa para meter na máquina, e como sempre, viro a roupa das avessas e despejo os bolsos, para confirmar que não há nada que possa prejudicar a máquina e espanto! O meu N 78 estava no bolso das calças que despira no dia anterior… Incrível! Fartei-me de o procurar quando o outro foi a carregar e nada. Nada de contactos! Quase chorava com medo de o ter perdido… mas a surpresa foi excelente. Já está comigo! E veja-se que tinha várias chamadas não atendidas… como o havia de ouvir? Vá agora explicar a quem me ligou, o que aconteceu… Estou mesmo a ver que alguém, super, não vai acreditar. Inconveniências de quando se usa a mentira e não se acredita na verdade dos outros… Aposto que neste momento há birra, para dizer que birra com birra se paga… entretanto, e porque ainda estou a deglutir algumas “coisinhas”, prefiro deixar arrefecer as ideias e fingir que ignoro que a pessoa X e a pessoa X’ é que são as ideais e que estão na rota do encantamento…
Parou de chover! O hino ao Outono cantou os seus primeiros acordes e agora os pássaros cantam, como que a saudar a lavagem das suas plumagens…
Trovejou por breves instantes e à distância, ainda se ouve um sumido ribombar… são tardes como esta que me deixam marcada a ausência e fazem reavivar a saudade… mas tudo acaba e nisso tens razão. Parte para outra, porque mesmo dos que morrem, a saudade se esvai… é como a nuvem, desfaz-se com o vento.
22.09.08
segunda-feira, setembro 22, 2008
PALAVRAS ESFARRAPADAS
Esfreguei os olhos. Voltei a esfregar, como quem torce o pano de limpeza, para que não escorram mais gotas, neste caso, de lágrimas… mas não choram apenas os olhos, chora a alma, e essa, tão doloridamente, como que em despedida, e, plenamente consciente de que a vida acaba aqui… esta fase da vida.
Perdi! Não joguei, nada disso. Há coisas muito mais sérias do que jogar… muito embora a vida seja um conjunto de jogos, em que uns aplicam, outros gastam e outros divertem-se a ver os que aplicam e os que gastam…
Acordei cedíssimo. A dor de cabeça prolongou-se pelo dia todo. O pulso voltou a subir… a zona a chatear… e o cansaço habitual… e para cúmulo, ainda me põem nos confins do desprezo, em troca de umas modernices… é verdade, afinal o jogo dos interesses é muito forte! E ainda nos espantamos com o que figuras públicas fazem, nas trocazinhas de favores… quando toda a gente joga no favorecimento dos seus interesses e nos seus encantamentos, para usufruir do benefício de estar no bem bom. Daí, esquecer os que estiveram (mas a fazer de conta) no top mais… porque realmente ninguém está de certeza nessa posição. No dia em que já não interessa, passai bem e até depois…
Até parece que estou azeda… mas não. Estou desiludida e muito. Não me conformo de nunca passar de um mero objecto de utilidade para quem tem a habilidade de enganar com palavrinhas doces e às vezes bem amargas… bem me lembro ainda de uma palavra que me ofendeu bastante -“nojo”- porque o gosto do tabaco era infernal… mas haveria modos diferentes de o dizer… Consola-me saber que deixaram de haver fumadores e outros tipos de odores… Eu continuo a usar o Chanel 5…
22.09.08
Perdi! Não joguei, nada disso. Há coisas muito mais sérias do que jogar… muito embora a vida seja um conjunto de jogos, em que uns aplicam, outros gastam e outros divertem-se a ver os que aplicam e os que gastam…
Acordei cedíssimo. A dor de cabeça prolongou-se pelo dia todo. O pulso voltou a subir… a zona a chatear… e o cansaço habitual… e para cúmulo, ainda me põem nos confins do desprezo, em troca de umas modernices… é verdade, afinal o jogo dos interesses é muito forte! E ainda nos espantamos com o que figuras públicas fazem, nas trocazinhas de favores… quando toda a gente joga no favorecimento dos seus interesses e nos seus encantamentos, para usufruir do benefício de estar no bem bom. Daí, esquecer os que estiveram (mas a fazer de conta) no top mais… porque realmente ninguém está de certeza nessa posição. No dia em que já não interessa, passai bem e até depois…
Até parece que estou azeda… mas não. Estou desiludida e muito. Não me conformo de nunca passar de um mero objecto de utilidade para quem tem a habilidade de enganar com palavrinhas doces e às vezes bem amargas… bem me lembro ainda de uma palavra que me ofendeu bastante -“nojo”- porque o gosto do tabaco era infernal… mas haveria modos diferentes de o dizer… Consola-me saber que deixaram de haver fumadores e outros tipos de odores… Eu continuo a usar o Chanel 5…
22.09.08
sexta-feira, setembro 05, 2008
SEXTA-FEIRA!
Depois de um dia acinzentado e ventoso, começou a chover. Gosto da chuva, quando ao de leve cai nas folhas das árvores e plantas e deixa que o som nos embale e acarinhe a nostalgia que estes dias nos deixam…
Chove ainda, depois da noite nos ter abraçado. Chove e choram os meus olhos por uma saudade que teima em entranhar-se por todo o meu ser.
A saudade é uma forma de fazermos sentir dentro de nós quem não está perto. É doloroso apenas sentir distância, quando temos alguém tão dentro de nós, a preencher nossos momentos e todos os nossos pensamentos…
Saudade de alguém, saudade de um lugar, de um objecto que estimámos e que por motivos que desconhecemos nos apartamos dele… é o que sinto quando recordo a caixa de madeira, de dois andares, onde guardava os lápis de cor, quando ainda era muito pequena… Saudade da nogueira, no recanto da quinta que mais me atraia, e que pelos meses de Setembro, em cada ano, me deixava colher as nozes, que ainda meio verdes, me sabiam deliciosamente… saudade das aventuras e das corridas, dos amiguinhos com quem partilhava rebuçados e chocolates, dos cadernos que escondia, cheios de desenhos e muitos versos.
Mas hoje a saudade ainda é outra… é saudade de mim própria… Saudade de correr pela rua fora para apanhar um autocarro, saudade de carregar no acelerador para não deixar que me ultrapassassem na estrada… saudade do que não vou voltar a ter… tardes de lançamento de livros, idas ao café do bairro com o pretexto de escrever, saudade sobretudo da companhia de quem vai deixar de vez de estar perto…. Saudade que consome, que destrói, que causa stress, que gera depressão, que deixa a alma sangrando de dor… e ainda há quem consiga deixar que amizades se percam…
05.09.08
Chove ainda, depois da noite nos ter abraçado. Chove e choram os meus olhos por uma saudade que teima em entranhar-se por todo o meu ser.
A saudade é uma forma de fazermos sentir dentro de nós quem não está perto. É doloroso apenas sentir distância, quando temos alguém tão dentro de nós, a preencher nossos momentos e todos os nossos pensamentos…
Saudade de alguém, saudade de um lugar, de um objecto que estimámos e que por motivos que desconhecemos nos apartamos dele… é o que sinto quando recordo a caixa de madeira, de dois andares, onde guardava os lápis de cor, quando ainda era muito pequena… Saudade da nogueira, no recanto da quinta que mais me atraia, e que pelos meses de Setembro, em cada ano, me deixava colher as nozes, que ainda meio verdes, me sabiam deliciosamente… saudade das aventuras e das corridas, dos amiguinhos com quem partilhava rebuçados e chocolates, dos cadernos que escondia, cheios de desenhos e muitos versos.
Mas hoje a saudade ainda é outra… é saudade de mim própria… Saudade de correr pela rua fora para apanhar um autocarro, saudade de carregar no acelerador para não deixar que me ultrapassassem na estrada… saudade do que não vou voltar a ter… tardes de lançamento de livros, idas ao café do bairro com o pretexto de escrever, saudade sobretudo da companhia de quem vai deixar de vez de estar perto…. Saudade que consome, que destrói, que causa stress, que gera depressão, que deixa a alma sangrando de dor… e ainda há quem consiga deixar que amizades se percam…
05.09.08
terça-feira, agosto 19, 2008
O MEU CANAVIAL
Amigos! Nem vos peço para acreditar. Levantou-se uma ventania, que sopra num ulular enfurecido, que mais parece uma tempestade invernosa do que uma tarde solarenga de Agosto…
Não tenho por hábito confessar nada do que faço ou vou fazer, porque ainda há por aí muitos preconceituosos que me iriam julgar… e juízo de valores não os admito para mim, porque não os faço a outros.
E vai daí, um dia destes passei por um canavial aqui perto e como tinha imensa necessidade de falar, abeirei-me e disse o que me ia na alma… receio bem que o que lá deixei foi mesmo a alma…
As canas hoje dançam num rodopio indescritível… e cantam num assobio de enlouquecer… e cantam os meus segredos… Nem nas canas posso confiar…
Ora veja-se que as canas, indiscretas, assobiaram tudo o que lhes disse e ao sabor do som do vento que lhes vai varrendo as folhas, vão revelando, passo a passo, os meus dizeres… Parece incrível!
Não deixei nomes no canavial… deixei sonhos e projectos e o que não queria que se descobrisse… era só meu e do canavial… agora é do sopro de vento que ruge como que querendo divulgar o que eu tanto escondia…
Não tenho por hábito confessar nada do que faço ou vou fazer, porque ainda há por aí muitos preconceituosos que me iriam julgar… e juízo de valores não os admito para mim, porque não os faço a outros.
E vai daí, um dia destes passei por um canavial aqui perto e como tinha imensa necessidade de falar, abeirei-me e disse o que me ia na alma… receio bem que o que lá deixei foi mesmo a alma…
As canas hoje dançam num rodopio indescritível… e cantam num assobio de enlouquecer… e cantam os meus segredos… Nem nas canas posso confiar…
Ora veja-se que as canas, indiscretas, assobiaram tudo o que lhes disse e ao sabor do som do vento que lhes vai varrendo as folhas, vão revelando, passo a passo, os meus dizeres… Parece incrível!
Não deixei nomes no canavial… deixei sonhos e projectos e o que não queria que se descobrisse… era só meu e do canavial… agora é do sopro de vento que ruge como que querendo divulgar o que eu tanto escondia…
19.08.08
sábado, agosto 16, 2008
A PENSAR…
Se não me doesse a cabeça, possivelmente escreveria um texto longo… longo que teria de contar as palavras para não ir além do que é permitido pelo bom senso. Nunca se deve abusar da paciência e boa vontade dos leitores… muito embora isso não tenha qualquer significado no que respeita a ser comentado o trabalho que se apresenta… claro que a justificação que recebi, é o facto de nada haver a acrescentar… eu diria, preguiça de pensar em uma resposta… Vem de lá a “cusquice”, a “ratadela”, mas escrever meia dúzia de “tretas” para se perceber que o trabalho que fizemos foi lido, isso dá muito trabalho…
Estou precisamente a lembrar-me dum trabalho que li no Blogue do Clube dos Pensadores, cujo título era Pensar Alto, da autoria de Joaquim Jorge e que apenas teve um comentário… não acredito que apenas uma pessoa tenha lido esse texto…
Começava por dizer o autor que a política deveria ser para servir os cidadãos e realizar os seus sonhos… mas que percebem os políticos de sonhos? Admito que nunca pensaram que, comer um simples prato de sopa, pode ser um acto político… Como é que os políticos podem realizar os sonhos dos seus concidadãos, se não vasculham bem quais as suas opiniões sobre certos assuntos que são do interesse comum? Ou quais são as sua preocupações fundamentais? Alimentam sim, o faz de conta, com algumas notícias bombásticas, como por exemplo a o desemprego estar e diminuir… Ninguém escuta ninguém e o importante é impor o que previamente é decidido entre as quatro paredes de um gabinete… sejam quais forem as consequências…
Há ingredientes que são essenciais para que os políticos sejam levados a sério e que as suas directivas sejam credíveis. É necessário respeitar para que se seja respeitado. Empinar o nariz e dizer que é assim, não leva a lado nenhum. Milhentas pessoas vão fazer exactamente o oposto… Quando se manda, é preciso saber mandar… e nem muita gente o sabe fazer em plena consciência. A partilha e a cumplicidade são ingredientes que têm de fazer parte dos que nos dirigem, para que possam ser ajudados a cumprir as suas decisões coerentemente e atempadamente, para que se possa interiorizar e entender bem o que é pretendido e quais as finalidades.
Claro que todos entendemos a conjuntura internacional e os respectivos problemas económicos, mas como há sempre possibilidade de serem feitas previsões, deveriam os pequenos investidores ser honestamente informados dos riscos que, eventualmente, podem correr, evitando assim de serem perdidos alguns fundos que as pessoas idealizavam ter como economias… é um detalhe insignificante, mas produziria o efeito de confiança nos cidadãos deste país.
Uma outra frase que me tocou foi aquela que diz termos na vida duas opções – ver passar a vida ou tentar alterá-la… Pensem! E façam as vossas opções. Mas, digam… gostamos sempre de sabem o pensam os nossos patrícios.
Hoje fico por aqui… amanhã há mais.
15.08.08
VER: CLUBE DOS PENSADORES
Estou precisamente a lembrar-me dum trabalho que li no Blogue do Clube dos Pensadores, cujo título era Pensar Alto, da autoria de Joaquim Jorge e que apenas teve um comentário… não acredito que apenas uma pessoa tenha lido esse texto…
Começava por dizer o autor que a política deveria ser para servir os cidadãos e realizar os seus sonhos… mas que percebem os políticos de sonhos? Admito que nunca pensaram que, comer um simples prato de sopa, pode ser um acto político… Como é que os políticos podem realizar os sonhos dos seus concidadãos, se não vasculham bem quais as suas opiniões sobre certos assuntos que são do interesse comum? Ou quais são as sua preocupações fundamentais? Alimentam sim, o faz de conta, com algumas notícias bombásticas, como por exemplo a o desemprego estar e diminuir… Ninguém escuta ninguém e o importante é impor o que previamente é decidido entre as quatro paredes de um gabinete… sejam quais forem as consequências…
Há ingredientes que são essenciais para que os políticos sejam levados a sério e que as suas directivas sejam credíveis. É necessário respeitar para que se seja respeitado. Empinar o nariz e dizer que é assim, não leva a lado nenhum. Milhentas pessoas vão fazer exactamente o oposto… Quando se manda, é preciso saber mandar… e nem muita gente o sabe fazer em plena consciência. A partilha e a cumplicidade são ingredientes que têm de fazer parte dos que nos dirigem, para que possam ser ajudados a cumprir as suas decisões coerentemente e atempadamente, para que se possa interiorizar e entender bem o que é pretendido e quais as finalidades.
Claro que todos entendemos a conjuntura internacional e os respectivos problemas económicos, mas como há sempre possibilidade de serem feitas previsões, deveriam os pequenos investidores ser honestamente informados dos riscos que, eventualmente, podem correr, evitando assim de serem perdidos alguns fundos que as pessoas idealizavam ter como economias… é um detalhe insignificante, mas produziria o efeito de confiança nos cidadãos deste país.
Uma outra frase que me tocou foi aquela que diz termos na vida duas opções – ver passar a vida ou tentar alterá-la… Pensem! E façam as vossas opções. Mas, digam… gostamos sempre de sabem o pensam os nossos patrícios.
Hoje fico por aqui… amanhã há mais.
15.08.08
VER: CLUBE DOS PENSADORES
sábado, agosto 09, 2008
PSICOSE
Em 1845, um estudioso desta matéria, Ernest von Feuchtersleben introduziu o termo “psicose”, que é assim, palavra mais recente do que a palavra “neurose”.
A oposição entre a palavra neurose e psicose, por finais do século XIX, estabelece-se como que linha de demarcação entre a loucura e as outras perturbações, oposição esta, que se manteve até aos anos mais recentes.
O DSM-III (actualmente já DSM-IV com anotações actuais e que é uma espécie de Bíblia dos Psicólogos), tentou suprimir o termo “neurose” e reduzir o termo “psicose” para o adjectivo “psicótico”, contudo, a maioria dos psicopatologistas continua a utilizar o vocábulo “psicose” para designar um conjunto de perturbações caracterizadas por alguns elementos, como a gravidade, delírio, a perda da relação com a realidade e outras, que em senso comum se designavam por “loucura”.
Se quisermos falar de “psicopatologia das psicoses”, estamos a tomar uma posição em simultâneo do que é a psicopatologia e sobre a existência de uma forma de sofrimento específica e considerada, particularmente, grave. Os psicólogos consideram a psicopatologia a psicologia do patológico, segundo Pedinielli, 1994, isto é, o estudo e a teoria psicológicos das formas de sofrimento, sejam elas quais forem, as causas das mesmas.
A psicopatologia baseia-se em situações concretas de interacção com os doentes que estejam a apresentar uma psicose e produz uma interpretação psicológica dos fenómenos.
Dois níveis complementares são abrangidos pela psicopatologia:
. O primeiro tem a ver com a descrição dos aspectos psicológicos dos factos patológicos como as perturbações da percepção, do raciocínio, delírio, e outros; os trabalhos psicológicos sobre “o que se viveu”, “o imaginário”, e sobre a linguagem e o pensamento que ainda correspondem a este nível.
. O segundo nível diz respeito às teorias explicativas psicológicas das perturbações, o que não implica que elas sejam automaticamente teorias da causa das doenças.
A psicologia clínica é o instrumento que permite aos psicólogos identificar, analisar e interpretar os elementos que se trocam na relação com o doente. Saliente-se que o saber psicopatológico não é um sistema dogmático de interpretação que se aplicaria aos discursos dos doentes.
Fazer psicopatologia clínica é conseguir maneira de suscitar o discurso, de se interrogar sobre a sua lógica e de a interpretar.
Há opiniões diferentes. Iremos tentar mostrar alguns pontos que poderão ajudar a entender melhor. Os esclarecimentos sobre o ponto de vista de autores diferentes seguirão em breve.
Consulta a:
- Jean-Louis Pedinielli
- Guy Gimenez
isabel carmo
09.08.08
sexta-feira, agosto 08, 2008
JOGOS OLÍMPICOS
Zanguei-me com o tempo. Passou vertiginosamente esta tarde. Bem sei que desde a uma da tarde que não saí de frente do ecrã da televisão, para assistir à abertura dos Jogos Olímpicos. Por isso, o tempo em chamadas telefónicas, nem deu para absorver a delícia que é ouvir a tua voz. Paciência. Possivelmente, à hora que os mochos dão as suas consultas aos outros pássaros nocturnos, vou ouvir o meu Cuco cantar e lá estarás para dar as boas noites da praxe.
Mas zanguei-me com o tempo porque entre as treze horas e dez minutos e as dezassete e trinta, nada mais fiz que ver o maravilhoso espectáculo que foi a abertura dos Jogos Olímpicos na China. Mereceu a pena, muito embora esteja sempre habituada a fazer algo a seguir ao almoço, para não me deixar amolecer no cadeirão em frente do aparelho de televisão…
Magnifico espectáculo de cor, coreografias e de fogo de artifício. Creio que jamais vi espectáculo tão sumptuoso.
Milhares (dois mil e oito) de figurantes deixaram-me deliciada nas suas vestes magníficas. A maior parte das delegações de atletas de cada país, também trajando com cores vivas, desfilaram durante muito tempo. A delegação portuguesa, que passou na 178ª posição, também me agradou. Os nossos atletas caminhavam com ar convicto de que irão ser merecedores de um medalha.
Gostei de ver o Presidente do Brasil, Lula da Silva, o Presidente de Timor Leste Ramos-Horta, O Príncipe Alberto de Mónaco, os Príncipes das Astúrias Litizia e Felipe de Espanha, o Presidente de França Nicolas Sarkozy, e muitos outros presidentes e primeiros ministros de muitos outros países. Comovente o acenar das delegações para os seus dirigentes.
Não referi Portugal, porque nem Presidente nem Primeiro-ministro estiveram a assistir a esta cerimónia ímpar. Estranho, não é? Pois não é estranho não senhor. Em Agosto, pleno mês de verão, há férias e nem o Senhor Presidente nem o Senhor Primeiro ministro poderiam abdicar de uns dias, sacrificando as suas férias, para serem a força máxima a representar o nosso país… a não ser que tenham consultado o oráculo e tenham receado que algo de estranho os poderia “danificar”…
Achei interessante saber que os números são muito importantes para os chineses, daí o número de figurantes ser dois mil e oito, tal como o ano em que estamos… e logo hoje é dia oito!...
“Estou sim, docinho?” “Que bom ouvir-te de novo.” “Bla…Bla… Bla…”
A conversa durou pouco por causa da falta de carga. Amanhã haverá mais… e entretanto continuo a remoer por ter visto tantos representantes máximos de tantos países e do meu, apenas foi uma figura de representação…
08.08.08
Mas zanguei-me com o tempo porque entre as treze horas e dez minutos e as dezassete e trinta, nada mais fiz que ver o maravilhoso espectáculo que foi a abertura dos Jogos Olímpicos na China. Mereceu a pena, muito embora esteja sempre habituada a fazer algo a seguir ao almoço, para não me deixar amolecer no cadeirão em frente do aparelho de televisão…
Magnifico espectáculo de cor, coreografias e de fogo de artifício. Creio que jamais vi espectáculo tão sumptuoso.
Milhares (dois mil e oito) de figurantes deixaram-me deliciada nas suas vestes magníficas. A maior parte das delegações de atletas de cada país, também trajando com cores vivas, desfilaram durante muito tempo. A delegação portuguesa, que passou na 178ª posição, também me agradou. Os nossos atletas caminhavam com ar convicto de que irão ser merecedores de um medalha.
Gostei de ver o Presidente do Brasil, Lula da Silva, o Presidente de Timor Leste Ramos-Horta, O Príncipe Alberto de Mónaco, os Príncipes das Astúrias Litizia e Felipe de Espanha, o Presidente de França Nicolas Sarkozy, e muitos outros presidentes e primeiros ministros de muitos outros países. Comovente o acenar das delegações para os seus dirigentes.
Não referi Portugal, porque nem Presidente nem Primeiro-ministro estiveram a assistir a esta cerimónia ímpar. Estranho, não é? Pois não é estranho não senhor. Em Agosto, pleno mês de verão, há férias e nem o Senhor Presidente nem o Senhor Primeiro ministro poderiam abdicar de uns dias, sacrificando as suas férias, para serem a força máxima a representar o nosso país… a não ser que tenham consultado o oráculo e tenham receado que algo de estranho os poderia “danificar”…
Achei interessante saber que os números são muito importantes para os chineses, daí o número de figurantes ser dois mil e oito, tal como o ano em que estamos… e logo hoje é dia oito!...
“Estou sim, docinho?” “Que bom ouvir-te de novo.” “Bla…Bla… Bla…”
A conversa durou pouco por causa da falta de carga. Amanhã haverá mais… e entretanto continuo a remoer por ter visto tantos representantes máximos de tantos países e do meu, apenas foi uma figura de representação…
08.08.08
segunda-feira, agosto 04, 2008
A MINHA VARANDA
Passei anos a abrir a janela da varanda para admirar o Monte Gordo, logo pela manhã cedinho, sentindo ora a brisa suave da Primavera, ora o agreste vento do Inverno ou o atrevido e insinuante vento do Outono, cheio de nevoeiros, deixando mistérios para além da cortina meio opaca, a esconder o Tejo…
Passei anos a olhar a metamorfose dos verdes, entre os verões quentes e os Invernos frios e húmidos. Observei as aves, umas canoras, outras de grunhido agudo, ao anoitecer… e desde a minha janela da varanda fui sempre esperando, para além do mais, o ver-te…
Via os carros da primeira curva, os que desciam mais afoitos, os destravados e em perícia guinchando na ultima curva da estrada… quando se aproximava o teu, ficava esperando do outro lado, até ouvir o puxar do travão de mão… passei anos a acompanhar todos estes pequenos sentires. Agora! Para agora, ficar perdida, por trás dos vidros, sem abrir a minha janela da varanda, para não me constipar e poder agravar o estado daquela saúde que julgava ter, mas que não terei mais…
Passei anos a respirar o ar que entrava sem pedir licença e muito informal, me lambia o corpo, me enchia a cara de um torpor, como quando se ouve uma bela melodia ou se imagina a língua a roçar a pele das costas… passei anos a esperar…
Durante estes anos em que num ritual quase que sagrado abria a janela da minha varanda e esperava que seguisses estrada acima e que pelo fim do dia esperava que regressasses… esqueci que os anos passaram… passaram mesmo!
Hoje a janela não se abriu uma vez mais. Esteve de chuva e um tempo carrancudo deixou-me mais amedrontada… apenas falámos.
A noite desce e os silêncios intercalados com os barulhos característicos vão embalar mais um dos meus pensamentos, carregados de revoltar e fúrias, por guardar para cá da janela, que mantenho fechada, os desagrados em que vamos vivendo, com contrariedade.
E não respeitando absolutamente nada nem ninguém, o tempo entreolha o tempo e deixa-me aqui, um ror de meses passados, continuando à espera, agora não de vida, mas de uma morte assegurada que um dia destes virá, como visita de cerimónia, mas que ao sair me levará, com todas as promessas que nunca soubeste fazer-me… e eu carente de todas as belezas que deixei de ver pela minha varanda, vou acreditar e deixar-me levar, como que me certificando que finalmente estou certa…
Nem olharei para trás para me despedir. Não terei tempo ou talvez, se o tiver não o farei… poderei estar a recordar as vezes que saíste e nem te lembraste que poderia estar na varanda para te dizer adeus…
E agora tudo está diferente. O Monte Gordo ficou com muitas construções, novos bairros, onde irão viver outras gentes, onde outros costumes se instalarão e se ainda por cá estiver, apreciarei todas essas mutações…
04.08.08
Passei anos a olhar a metamorfose dos verdes, entre os verões quentes e os Invernos frios e húmidos. Observei as aves, umas canoras, outras de grunhido agudo, ao anoitecer… e desde a minha janela da varanda fui sempre esperando, para além do mais, o ver-te…
Via os carros da primeira curva, os que desciam mais afoitos, os destravados e em perícia guinchando na ultima curva da estrada… quando se aproximava o teu, ficava esperando do outro lado, até ouvir o puxar do travão de mão… passei anos a acompanhar todos estes pequenos sentires. Agora! Para agora, ficar perdida, por trás dos vidros, sem abrir a minha janela da varanda, para não me constipar e poder agravar o estado daquela saúde que julgava ter, mas que não terei mais…
Passei anos a respirar o ar que entrava sem pedir licença e muito informal, me lambia o corpo, me enchia a cara de um torpor, como quando se ouve uma bela melodia ou se imagina a língua a roçar a pele das costas… passei anos a esperar…
Durante estes anos em que num ritual quase que sagrado abria a janela da minha varanda e esperava que seguisses estrada acima e que pelo fim do dia esperava que regressasses… esqueci que os anos passaram… passaram mesmo!
Hoje a janela não se abriu uma vez mais. Esteve de chuva e um tempo carrancudo deixou-me mais amedrontada… apenas falámos.
A noite desce e os silêncios intercalados com os barulhos característicos vão embalar mais um dos meus pensamentos, carregados de revoltar e fúrias, por guardar para cá da janela, que mantenho fechada, os desagrados em que vamos vivendo, com contrariedade.
E não respeitando absolutamente nada nem ninguém, o tempo entreolha o tempo e deixa-me aqui, um ror de meses passados, continuando à espera, agora não de vida, mas de uma morte assegurada que um dia destes virá, como visita de cerimónia, mas que ao sair me levará, com todas as promessas que nunca soubeste fazer-me… e eu carente de todas as belezas que deixei de ver pela minha varanda, vou acreditar e deixar-me levar, como que me certificando que finalmente estou certa…
Nem olharei para trás para me despedir. Não terei tempo ou talvez, se o tiver não o farei… poderei estar a recordar as vezes que saíste e nem te lembraste que poderia estar na varanda para te dizer adeus…
E agora tudo está diferente. O Monte Gordo ficou com muitas construções, novos bairros, onde irão viver outras gentes, onde outros costumes se instalarão e se ainda por cá estiver, apreciarei todas essas mutações…
04.08.08
terça-feira, julho 29, 2008
A CARTA PARA O CONCURSO
Olá!
Juro que não sei como começar esta carta. Se te chamar meu amor, minha vida ou apenas como a comecei, por um insignificante olá. Mas tenho mesmo de te escrever esta carta e enviá-la, mesmo que nem possa caminhar para a depositar no receptáculo do marco do correio. É premente que a venhas a ler, mesmo que chegue atrasada e já depois do depois… É justo que saibas porque deixaste de fazer parte da minha vida (vida? Será que ainda estou viva?)
Amei-te. Amei-te muito, quer queiras acreditar, quer não. E se algo matou esse meu amor, não foi de mim que partiu, mas apenas e somente de ti.
Aceitei todos os argumentos que expunhas para justificar todas as atitudes que tomavas. Aceitei mentiras, insultos, fingimentos, todos os contornos utilizados para me pôr à prova… Aceitei que te introduzisses nas minhas amizades e passasses a ser amizade de amigas minhas, mas quem te amava era só eu…
Chegou finalmente aquele dia que eu procurava no tempo, para ter coragem de enfrentar a realidade e deixar-te esta carta, não como uma despedida… não tenho palavra para significar isto que quero dizer… mas para marcar um fim neste tempo de amargura, que foi todo o tempo em que te amei… e será que deixei de te amar?
Mesmo nesta dúvida que me deprime, prefiro considerar que deixei de te amar e que o quanto me sinto magoada me faz esquecer que apenas existias como o meu amor… Um dia vais recordar-me… talvez até tenhas muitas mais para recordar…
A última vez que olhei o mármore esbatido e gasto pelos sóis e chuvas que lamberam a pedra, prometi a mim mesma que não mais voltaria e que teria de esquecer… e pelo muito que te amei, e que talvez não venha a esquecer-te, não voltarei, porque nunca me amaste e porque nunca me pedirás desculpa por me teres induzido no erro de te amar…
Queria não mais sentir o fulgor dos teus beijos. Queria que apenas tivesse sido um pesadelo. Queria não sentir a repulsa que sinto agora… sabe-lo porquê.
Jamais houve tempo para te dizer tudo isto, por isso te escrevo esta carta… e nunca esqueças que te amei muito… e perdeste o meu amor… perdeste-me.
Até sempre, porque na eternidade reencontrar-nos-emos.
Adeus!
28.07.08
(concurso “A Melhor Carta de Amor”. Não enviei por a achar ser triste demais)
sábado, julho 26, 2008
A SÍNDROME DE BURNOUT
Toda a gente já ouviu falar de stress e sobretudo, de stress profissional, o qual se caracteriza por ser uma exaustão emocional, uma avaliação negativa de si mesmo, uma depressão e insensibilidade no que respeita a quase tudo e todos (diria que há um mecanismo que funciona como defesa emocional não intencional no enfermo desta síndrome, quanto à insensibilidade perante certos factos ou situações), o que para alguns estudiosos da matéria passou a designar-se como a Síndrome de Burnout.
Burnout é uma expressão na língua inglesa que traduzida significa - burn = queima e out = exterior, fora – sugerindo assim que quem está com este tipo de stress consome-se física e emocionalmente (uma característica é a inferiorização daqueles de quem se diz se amigo(a)) passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço (e existe sempre alguém que se pretende marginalizar).
Esta síndrome refere-se a um tipo de stress ocupacional e institucional com predilecção para profissionais que mantêm uma relação constante e directa com outras pessoas, principalmente quando a actividade é considerada de ajuda, como médicos, enfermeiros, professores e outros.
Há ainda outros estudiosos e autores de trabalhos que nos dizem julgar que esta síndrome é diferente do stress genérico, contudo e como opinião pessoal diria que poderemos considerar esse quadro de apatia extrema e desinteresse, não como sinónimo de algum tipo de stress, mas como uma das suas consequências e bastante sérias.
Esta síndrome foi observada, originalmente, em profissões predominantemente relacionadas a um contacto interpessoal mais exigente, tais como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciantes, professores, os que atendem público, enfermeiros, bombeiros e outros com contactos com público que nem sempre seja fácil. No entanto, hoje em dia já se alargaram as observações a outros ramos profissionais como os que interagem de forma activa com pessoas que cuidam ou que solucionam problemas de outras pessoas, obedecendo a técnicas e métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas a avaliações.
A Síndrome de Burnout também está a ser definida como uma reacção à tensão emocional crónica gerada a partir do contacto directo, excessivo e stressante com o trabalho, fazendo com que a pessoa afectada perca a maior parte do interesse na sua relação com o trabalho por forma a que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço pessoal passa a parecer inútil.
A pouca autonomia no desempenho profissional, os problemas de relacionamento com as chefias, os conflitos entre trabalho e o núcleo familiar, o sentimento de desqualificação e falta de cooperação de equipa, estão entre os factores aparentemente associados ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout.
Os autores de trabalhos nesta área que defendem a síndrome de Burnout como sendo diferente do stress, alegam que esta doença envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho, enquanto o stress apareceria mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente na sua relação com o trabalho. Contudo, e pessoalmente julgamos que a síndrome de Burnout seria uma consequência mais depressiva do stress desencadeado pelo trabalho, sobretudo no relacionamento interpessoal.
Com sintomatologia básica desta síndrome teríamos, inicialmente, uma exaustão emocional, onde a pessoa se sente a não poder mais dar nada de si mesma, aqui um sentimento de falta de realização pessoal no trabalho, o que afecta sobremaneira a eficiência e habilidade para a realização de tarefas e de se adequar à organização. Seguidamente desenvolvem-se sentimentos e atitudes muito negativas, com o por exemplo, um certo cinismo na relação com as pessoas do trabalho onde estão inseridos e aparente insensibilidade afectiva.
Diria para concluir, que esta síndrome é o resultado do stress emocional na interacção com outras pessoas. Algo diferente do stress genérico porque a síndrome de Burnout incorpora geralmente sentimentos de fracasso cujos principais indicadores são cansaço emocional, despersonalização e falta de realização pessoal (com actos demarcadamente agressivos para os que diziam amigos(as).
26.07.08
Burnout é uma expressão na língua inglesa que traduzida significa - burn = queima e out = exterior, fora – sugerindo assim que quem está com este tipo de stress consome-se física e emocionalmente (uma característica é a inferiorização daqueles de quem se diz se amigo(a)) passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço (e existe sempre alguém que se pretende marginalizar).
Esta síndrome refere-se a um tipo de stress ocupacional e institucional com predilecção para profissionais que mantêm uma relação constante e directa com outras pessoas, principalmente quando a actividade é considerada de ajuda, como médicos, enfermeiros, professores e outros.
Há ainda outros estudiosos e autores de trabalhos que nos dizem julgar que esta síndrome é diferente do stress genérico, contudo e como opinião pessoal diria que poderemos considerar esse quadro de apatia extrema e desinteresse, não como sinónimo de algum tipo de stress, mas como uma das suas consequências e bastante sérias.
Esta síndrome foi observada, originalmente, em profissões predominantemente relacionadas a um contacto interpessoal mais exigente, tais como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciantes, professores, os que atendem público, enfermeiros, bombeiros e outros com contactos com público que nem sempre seja fácil. No entanto, hoje em dia já se alargaram as observações a outros ramos profissionais como os que interagem de forma activa com pessoas que cuidam ou que solucionam problemas de outras pessoas, obedecendo a técnicas e métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas a avaliações.
A Síndrome de Burnout também está a ser definida como uma reacção à tensão emocional crónica gerada a partir do contacto directo, excessivo e stressante com o trabalho, fazendo com que a pessoa afectada perca a maior parte do interesse na sua relação com o trabalho por forma a que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço pessoal passa a parecer inútil.
A pouca autonomia no desempenho profissional, os problemas de relacionamento com as chefias, os conflitos entre trabalho e o núcleo familiar, o sentimento de desqualificação e falta de cooperação de equipa, estão entre os factores aparentemente associados ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout.
Os autores de trabalhos nesta área que defendem a síndrome de Burnout como sendo diferente do stress, alegam que esta doença envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho, enquanto o stress apareceria mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente na sua relação com o trabalho. Contudo, e pessoalmente julgamos que a síndrome de Burnout seria uma consequência mais depressiva do stress desencadeado pelo trabalho, sobretudo no relacionamento interpessoal.
Com sintomatologia básica desta síndrome teríamos, inicialmente, uma exaustão emocional, onde a pessoa se sente a não poder mais dar nada de si mesma, aqui um sentimento de falta de realização pessoal no trabalho, o que afecta sobremaneira a eficiência e habilidade para a realização de tarefas e de se adequar à organização. Seguidamente desenvolvem-se sentimentos e atitudes muito negativas, com o por exemplo, um certo cinismo na relação com as pessoas do trabalho onde estão inseridos e aparente insensibilidade afectiva.
Diria para concluir, que esta síndrome é o resultado do stress emocional na interacção com outras pessoas. Algo diferente do stress genérico porque a síndrome de Burnout incorpora geralmente sentimentos de fracasso cujos principais indicadores são cansaço emocional, despersonalização e falta de realização pessoal (com actos demarcadamente agressivos para os que diziam amigos(as).
26.07.08
quarta-feira, julho 23, 2008
UMA LENGALENGA DE ASSUNTOS…
Não vou resistir à tentação de fazer a experiência que o meu primo fez quando escreveu um livro com muitos textos e nos quais nunca usou os pontos finais nem os outros que temos de mudar de linha porque ele conseguiu despejar tudo o que queria dizer sem usar nada de artefactos como são as vírgulas ou pontos e outros mais sinais ortográficos que até por sinal vão cair em desuso caso nos embrenhemos neste acordo com o qual estou em pleno desacordo porque não tem cabimento dizer que um pacto é um pato ou um fato é um facto porque acabamos por não saber quem anda vestido ou quem vai nu e assim como outras coisas mais que entram em conflito com as minhas maneiras de concordar ou discordar e mesmo a propósito hoje fiquei em pleno desacordo com o prato que comi ao almoço ao qual chamaram pescada com todos e os tais todos eram cenouras e batatas e ainda brócolos e apenas um ovo por isso não eram todos porque o ovo era só um e enquanto almoçava também fiquei confusa porque acho muito mal explicada toda essa “triste novela Maddie” que me parece que tem um cortinado bem espesso a cobrir algo que parece que não se quer ver como muitas coisas que por esse mundo andam por trás dos bancos de nevoeiro e das ideias meio baralhadas dos habitantes deste planeta e em especial os cá deste “cantinho à beira mar plantado” e que se chama Portugal e que começou a existir graças a um senhor que se chamou Afonso Henriques e foi o primeiro rei deste reino que deixou de ser reino porque uns carolas acharam que uma republica era muito mais eficaz do que um reino e vai daí que andam há um ror de anos para mostrar isso e ainda não conseguiram porque não é nada fácil governar um reino ou uma republica onde todo o mundo reclama e nunca está satisfeito com nada e critica após critica sem darem nenhuma sugestão para melhorar toda esta confusão e isto só porque os homens são sempre homens quer sejam reis ou plebeus e nada os fará mudar a sua condição de Homens!
23.07.08
domingo, julho 20, 2008
AS EMOÇÕES E AS CORES
Em continuidade às pesquisas que venho fazendo sobre alguns temas que gosto de actualizar, cheguei a este, sobre as cores e as emoções. Aquando ainda aluna, fiz um teste semelhante, que aliás me deixou preplexa. O actual não me deixou menos preplexa… realmente as cores interagem com as emoções…
Ora vejamos, as cores evocam estados interiores e para entender esta relação entre emoção e cor, é necessário lembrar a já conhecida relação entre luz e cor, simbolizada pelo arco-íris.
A luz afecta os neurotransmissores do cérebro, os quais são os responsáveis pelas mensagens passadas dos nervos para outros nervos e músculos de maneira que a primeira sensação de cor é puramente vegetativa e emocional provocando ódio, amor ou outros sentimentos.
Qualquer análise das reacções humanas diante das cores, deve levar em conta também as influências sociais, pois enquanto o costume no Ocidente é o de usar a cor preta para o luto, há outros lugares no mundo onde se usa o branco para manifestar o pesar pelo falecimento de alguém.
Também e para além dos lutos, interliga-se a cor à sensualidade, à tristeza e a muitos dos estados de alma que vamos atravessando pela vida. Mas sem desviar o conteúdo, fruto de alguma pesquisa, vou deixar aqui o resultado do teste que fiz. Não vou entrar em detalhes, mas garanto que é a exacta tradução do momento em que o fiz:
Como você opera, age, frente aos seus objectivos e desejos:
Exige que ideias e emoções se unam e se mesclem perfeitamente. Recusa-se a fazer quaisquer concessões e a aceitar quaisquer acordos.
Impõe a si mesmo objectivos idealistas mas ilusórios. Tem sido dolorosamente desapontado e despreza a vida, numa auto-aversão que o deprime. Quer esquecer-se de tudo e recuperar-se numa situação confortável e livre de problemas.
Suas preferências reais:
O medo de repulsa e a extrema cautela da sua aproximação tornam-lhe difícil alcançar o grau de intimidade e identificação que deseja.
É incapaz de empenhar esforços para alcançar seus objectivos. Sente-se despreparado, desejando maior segurança, afecto sincero e menos problemas.
Sua situação real:
É infeliz com a resistência que encontra, sempre que tenta afirmar-se. Todavia, acredita que não há muito o que possa fazer, e que deve conformar-se com a situação.
O que você quer evitar:
Interpretação fisiológica: Tensão e ansiedades resultaram de desapontamento emocional. Interpretação psicológica: Uma relação emocional não está mais correndo bem, revelou-se profundamente decepcionante e é agora considerada ligação deprimente. Enquanto que, por um lado, gostaria de libertar-se completamente dessa ligação, por outro, nada quer perder nem correr os riscos de incerteza e de eventual possibilidade de maior desapontamento. Essas emoções contraditórias oprimem-no a tal ponto que tenta ignorá-las sob uma atitude apática e circunspecta. Em suma: Tensão oriunda de desapontamento emocional.
Seu problema real:
A ansiedade e a insatisfação contínua, seja em seus empreendimentos ou nas frustrações emocionais, têm produzido considerável tensão. Reage atribuindo-as à total falta de compreensão por parte de outros e adoptando uma atitude desdenhosa e desafiadora.
20.07.08
sexta-feira, julho 18, 2008
EM DESALINHO
Por vezes, para chegarmos a algumas conclusões sobre um qualquer estudo, temos de aprofundar diversas etapas, para entendermos o ponto inicial do nosso pensamento. Partindo deste ponto, direi que o Ego não é mais nem menos do que a soma dos pensamentos, das ideias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. Diria mesmo que é a parte mais superficial do individuo, a qual modificada e tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante selecção e controlo de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que brotam do indivíduo. Obedece ao princípio da realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objectos que possam satisfazer ao Id. sem transgredir as exigências do superego. Quando o ego se submete ao Id., torna-se imoral e destrutivo; ao submeter-se ao superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; (se não se submeter ao mundo, será destruído por ele…)…
Por outro lado temos a emoção que se diferencia do sentimento, porque é um estado psicofisiológico. O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em acréscimo à mudança psicofisiológica.
Mas peguemos em sentimentos; entre os muitos, aparece o da humilhação que visa essencialmente rebaixar o, ou os outros, quer física quer moralmente, de modo a que este ou estes se sintam anulados. Actualmente, e proveniente de estudos cruzados, temos que esta também é uma forma de bullying.
Ora uma das formas de fazer baixar a auto estima é humilhar. É fazer o outro sentir-se o culpado do acto ou da atitude que foi induzido a tomar. Perspicaz!
Há várias maneiras de humilhar e a mais comum é fazer que as outras pessoas se sintam infimamente pequenas perante o humilhador, que regra geral usa estratagemas inteligentemente estruturados para que de humilhador passe a vítima, quebrando todas as regras que em sociedade devem ser respeitadas.
Há quem designe este tipo de humilhação, por humilhação subtil ou velada. É complexa e subjectiva e muito mais difícil de lidar e prejudicial do que o tipo de humilhação mais comum. A humilhação velada insere-se num gesto, numa frase dita, ou até não dita; está no subentendido, numa simples virgula ou no desdém, ou na indiferença ou ainda no ignorar a existência da submissa (a verdadeira vítima), no fazer com que esta se sinta numa completa inutilidade, dando origem a que um sentimento de isolamento, abandono e impotência, exclusão e humilhação radical seja sentida. O humilhador (a)(dominador(a)) sabe como usar a alavanca emocional que ele(a) bem conhece como sendo a forma mais dolorida para aquele outro ser, que por causa disso se irá sentir o mais desprezível à face da Terra: um ser sem eira nem beira, um ser preterido e isolado, sem chão, sem confiança e de baixa auto estima… vivenciando naquele momento e por tempo indeterminado, por vezes com lágrimas, ora silenciosas, ora invisíveis e muitas das vezes escondidas… porque humilhação dói por dentro e tão profundamente, que o humilhador(a)
Jamais consegue enxergar onde estão as feridas que causou.
Grave é ainda, conclusões referidas sobre o quanto o humilhador(a) é capaz de se aperceber se a sua vítima consegue aguentar mais humilhações, aumentando ou diminuindo a sua actuação, ou se deve parar e abandonar a vítima aos seus desesperantes silêncios, à sua solidão mortificante.
Simples formas de agir no quotidiano das pessoas, podem ter como pano de fundo esta panoramica. Teremos de interiorizar que a humilhação (actualmente bullying – mais a nivel de crianças e adolescentes, mas que se verifica em outros estratos), deverá ser combatida introduzindo a todos os níveis mais profundos conhecimentos de cidadania.
17.07.08
quarta-feira, julho 16, 2008
ALMA…
Procurei por aí e não encontrei em qualquer parte a alma. Todos falam dela. Todos enaltecem os seus valores, lamentam os seus estados, nem sempre de muita paz…
Há quem refira os poemas da alma… alma perdida… elevação da alma… os estados da alma… e até há quem escreva apontamentos da alma e cadernos da alma…
Mas onde está, que faz e porquê não encontro a minha, quando todos falam das suas?...
Pois! Possivelmente a minha não sabe exprimir o que por ela vai… e vai daí, é como se não existisse.
Claro que não teria a ousadia de usar a dita, caso a tivesse, para a fazer de mensageira, se, sobretudo quisesse dar “um pacote de chá” a alguém…
Alma minha! Vagabunda e solitária (por isso não a encontro), não escreve em cadernos nem sabe aceitar umas “patadazitas” que por distracção lhe dão. Reclama! Reclama, sobretudo, a falta de atenção, o espírito de solidariedade e o ser preterida em favor do que está “na berra” no momento. Reclama a falta de sinceridade numa amizade; o desrespeito por essa amizade.
Mas disseram-me que realmente tinha alma. Fiquei espantada. Se a tivesse, haveria outra alma que a entenderia e não a desconsideraria “por dá cá aquela palha”. Mas vou tentar descobrir se ela andará por aí ou não… talvez não a tenha procurado bem…
16.07.08
quarta-feira, julho 09, 2008
SEPULCRO DE PALAVRAS
Prefiro manter-me num silêncio forçado. Prefiro guardar as palavras, prefiro mesmo enterrá-las, elas que se vão atropelando entre desconexos turbilhões de pensamentos, de revolta, de ira, de ódio, de desprezo: sobretudo de incompreensão.
Prefiro silenciar o som dos sucessivos gritos que interiormente vou soltando. Prefiro que me julgues depositada no além da existência e assim possas, de corpo e alma, dedicar-te às delícias que preenchem o teu mundo. E quão distante está o teu mundo do meu!... É pena não perceberes que apenas és o que és: um capricho de apostador.
O meu silêncio não vai permitir que oiças como ecoa, dentro de mim, toda a raiva que em mim fervilha, quando balbucio que não vais fazer de mim palhaça o tempo inteiro. Alguém pode ter ganho mais esta batalha, mas a guerra ainda não acabou… se algum dia existir, talvez me recordes… tardiamente… o tal ar sonso e comovedor pode ter conquistado o incauto, mas não me assusta… aprendi a ver entre as sombras. O meu silêncio é e será a potente arma de defesa.
O silêncio, a indiferença, o desdém com que passarei a olhar-te, ferir-te-ão do mesmo modo que o abandono, a troca, a agressiva forma de te expressares nas constantes referências ao que te desagrada, me agride a mim e como enalteces todo o ser que te amachuca mas por quem estás em plena obsessão… no meu silêncio, as gargalhadas de dor serão forma de esquecer a minha mágoa…
Sabes o que é um embondeiro? É uma árvore muito frondosa, imponente que tem o seu habitat em África… os naturais comparam as grandes figuras a esta espécie, pela sua grandeza e pelo seu porte respeitável. Eu serei o embondeiro, alto, frondoso, distante, que darei a sombra e o apoio…
… e as minhas palavras ficarão em campa rasa na base do embondeiro, para que as oiças, nas noites em que o vento a ulular repita o que sempre desdenhaste…
09.07.08
REDIZER O QUE FOI DITO
Os motivos inventam-se e reinventam-se. A nossa imaginação é incomensuravelmente potente para deixar que temas e mais temas corram como caudais de grandes rios descendo planaltos… e a escrita flúi numa reinvenção constante de cada palavra, com a sua multiplicidade de significados, que vai traduzindo as suposições existenciais, vestindo e travestindo a corrente da nossa fantasia e dando vida ao que não sendo, passa a ser, pela força que o sentir exerce dentro de cada um de nós. E que salutar é esse sentir! Salutar, mas questionável… É vida que nos faz manter vivos e é por isso que adoro escrever e que em cada poema redigo o que já disse e que outros disseram também, porque o sentiram ou talvez não, ou porque o disseram ou o sentiram e de forma diferente da minha.
Poema após poema, com todas as palavras usadas e gastas que faço brotar do meu pensamento, vou permitindo que me acariciem a alma e ao balbucia-los, abandonam nos meus lábios uma doçura igual à dos teus e a que chamo vida.
Mesmo que vás repetindo que a escrita é um jogo de palavras, que me repito e de nada serve o que digo e redigo, não resisto e vou repetindo o que não ouviste, nem leste lá pela terra do nada, que te absorveu e absorve, num constante questionar de tudo e de todos… Tudo é questionável! Mesmo o que é evidente é questionável, por isso, as minhas palavras usadas, repetidas e gastas serão como o eterno tanger dos sinos, não para cantar que te amo, mas para tocar a finados acompanhando o que restou do que nunca consegui dizer, por ter só palavras gastas e questionáveis…
09.07.08
sábado, junho 28, 2008
EFERVESCÊNCIAS DA MEMÓRIA
Irrita-me profundamente que me tomem por idiota ou que me queiram deitar poeira nos olhos. Essa de tapar o sol com a peneira, pode aplicar-se às politiquices e aos politiqueiros da nossa praça, mas eu sou antiga como o escaravelho e deixei-me de andar em cantigas há muito tempo…
Pensavas então que não te entendia? Apenas fui fazendo de conta que ignorava… porque me convinha ignorar… mas por agora é tudo, nada mais a dizer…
Utilizei as cartas que tinha para jogar e fui jogando até ao momento que tenho força para te dizer que podes ir dar uma volta… e grande, para demorar muito… Sabes? Passaste as marcas e de prazo: fora de moda!
Fui ler o maço de cartas que me escreveste durante muitos anos. Que confusão de sentimentos! E achas que eu ia acreditar em tanta palavra com significado duvidoso? Usaste-me. Mas tudo é até um dia… e às vezes até ao dia que nos convém…
Quando mexemos no passado, mesmo que seja um passado recente, ficamos sempre com a disposição perturbada; se há coisa que me irrita, é recordar certas pessoas em quem confiei e que me usaram como quem põe um chapéu ou um par de luvas… Claro que és mesmo tu! Embora haja muita Maria na terra… a Maria a que me refiro és mesmo tu… ou haveria alguém com tanta “lata” como tu? … No entanto, acho muito divertido recordar-te. Tens sempre uma opinião sobre tudo, criticas todos e és sempre a pessoa mais rápida a lamentar a sua condição física, emocional e até económica… realmente se não existisses, terias de ser inventada… Comparo-te a certos dirigentes, que de nariz empinado, se fazem passar por excelentes pessoas… porque nunca ninguém lhes contou a história do “Rei que ia em ceroulas…”
28.06.08
sexta-feira, junho 20, 2008
IRREFLECTIDAS COGITAÇÕES
Parei. Tudo parou em meu redor. Sinto-me como que atordoada como se tivesse sofrido uma pancada forte na cabeça. Sinto-me às vezes desta maneira, sem que isso queira dizer que estou deprimida… mas se calhar até estou…. Mas na verdade o que estou é triste.
Perguntaste-me porque havia escolhido o deserto para caminhar e eu respondi-te que no deserto não deixamos peugadas… e sempre esses porquês! Porque… porque não estava interessada em ser seguida… e tu segues-me e persegues-me por toda a parte…
Detesto gente intrometida e tu primas por sê-lo. Perguntas onde estou, onde vou, com quem estou ou de onde venho ou com quem estive… não queiras saber mais do que aquilo que pretendo dizer…
Essa justificação é mesmo tendenciosa… então é por gostares muito de mim que queres saber tanto?... Isso é treta! Sabes? não acredito em nada disso.
Em todo o meu interior choro, são rios e rios de lágrimas que se esgotam dentro de mim. É a tal tristeza que não sei definir, sinto-me como se chorasse pela minha perda.
Se ao menos não houvesse a pessoa errada, se ao menos pudesse gritar que aquela lápide é a nossa e não a de desconhecidos… amar assim, tão infinitamente, quem nem repara que estamos do outro lado da rua… por isso penso que todo o trajecto pelo deserto foi em vão…
Será que vou resistir a mais esta prova? Essa é a pergunta que faz latejar a minha testa e para a qual nem tu nem ninguém encontra resposta… mas talvez baste dizeres, de lá dos confins da minha memória, que estarás comigo… mesmo nesta distância incomensurável…
20.06.08
sábado, junho 14, 2008
DA TRAPEIRA DAS ÁGUAS-FURTADAS
Fui visitar as águas-furtadas da minha imaginação e deixei que o tempo passasse sem que olhasse o marcador do tempo, para que à vontade pudesse desfrutar de todo o tempo que me restava…
Da trapeira, com teias de aranha, olhei a distância que o horizonte me proporcionava e deixei que a greta de luz do sol entrasse e me deixasse ver as muitas palavras que havia deixado, muito alinhadas, naquele tempo, antes de ter partido… e regressado…
Como separador das minhas palavras, sempre o teu nome. O único nome que queria esquecer.
Passei os olhos por tantas palavras e reconheci algumas… foram as que me devolveste em tempo, por achares fora do tempo essas palavras que te dera… mas eram tão sinceras…
Sacudi o pó do banco ao canto, perto da trapeira, e sentei-me com a cabeça encostada na minha imaginação. Com os olhos fechados e numa posição relaxante, fui revivendo todas as etapas que havia guardado em tempos… mas sempre tu presente, mesmo que o não queira…
Aquele poço escuro, de um escuro acinzentado, como se fora o túnel de um vulcão. Muito comprido. Parecia que deslizava no ar, sempre a descer e sem vontade de parar… um sono inexplicável, uma perda de força progressiva… uma vontade a desvanecer como a chama de uma lamparina onde o azeite já se esgotara… era eu!
Longe, muito longe aquele portão enorme. Metálico? Possivelmente. Mas de um verde muito escuro, mesmo muito escuro, como se tivesse sido misturada tinta preta para escurecer o verde…
As mãos abertas encostaram-se ao portão. Será que o queria abrir? Jamais o saberei. De repente, senti-me impelida para o túnel e subi-o, não sei explicar como…
Todas aquelas vozes nada significavam… dormia… estava tudo tão longe… como tu estás agora, que nem pensas como estás em meu pensamento, mesmo contrariando a minha vontade…
Abri os olhos. Os raios de sol que atravessavam a trapeira brincavam na minha cara e voltei a olhar para as filas de palavras alinhadas no outro lado das águas-furtadas… e também recordei algumas palavras que ouvi naquela madrugada “está viva!”. “Sabe? Entrou em coma, mas agora está tudo bem.”
Não quero recordar mais nada. Levanto-me e deixo a minha imaginação só, nas águas-furtadas da minha imaginação, a receber os raios de sol que passam pela trapeira com teias de aranha… vou esperar que me recordes…
14.06.08
quarta-feira, junho 11, 2008
OASIS II
Verdejantes as terras circundantes dos poços, ruínas de construções antigas, labirínticas, que mais parecem locais de brincadeira de crianças, em vez do tão almejado oásis a que cheguei.
As palmeiras e as outras plantas exóticas, muito viçosas, convidaram-me a um descanso… um descanso no meio do deserto, num oásis perdido…
Dormitei e quanto sonhei!... ouvia-te ao longe num sussurro terno, dizeres quanto me adoravas… e eu perdida neste deserto… para que serviam todas essas palavras?!...
Retemperadas que estavam as forças, das poucas que me restavam, e tão desejosa estava de te rever, que partir.
Voltei a enterrar os pés na areia poeirenta e voltei a ver imagens fantasmagóricas desenhadas em sombras nas dunas, que pareciam estar sempre em movimento.
Andei tanto! Não! Revivi. Numa cama de um hospital, numa sala de cuidados intensivos, tentavam dizer-me que sobrevivia…
Passadas horas, sim, percebi finalmente que parara naquele limite que separa a vida da morte… e voltei.
Voltei sim, voltei a viver e foi tão bom voltar a ouvir-te, a escutar todas as frases com que me deleito e me dão animo para continuar a viver.
Não sei se conseguirei repetir a travessia do deserto…
19.05.08
As palmeiras e as outras plantas exóticas, muito viçosas, convidaram-me a um descanso… um descanso no meio do deserto, num oásis perdido…
Dormitei e quanto sonhei!... ouvia-te ao longe num sussurro terno, dizeres quanto me adoravas… e eu perdida neste deserto… para que serviam todas essas palavras?!...
Retemperadas que estavam as forças, das poucas que me restavam, e tão desejosa estava de te rever, que partir.
Voltei a enterrar os pés na areia poeirenta e voltei a ver imagens fantasmagóricas desenhadas em sombras nas dunas, que pareciam estar sempre em movimento.
Andei tanto! Não! Revivi. Numa cama de um hospital, numa sala de cuidados intensivos, tentavam dizer-me que sobrevivia…
Passadas horas, sim, percebi finalmente que parara naquele limite que separa a vida da morte… e voltei.
Voltei sim, voltei a viver e foi tão bom voltar a ouvir-te, a escutar todas as frases com que me deleito e me dão animo para continuar a viver.
Não sei se conseguirei repetir a travessia do deserto…
19.05.08
terça-feira, junho 10, 2008
OASIS I
Nas primeiras passadas senti os pés mergulhando numa areia finíssima e poeirenta. Iniciava a minha caminhada por um deserto a perder de vista…
De um amarelo especial e resplandecente ao iniciar o dia, ia mudando as suas tonalidades conforme a posição do sol, para, ao crepúsculo, parecer um mar de pó de ouro velho.
As sombras das dunas agigantaram-se à minha frente e o cansaço ia dominando todo o meu ser… como pesavam as passadas na areia, que parecia criar crateras a cada avanço…
Tinha de caminhar e sem parar. O destino era um oásis. O oásis onde poderia tentar recuperar as forças e onde finalmente poderia respirar, sem ser aquela poeira amarelada…
A intensidade da dor dentro de mim, mal deixava coordenar os pensamentos e apenas me obcecava a ideia de chegar ao oásis…
Depois de dias sem fim, caminhando, por vezes em profundo sofrimento, pareceu-me ver, muito ao longe, o oásis, objecto da minha procura… Tive alento e voltei a imprimir uma certa energia ao meu caminhar, para me certificar que não era apenas miragem… e mais uns passos, e outros, e finalmente podia distinguir as palmeiras no recorte do horizonte…
A primeira fase da minha viagem estava quase realizada… como poderá ser no oásis?...
28.03.08
De um amarelo especial e resplandecente ao iniciar o dia, ia mudando as suas tonalidades conforme a posição do sol, para, ao crepúsculo, parecer um mar de pó de ouro velho.
As sombras das dunas agigantaram-se à minha frente e o cansaço ia dominando todo o meu ser… como pesavam as passadas na areia, que parecia criar crateras a cada avanço…
Tinha de caminhar e sem parar. O destino era um oásis. O oásis onde poderia tentar recuperar as forças e onde finalmente poderia respirar, sem ser aquela poeira amarelada…
A intensidade da dor dentro de mim, mal deixava coordenar os pensamentos e apenas me obcecava a ideia de chegar ao oásis…
Depois de dias sem fim, caminhando, por vezes em profundo sofrimento, pareceu-me ver, muito ao longe, o oásis, objecto da minha procura… Tive alento e voltei a imprimir uma certa energia ao meu caminhar, para me certificar que não era apenas miragem… e mais uns passos, e outros, e finalmente podia distinguir as palmeiras no recorte do horizonte…
A primeira fase da minha viagem estava quase realizada… como poderá ser no oásis?...
28.03.08
sábado, março 08, 2008
DIA INTERNACIONAL DA MULHER!
Para todas (nós e vós) Mulheres, tenhais a idade que tiverdes, hoje, a minha palavra é para vós. A minha palavra é para vós, tendo o grau de conhecimentos que tiverdes; tendes seguramente o que é inerente a todas as mulheres - ser muito humanas. Quer sejais Avós, Mães, Filhas, sobrinhas, tias, sois Mulheres e como mulheres tendes uma palavra muito significativa a deixar para as vindouras, as nossas continuadoras, porque nós, já as absorvemos das que nos antecederam…
Mulheres! O nosso papel nem sempre tem sido entendido e respeitado pela sociedade em geral, porque sempre fomos um estrato dominado e “escravizado” se a palavra não for demasiado forte… estamos no Século XXI e ainda temos mulheres, quais blocos de cimento, que não têm sensibilidade para ser mulher, a não ser para pôr um colarzito de pérolas ao pescoço e uma risca de batom nos lábios, para se imaginarem mulheres…
Uma Mulher que, como figura pública, com uma vasta responsabilidade no campo do conhecimento e do saber, ousa durante uma entrevista, que deveria ser esclarecedora, não referir a palavra família uma única vez… possivelmente deve estar a pensar que a Escola existe sem que nada a houvera suportado para a sua existência… Uma pessoa que ousa apenas valorizar os seus pontos de vista, como se estivesse a tratar só de coisas e não de pessoas, na minha opinião tem muito que aprender… atenção! Não é ser destituída das suas funções – é aprender! Só se pode ensinar depois de aprender…
A Escola justifica-se porque há família e é na Escola que se promove, pelo aumento do conhecimento e pela divulgação das culturas, a importância da família. Sempre que se tem tentado unir Escola e Família, pela importância que isso representa, sócio-politico-culturalmente, há sempre boicotes… dificulta-se das mais diversas formas, sem que o tenha alguma vez entendido, que os pais acabem sempre por tentar cumprir os seus tempos com as necessidades escolares de seus descendentes… mas acabam penalizados…
Mas Mulheres! Hoje sou Mãe! Hoje sou Avó e continuo a ser professora… agora como voluntária! E que Honra! Podeis crer, mulheres que me estiverdes a ler, que em cada Aluno tenho um Amigo! Quereis saber o segredo? Pois bem! Um professor é um comunicador. Um professor é o coadjuvante dos pais, na vertente que lhe cabe, alargar o conhecimento no âmbito da ciência, porque o papel dos pais é o de educar dando amor.
Mulheres! Minhas pares nesta luta do dia a dia, tentem mostrar que o Amor é a arma mais invencível que existe. Ensina-se com amor, pinta-se com amor, escreve-se com amor, e só a partilha e a cumplicidade com amor permitem que se avance num progresso constante e consistente. Já temos ouvido falar de empresária de sucesso… pois foi com todo o seu amor que alcançaram a sua meta.
Mulheres! Homens! Todos!!! Hoje, porque teria mesmo de ser hoje, reúnem-se muitos milhares de professores, para um protesto, que tem como origem, os males entendidos expressos por quem dirige um dos ministérios mais importantes do nosso país – o Ministério da Educação!
Muitos pontos deveriam ser discutidos, porque o que está, fundamentalmente em causa, é o conhecimento e não a constante proposta de desvalorizar o saber em favor do “canudo”.
Muitos pontos deveriam ser tidos como pontos principais, em vez de dar ênfase a uma forma robótica de avaliar pessoas… Estou de acordo com a avaliação! Mas avaliemos seres humanos e não coisas!!! Dêem-se condições para avaliar e não se eliminem direitos para mostrar que se tem razão! Proporcionem-se veículos de melhorar o conhecimento sem deixar o medo como pano de fundo. Ofereçam-se incentivos (o mais insignificante elogio é uma arma poderosíssima para apoiar o progresso) até funciona com os animais ditos irracionais…
Não se desenraízem as pessoas, porque em Sociologia aprende-se que o homem é um animal gregário e a problemática dos mecanismos dos “in group” e dos “out group” tem sempre de ser levada em consideração… não queiramos esquecer constantemente o que outros conhecedores anteriores nos tentaram explicar. Se olharmos para a Pirâmide de Maslow poderemos entender melhor o que somos dentro de onde nos enquadramos: PESSOAS!
Amigas! Empatia é um estado mental em que a pessoa se identifica com outra ou se sente na mesma condição psicológica. (neste momento tenho muita dificuldade numa identificação com alguém que me parece estar longe de toda esta realidade);
Que este dia Internacional da Mulher traga a cada uma de nós um pouco de compreensão e Amor, para ajudar aqueles cujas capacidades não estão tão evidentes…
08.03.08
sábado, março 01, 2008
SABADO À TARDE
Sábado à tarde!
Parece mesmo um dia próprio para velório. Foi bem aproveitado, pois que é mesmo hoje o velório dos restos da minha cabeleira, cheia de histórias…
Morreram os meus cabelos, fortes e loiro, fonte de muitas dúvidas do pinta que não pinta…
Foi crime! Diria eu!
Foi uma semana de “rebaldaria”, de choro, de revolta, de ódio… sobretudo de tristeza, porque num momento deixei ir por terra o que havia tentado manter firme… vencer a doença…
Desisto!
Há precisamente uma semana que uma intriga nefasta me assassinou os sonhos. Me mostrou que a amizade é uma treta e que um qualquer mal intencionado pode destruir tudo! Tudo, mesmo a vida de quem lhe aprouver…
Por isso desisto!
Não restam forças para suportar o cansaço que o cansaço da doença faz aumentar dia a dia… e aqui no velório dos restos dos meus cabelos, mais destruída que uma catástrofe, nem uma palavra para dizer o cínico “lamento muito”…
O moreno da tez estiolou, o sorriso morreu na última curva do lábio inferior e o olhar perdeu-se entre as madeixas loiras e grisalhas, muito naturalmente polémicas…e o além onde muito possivelmente haverá uma alma que, poderá ao menos uma vez, usar sinceridade…
Consultas, exames, questionários… fantasias! Para depois ser dito que um transtorno nervoso alterou o ritmo da queda do cabelo…
Há sempre causas para as consequências. Fui vítima de agressão verbal, com o firme propósito de me extorquirem a bela cabeleira que emoldurava o tal sorriso a que chamavas do mais doce que conhecias… Tudo acabou!... graças a uns idiotas desabafos a quem não perdoou existir cabelo, assim natural, e sorrisos de pureza…
Dou uma volta pela pá do lixo. Ultima morada das melenas que entonteciam os olhares maliciosos dos tempos m que me chamavam a mais sensual prof. de Inglês do Josina Machel…
01.03.08
Há que louvar o que merece ser louvado!
Há que enaltecer o que realmente merece ser enaltecido e não economizarei palavras para o fazer, no que respeita aos assuntos que abordarei de seguida:
1. As avarias constatadas nos aparelhos, que assistem as pessoas com enfermidades cuja terapia obedece a programas de radioterapia, promoveram alterações nos ritmos a que técnicos, médicos e até doentes a cumprir estes programas estavam obrigados.
Máquinas são maquinas e falhando, arrastam tudo e todos para
sobrecargas indesejáveis;
2. Foram tendo solução escalonadamente e, ao cabo de uma semana todo estava correndo quase como desejável, não como tal, porque para que os enfermos não ficassem em défice negativo nas suas tomas de radioterapia, houve necessidade de abrir um programa para este sábado 01 de Março… onde estarei integrada…
Agora terei de louvar os professores deste país.
Confesso que será difícil escolher o “trigo do joio”, mas a verdade é que nunca se poderá atribuir a todos a qualidade de joio…. Quando isso jamais corresponderia a uma verdade… Sejamos honestos pelo menos uma vez na vida e não façamos do acto de ensinar uma simples troca comercial, porque é muito mais, aliás não tem equiparação nenhuma…
A ignorância é muito atrevida! Até há professores que ousam falar sobre coacção psicológica, quando, coitados! Estão tentando defender “um aconchego”… Penso que para ser professor, há que ser bem formado conscientemente e muito conhecedor da matéria que ensina… as tretas que a Senhora Ministra fala dizendo que não falou… são mesmo tretas e só tretas…
O terceiro assunto que me atreverei a abordar, trata de amizade!
Há amizades e amizades… começo a pensar que também vão entrar na bolsa de valores um dia destes… amizade quem dá mais 1… amizade quem dá mais 2…. E assim sucessivamente… vão entrar em banca rota aqueles que não olham para as cotações e só vêm a amizade como o sumo doce dos seus corações… é engraçado! Só percebi isso quando entrei em carência absoluta, depois de uma crápula qualquer, usando o telefone de uma pessoa amiga, me ter mandado para os confins de tudo o que era mais feio… sonsa! Creio, porque nunca irei aceitar, que essa velha amizade não me peça desculpa pelos desvarios ninfomaníacos de quem temporariamente não passa de mais um encantamento…
Por outro lado louvo a minha coragem, de pela primeira vez não ter a pretensão de ser a mais inteligente, cedendo… Não cedo em favor de uma inteligência que em nada me abona… Tenho razão! Exijo respeito por uma amizade que nunca traí…
29.02.08
sexta-feira, fevereiro 29, 2008
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
QUANDO O QUANDO COMANDA…
Quando a Natureza deixa de contemplar-nos com a sorte de usufruir de todos os seus benefícios, algo está errado e possivelmente está na altura de fazer como os grandes paquidermes que dão pelo nome de elefante, que ao sentir que o seu período de existência se aproxima do fim, afastam-se e, como diria a garotada quando eu ainda era das mais exigentes a pedir os célebres TPCs, “vai morrer longe!”
Sem ter nada a ver, tem mesmo tudo a ver o que vou contar, porque é mais uma verdade, mas que até parece mentira…
Depois de me ter sido diagnosticado um carcinoma das células pequenas, não operável dado o seu poder de dispersão e caracterizado ainda por ser de células “manhosas” como lhe chama um dos médicos que me acompanha… foi estabelecido um programa de acção/combate numa tentativa de eliminar o indesejável…
Até aqui tudo bem!
Foi iniciado o programa de quimioterapia em (dose para cavalo) e em simultâneo um programa diário de radioterapia (excluindo sábados e domingos).
Tem um considerado número de utentes o programa de Radioterapia do HSTM, e dito por um dos médicos que me assiste em outras áreas, do melhor que há!
Meus caros não há bonito sem senão!!!
Foi quase perfeito nos primeiros dias. Depois a chuva, desrespeitando todas as normas, invadiu o espaço e máquinas e deixando tudo à mercê da humidade… houve necessidade de secar o material.
A aplicação de radioterapia é algo muito delicado e de uma perfeita precisão; computadores com todos os programas numa afinação impecável… marquesas, placas e outros materiais afins, tudo numa perfeita ordem para as sucessivas aplicações, que como devem calcular, não são em todos os pacientes em idêntico local… começando por cada paciente ter o seu próprio tamanho, massa corporal, etc.,etc. ….
Ontem foram iniciados mais novos casos. Houve por esse motivo um reajustamento, que por acaso destabilizou todo o movimento quase sincronizado do gabinete onde sou assistida. Resultando num atraso de um tempo para a aplicação (e aqui em segredo), também encurtou o tempo da aplicação, que invariavelmente dura entre vinte e vinte e dois minutos.
Foi marcada a hora para hoje! 13H30!
Pelas dez e pouco e pelo telefone fui informada que os aparelhos tinha “dado o berro” não havia máquinas a funcionar por isso teria de ser considerado um novo turno e por tal eu estaria marcada para a meia-noite e vinte!
Protestei docemente, pois não teria nem transporte nem companhia a uma hora tão tardia… Meus amigos, não pensem que é “pêra doce” os minutinhos da aplicação de radioterapia…
Muito compreensivos marcaram então para as 20H20…!!!
Aí tive de fazer umas chamadas telefónicas, alterar a vida a uns, disponibilizar outros… porque marcada a hora de começo, estava…. E tudo bem a ser bem cumprida…
Mas lá está! Às vezes a roda anda ao contrário… e quando já estava por perto, pelas dezassete horas… chega mais um telefonema a desmarcar totalmente o tratamento… e não só o de hoje, como o de amanhã. “Regresse na quinta-feira à hora habitual!”
A primeira reacção, como seria o lógico, foi perguntar se não haveria repercussões negativas para esta interrupção, até que depois de sábado e domingo, apenas me fora aplicado o programa de segunda-feira…
Breve e fria, impessoal e com um cheiro bafiento de economia… a resposta foi curta – “Os médicos estão a acompanhar a situação!!!”
Muito bem! Tudo muito bem, mas quem me garante que esta falha de dois dias de tratamento não encurta o meu período de vida em x tempo?
Como vou ser ressarcida pelos danos psicológicos?
Há sempre perguntas sem resposta! … e sempre umas mãos a bater palmas, porque assim, sempre se vêm livres de mim… sem me mandar outra vez para o sargaço…
26.02.08
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
QUE SITUAÇÕES!
Entre o Sol que nasce e o Sol que se põe, mil histórias escoam da boca de uns para o ouvido de outros… Umas vezes a transmissão é directa… outras usa-se o aparelho auxiliar chamado telemóvel…
Quando a cusquice é directa e vai da boca ao ouvido do interlocutor, pode sempre dar-se o benefício de duvida e ou dar um desconto a quem conta… já que quem ouve, só ouve se quiser mesmo ouvir…
Sábado!
Um dia quase normal, se há realmente algo a que se possa chamar normal…
Mas foi sábado e o facto de ser sábado já deixava muito boa gente a gozar o ócio do fim-de-semana… é que nem todos são “professores” com tarefas para fim-de-semana e ou melhoria de conhecimentos…. Há sempre os que têm tempo para melhorar um pouco do apimentado “surucucu” do cantinho da sala de professores…. Porque essa de “cuscar” as mensagens de amigos, de outros amigos, para outros amigos e fazer juízos de valores… muito típico! Deveria ficar por aí!!! O pior é que há espíritos rebeldes e “se der um pontapé no cu” daquela gaja? Assim não chateia tão cedo esta miga… e fica só pra mim…
Pois só que o bombo da festa fui eu!
Sabem o que é que a rameira me chamou? JURO! Não conheço! Nem o palavrão nem a pessoa (se é digna de ser chamada pessoa) “frissureira” nem sei se é isto que se escreve e muito menos o que quer dizer… Pois! E para isto se anda cá sobre estes montes de esterco!!!
Se quem conhece a “dama” e tiver coragem suficiente para a denunciar, será mesmo pessoa digna. SÓ QUERO QUE PEÇA DESCULPA! Depois de explicar o que todos aqueles desaforos quiseram significar… que se enforque e me deixe em paz…
E porque foi sábado, cheia de dores físicas, com um mau estar de quase moribunda, chorando diluvianamente, ainda ouvir isto tudo… só ficará, por ser mais uma folha do meu diário…
24.02.08
Quando a cusquice é directa e vai da boca ao ouvido do interlocutor, pode sempre dar-se o benefício de duvida e ou dar um desconto a quem conta… já que quem ouve, só ouve se quiser mesmo ouvir…
Sábado!
Um dia quase normal, se há realmente algo a que se possa chamar normal…
Mas foi sábado e o facto de ser sábado já deixava muito boa gente a gozar o ócio do fim-de-semana… é que nem todos são “professores” com tarefas para fim-de-semana e ou melhoria de conhecimentos…. Há sempre os que têm tempo para melhorar um pouco do apimentado “surucucu” do cantinho da sala de professores…. Porque essa de “cuscar” as mensagens de amigos, de outros amigos, para outros amigos e fazer juízos de valores… muito típico! Deveria ficar por aí!!! O pior é que há espíritos rebeldes e “se der um pontapé no cu” daquela gaja? Assim não chateia tão cedo esta miga… e fica só pra mim…
Pois só que o bombo da festa fui eu!
Sabem o que é que a rameira me chamou? JURO! Não conheço! Nem o palavrão nem a pessoa (se é digna de ser chamada pessoa) “frissureira” nem sei se é isto que se escreve e muito menos o que quer dizer… Pois! E para isto se anda cá sobre estes montes de esterco!!!
Se quem conhece a “dama” e tiver coragem suficiente para a denunciar, será mesmo pessoa digna. SÓ QUERO QUE PEÇA DESCULPA! Depois de explicar o que todos aqueles desaforos quiseram significar… que se enforque e me deixe em paz…
E porque foi sábado, cheia de dores físicas, com um mau estar de quase moribunda, chorando diluvianamente, ainda ouvir isto tudo… só ficará, por ser mais uma folha do meu diário…
24.02.08
domingo, fevereiro 17, 2008
COMPORTAMENTO…
Tive medo. É verdade. Tive medo. Senti um medo terrível por saber que podia ser dominada pelo carcinoma que me bateu à porta.
Tive medo porque de um momento para o outro, rugiu a fúria do vento devastador, um vento repetitivo, de ecos sucessivos, com as palavras “nojo”, “velha”, “doente”… ponha-se no seu lugar!
Claro que conheço bem esta verborreia agressiva, aplicada sempre que surge uma pétala flutuante no seio do jardim das perdas…
Tive medo sim, porque as palavras que verbalizaste foram mais dolorosas do que os traumatizantes tratamentos a que me sujeito…
Tive medo porque de repente senti que deveria odiar-te, que serias tu a meter-me repulsa… que deveria interiorizar como verdades, todas as palavras que me dirigiram, todas as mensagens que me enviaram, para denegrir a tua pessoa… e que jamais quis acreditá-las… possivelmente sempre não passei de objecto de animação e de “cavalo de cortesia”, para passares pelo que não eras… Mas sempre encontrei uma justificação para todas as etapas e sempre me preocupei em respeitar e aceitar como cada um é.
Tive medo e de novo o medo dos medos sobreveio a todas as realidades, porque a realidade de todas as realidades é a morte, e essa, acompanha-me como a sombra longa, ao pôr-do-sol…
Tive medo e passei a silenciar mais o que pensava e o que sinto. Não é justo se ser injustiçado por julgamentos obtusos, próprios de quem pretende dominar, porque tem medo de ser dominado… e sobretudo por quem opina, para daí obter vantagens… que irão por terra um dia… as pessoas são falsas para angariar posições que por vezes nem sabem se as merecem… ouvem, opinam, “compreendem” para tirar partido… e denegrecer os que de alma pura tentaram ser bons… Entendam como quiserem, mas estou saturada de toda esta teatral vivência com que se mascara o dia a dia… avaliar não é fácil, mas avaliar desonestamente, é facílimo…
15.02.08
sábado, fevereiro 16, 2008
O QUE PASSOU A SER ROTINA…
Dispa-se da cintura para cima e vista a batinha azul com a abertura para trás. Deite-se como de costume; mais um pouco para baixo… respire lentamente… está iniciada mais uma sessão de radioterapia…
A marquesa é de metal; os acessórios em plástico e paira um frio que gela a alma…
As técnicas são simpáticas e até brincamos por terem as mãos tão frias e pareça que estamos numa câmara ardente. Elas são o elo de ligação entre as máquinas, eu e os feixes de luz vermelha que furam a pele com o intuito de liquidar definitivamente as células, que jamais deveriam ter vindo importunar-me.
Quando o amigo X me disse que eu tinha a mais bela cabeleira grisalha, quase tive vontade de chorar. Deixei de usar a espuma branca e agora tenho um corte de cabelo à escova… espetado e amarelo, mais espesso e até pareço um garoto de bairro de periferia…. Só falta o ranho a escorregar do nariz para o lábio superior… condiz com a minha índole rebelde!
Ontem foi um dia deprimente. Foi um dia para recordar emoções de adolescente, em que nada havia sobre o tal “São Valentim”, mas que a minha avó me enviava montes de postais e outras cenas, para que o meu “querido” da época fosse presenteado como devia… mas como já está no além, já não podemos recordar… e os do actualmente, não prestam, nem merecem que perca tempo com esses devaneios…
Foi um dia 14 de Fevereiro muito insípido e vestida de batinha azul escura, lá cumpri a minha sessão de radioterapia…
15.02.08
Dispa-se da cintura para cima e vista a batinha azul com a abertura para trás. Deite-se como de costume; mais um pouco para baixo… respire lentamente… está iniciada mais uma sessão de radioterapia…
A marquesa é de metal; os acessórios em plástico e paira um frio que gela a alma…
As técnicas são simpáticas e até brincamos por terem as mãos tão frias e pareça que estamos numa câmara ardente. Elas são o elo de ligação entre as máquinas, eu e os feixes de luz vermelha que furam a pele com o intuito de liquidar definitivamente as células, que jamais deveriam ter vindo importunar-me.
Quando o amigo X me disse que eu tinha a mais bela cabeleira grisalha, quase tive vontade de chorar. Deixei de usar a espuma branca e agora tenho um corte de cabelo à escova… espetado e amarelo, mais espesso e até pareço um garoto de bairro de periferia…. Só falta o ranho a escorregar do nariz para o lábio superior… condiz com a minha índole rebelde!
Ontem foi um dia deprimente. Foi um dia para recordar emoções de adolescente, em que nada havia sobre o tal “São Valentim”, mas que a minha avó me enviava montes de postais e outras cenas, para que o meu “querido” da época fosse presenteado como devia… mas como já está no além, já não podemos recordar… e os do actualmente, não prestam, nem merecem que perca tempo com esses devaneios…
Foi um dia 14 de Fevereiro muito insípido e vestida de batinha azul escura, lá cumpri a minha sessão de radioterapia…
15.02.08
terça-feira, fevereiro 12, 2008
Hoje é o dia D
Poderá ser mesmo o primeiro dia do fim... nem sempre somos suficientemente fortes para aceitar a nossa própria degradação...
Se existir o tal se que anseio, poderei repetir por muito tempo ... sabes o quê
12.02.08
Se existir o tal se que anseio, poderei repetir por muito tempo ... sabes o quê
12.02.08
domingo, fevereiro 10, 2008
TALIS VITA, FINIS ITA
Há frases que nos fazem pensar e esta é uma delas… e faz-me pensar em ti.
Tal a vida… tal a morte… só que fazes da tua vida a morte dos que pretendes eliminar… sem apelo nem agravo vais abatendo, tordo a tordo, se não cantam à tua maneira.
Deleitei os ouvidos a escutar o trompete daquela alma eloquente… superei, temporariamente, as desditas da minha alma em despedida… recordas-te? Pois! Está mesmo decidido. Não deixo data porque a surpresa é a melhor prenda que se pode deixar aos “amigos”…
E os prazos de avaliação aos professores foram ao “ar”… temporariamente? Vão as escolas estabelecer os seus prazos… e sem que se entenda, para os contratados o prazo vai até ao fim do ano lectivo… mesmo que estivesse no activo, “bem feito!”, já não me avaliariam… fico pesarosa por não poder avaliar alguns pretensos professores…
E agora que cortei o cabelo com dois dedos de altura, estou apta para encarar a realidade que se avizinha. Feliz? Obrigada pela bela colaboração que me tens dado, desprezando os meus apelos para que o tempo que é pouco, seja menos difícil de ir passando…
Ainda não é a despedida… apenas um até daqui a um tempo sem hora marcada… a interiorização de qualquer pensamento carece da devida calma e ponderação…
10.02.08
domingo, fevereiro 03, 2008
DUALIDADES: – VIDA E MORTE
Invade-me uma letargia letal. A sequência de todos os últimos acontecimentos é similar a uma queda de água, de uma montanha assaz alcantilada…
Não te escondi nem uma vírgula. Pensei que deveria ser clara, para que te preparasses… mesmo sendo como és: frio, indiferente, calculista e sempre pronto a tirar partido das minhas fraquezas… mas desta vez não vais ter mais, desculpa. É o fim!
Tudo não passou de malabarismos, de palavreado manuseado, de um ror de jogos e em que neste não ganhaste. Mais uma vez ganha a alma a quem deste o corpo…
Valeu de muito? Nada!!!
Ficas feliz? Duvido! Tudo será mais uma recordação entre as muitas que tens para contar… os mortos são como velhos livros que, depois de lidos, ficam a acumular poeira numa estante… e tens uma estante com muitos livros.
Não entendo que tipo de perturbação é essa que te leva a homenagear os que já não têm hipótese de te agradecer… até que em vida, sempre houve o espectro de quem não pretende que te amem…
O tempo deixou de ser importante. O neste momento não mais se repetirá e muito certamente não mesmo, nunca!
Infinitamente, indefinidamente vão surgindo palavras e mais palavras, com as quais vais exaltar os estádios de alma que vais criando, numa constante tentativa de colmatar o que nunca vais deixar de querer que sintam por ti… e uma vez mais ganhou a carne à alma desprevenida…
Para muitos, toda a escrita é a labiríntica estrada pela qual foges, numa busca inconsequente… porque não há nada ao fundo dessa estrada… morte, é o fim do destino. Já não me apanhas! Corri com mais velocidade e nem me cansei… apenas fiquei muito triste porque perdeste o fôlego e desististe… a favor daquele nada… o nada que te irá fazer dar voltas e voltas como um carrocel descomandado… só pelo prazer do fervilhar, sem mais nada depois… mas tens o meu aplauso! O prazer da carne é o que promove a elevação da alma… e a tua tem de estar sempre elevada… porque esse corpo não existe mais…
Chove! As nuvens choram pelo triste abandono que lhe proporcionaste… nem elas aceitam que as esqueças…
03.02.08
domingo, janeiro 27, 2008
TRISTEZA
Não sei se é possível avaliar a tristeza. Não sei se há uma unidade de equiparação para que esse valor nos seja fornecido com precisão. Apenas sei e por instinto, que a tristeza que sinto é incomensurável. Jamais imaginei ser tão triste. Sentir a tristeza que sinto.
Como estou destruída!
Como uma ilusão pode ser tão devastadora…
Como é que uma quimera nos pode arrasar tão profundamente?... A quimera da vida!
Sim! Porquê teria imaginado que deixaria de ser tão só? …
Troquei… comercializei a palavra com a solidão para não estar só… É triste! Fiquei mais só. Usada. Banalizada. Preterida. Ignorada.
Os meus sentimentos ignorados, foram vandalizados, apedrejados, mal tratados…
O primeiro impacto foi o do maravilhoso. O do encantamento pela palavra… o do domínio da incerteza, com as suas fantasias… orquestras de sinos no paraíso… ninfas segredando poesia as som dos murmúrios do rio… e deixei-me embalar pela doçura do imprevisto e pela originalidade dos factos… pela beleza do imaginário e pela perspectiva das consequências… até as desejei rápidas. Morrer lentamente deve ser atroz…
Depois, no silêncio do estar mais só, aquando a respiração quase não se sente, odiei-me e também a todo o cenário que apadrinhou toda a ilusão… viver!
Quando a tristeza ultrapassa a nossa dimensão, o fim é a solução… as recordações dissipam-se como as peugadas no deserto…
27.01.08
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