sexta-feira, dezembro 30, 2005

A AMANTE


Precisamente às três e trinta da tarde aquela mulher atravessou o átrio imponente do Hotel Meridian e dirigiu-se ao balcão de reservas e perguntou se podia subir ao quatrocentos e cinco.

Depois de aguardar uns breves segundos, o “groom” veio com um ramo de três belas orquídeas brancas, importadas da Holanda e com um sorriso (pago), estendeu-as dizendo que eram para a senhora e que a acompanhava.

Abriu-se a porta, depois de um delicado toque com os nós dos dedos da mão enluvada do empregado do hotel e a dama entrou, com um sorriso de muito obrigada.

O quarto estava ornamentado com dezenas de rosas cor de mel, cujo odor se espalhava como se fosse uma perfumaria… parecia um sonho de fadas (se elas existissem…) e lentamente aquela mulher atravessou o quarto, pôs as orquídeas sobre uma “chaise longue” e tirou o casaco e pôs a mala sobre a cadeira de talha dourada ao canto, perto da janela. Passeou sobre uma alcatifa macia e admirou todos os ornamentos daquele quarto onde iria passar as horas seguintes.

Não se despiu. Não se sentou. Não disse uma palavra. Caminhou de um lado ao outro do quarto e olhou o relógio…e estava só!

Voltou a vestir o casaco. Pegou na mala. As orquídeas, deixou-as no meio da cama. Sorriu e partiu…

Pela terceira vez ele dissera que chegava de Estocolmo e que a queria ver…e não aparecia...

30.12.05

sábado, dezembro 24, 2005

INSÓLITOS DO QUOTIDIANO

Como a época exige, contactam-se amigos e parentes, num vai e vem de bons votos e mais umas quantas frases feitas, por vezes, sem que as sintamos muito bem.

Ora neste vai que não vai de chamadas, acabei de falar com uma amiga que por ter sido transferida para longe, não falávamos há mais de um ano… e vai daí, teve de pôr a escrita em dia: Contou-me da festa de beneficência onde esteve há umas semanas, para angariar fundos para uma qualquer instituição, da qual nem nunca ouvira falar…

Mas o insólito é o que lá aconteceu…

Já tarde na madrugada, subiu ao palco improvisado, um “belezas” “peludinho” e musculado, que leiloava um beijo a favor da tal instituição.

A minha amiga, benemérita, mas aqui para nós, muito carenciada, foi entrando no jogo, até que lhe calhou o que ela começou por chamar…a sorte grande…

Subiu ao palco e beijou arrebatadamente o “Zeus” em calções… (segundo ela, nunca havia sido assim beijada…)…

Terminada a “farsa”, salta de lá um “rechonchudo paquiderme” e vai de dizer umas “bocas” à minha amiga… (bem, era o namorado do “Zeus”)…

Ora dizia-me ela, quase chorosa, que depois de ter tentado ter coragem para beijar um homem…saiu-lhe na rifa aquilo… e pior, nem sabe como justificar no IRS, dois mil e quinhentos euros…sem recibo!

E assim vão os nossos dias… neste quotidiano mais ou menos monótono…

quinta-feira, dezembro 22, 2005

DESALENTADA


Sem mais forças para lutar
Sem lágrimas para chorar
Sem coragem para enfrentar
Sem alento para aceitar
Sem condições para perceber
Sem conseguir entender
Sem sequer querer ver
Apenas quero morrer…

22.12.05

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Árvore de Natal


Como todos sabemos, o uso da árvore de Natal tem origem pagã, este costume predomina nos países nórdicos e no mundo anglo-saxónico e a sua tradição tem raízes muito mais longínquas do que o próprio Natal.
Os romanos enfeitavam árvores em honra de Saturno, deus da agricultura, mais ou menos na mesma época em que hoje preparamos a Árvore de Natal. Os egípcios traziam galhos verdes de palmeiras para dentro de suas casa no dia mais curto do ano (que é em Dezembro), como símbolo de triunfo da vida sobre a morte. Nas culturas célticas, os druidas tinham o costume de decorar velhos carvalhos com maças douradas para festividades também celebradas na mesma época do ano.
Segundo a tradição, S. Bonifácio, no século VII, pregava na Turíngia (uma região da Alemanha) e usava o perfil triangular dos abetos com símbolo da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Assim, o carvalho, até então considerado como símbolo divino, foi substituído pelo triangular abeto.
Na Europa Central, no século XII, penduravam-se árvores com o ápice para baixo em resultado da mesma simbologia triangular da Santíssima Trindade.
Nos países católicos, como Portugal, a tradição da árvore de Natal foi surgindo pouco a pouco ao lado dos já tradicionais presépios.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

“is”


Infinitamente só, a solidão vagueia.
Indiferente aos sons fortes e dominadores,
Impacienta-se pelo tempo onde se passeia,
Incapaz de reagir às correntes dos amores.


Iludindo-se, a solidão tece a sua teia,
Imaginando quem cairá nas suas dores,
Inconscientemente, sem querer, planeia,
Irracionalmente, prender os seus amores…


E vivendo por aqui e por além, a solidão
Sempre a esperar por uma nova ilusão,
Deixa que os tempos passem, desregrados…


E muito só, a solidão, em dias sem dias,
Deixa-se esvair entre as suas fantasias,
Chorando estar só, recordando seus amados…

16.11.06

segunda-feira, novembro 28, 2005

APENAS PARA TI!


Não queria ter ódio à tua pessoa,
Apenas sentir uma profunda indiferença,
Porque com ódio há algo que magoa:
Ainda perdura a profunda dor de presença…


Tudo o que seja ódio, raiva, ira, é doença
E jamais quereria perpetuar o que me doa,
Por sentir, sentindo sempre a tua indiferença
Se me tocas, mesmo sem a tua presença…


Não queria sentir o desejo do teu beijar
Nem tão pouco queria voltar a recordar
Este sofrer constante, por me ignorares…


Não queria partir assim, sem, mais amar
Nem tão pouco partir, sem te levar
Como único e mais real dos amores…

26.11.05

terça-feira, novembro 08, 2005

NU?


Na cama, em casa, na rua,
Despido de fantasias
Sois Homem, verdade nua e crua!

Crê Homem, que a tua fama
Tão pouco ficará abalada
Mesmo que não uses a cama,
Para seres pessoa falada…

Na cama, fazes amor
Que apenas pode ser desejo,
Ou puro acto de favor,
Ou puro acto de manejo…

Em casa, controlador,
Podes acabar indesejado:
Mero acto de terror,
Se não te fizeres amado.

Se não souberes ser amado,
Ninguém te fará feliz
Serás sempre um ser acabado,
Como o ditado o diz…

Na rua, qual estátua, toda nua,
Não passas de um desconhecido
Mesmo que muito presumido,
Digas ao mundo que sou tua…

O ID tem destas coisas estranhas,
Que sem mecanismos de defesa,
Causa fervor nas entranhas,
Mesmo a quem se veste de esperteza…

Se estás defendendo tua atracção
E pretendes ser respeitado,
Mesmo sem roupa, a fazer revolução,
Apenas serás sempre rejeitado…

08.11.05

domingo, outubro 30, 2005

ESTÁTUA






A beleza de uma estátua age, quase sempre, como um mecanismo para nos transportar a um sem fim de pensamentos.

Contudo, nunca nos podemos esquecer que o pensamento é, invariavelmente e associado a muitos outros factores, um caminho certo para pormos a funcionar a imaginação… agora pensem…

terça-feira, outubro 25, 2005

SOFRER DESGASTANTE!


Sinto com que despudor sou usada.
Sinto que apenas sou capa de ilusão;
Que escreves e finges, mas não sou nada…
Em ti, contigo, vive aquela outra paixão…


Sinto que a tristeza me invade pela calada;
Sofro por uma dor profunda, sem perdão,
Porque mesmo não querendo, estou apaixonada
Por um mito; por quem não é rei nem vilão…


E como se descesse uma longa escadaria,
Lentamente vou mais fundo, sempre em agonia,
Por sempre querer acreditar no que não existe…


E fingindo que as tuas mentiras são verdade
E que me olhas sem olhar, cheio de saudade,
Vou iludindo o que me resta desta vida, tão triste…


24.10.05

terça-feira, outubro 18, 2005

MENSAGEM!


A vida é um jogo audacioso,
Em que a palavra usada e trocada
Diz e não diz, em tom malicioso
E pode dizer tudo; pode dizer nada…


Acusas, elogias, criticas vaidoso,
Que jogo com a palavra falada…
Mas esqueces sempre que és insidioso
Quando jogas ao que sinto - “não é nada!”


E num vai e vem de muito palavreado,
Muito mais por escrito, do que falado,
Agitas-te se não uso as palavras que queres…


Sem jogos, crê, apenas te quero dizer
Que uso todas as palavras, para te ver
Mesmo que partas ou se nunca mais vires…

17.10.05
in Cup&Cino
10H00

terça-feira, outubro 11, 2005

P. D. N. A.


Parti em busca de uma ilusão,
Andei só, por caminhos solitários.
Ri das tristezas que senti, em vão.
Tive sonhos banais e ordinários…


Dominei desejos, talvez sem perdão
Ou talvez não passassem de imaginários
Rasgos, de uma profunda reflexão;
Enterrei em cinzas, os meus fadários…


Naveguei por mares profundos, à vela,
Onde sempre resplandeceu a flor mais bela,
Vigiando sempre o meu profundo amor…


Almejei estar, querido, em teus braços,
Dominada pelos teus eternos abraços,
Onde, jamais sentisse tanta dor!...

quarta-feira, outubro 05, 2005

O QUE ME DESTRÓI



Sou uma carta do baralho da tua existência
Insignificante brisa que sopra sem sentires…
Excluis-me como lixo em cada ausência.
Tudo serve de pretexto para me preterires…

Não comentas o que lês, para não mentires…
Abominas sentimentos com muita pertinência,
Para me esconderes todos os teus sentires,
Que têm outros ritmos, outra cadência…

Deito meus olhos no leito do rio corrente
Para esquecer como minha alma é impotente
Para transformar, como Isabel, rosas em pão

Estendo meu olhar pelo monte ressequido,
Tentando esquecer quem me é tão querido…
Tentando até, esquecer esta doce paixão…


05.10.05

sábado, outubro 01, 2005

ESTOU RETRATADA

Estou retratada!
Foi demonstrado,
Com toda a clareza,
Que nos bastidores,
Sem estar mascarada
Também sou gente
E finjo não estar deprimida
E às vezes,
Com singeleza,
Abro de par em par o coração
E mostro que sou diferente:
Sou toda sonho,
Sem ambição;
Sou toda doçura,
Sem maldição…
Sou gente!

E porque sou gente
Choro com emoção,
Reclamo, grito, revolto-me
E vou em frente…

Estou retratada!
E como foi escrito
E demonstrado,
Estou sempre do lado oposto
E como veredicto,
Estou condenada
A não esconder nada…

Estou retratada!
Para dizer a verdade,
Não esconder mais a realidade
E reconhecer
Que estou só,
Caminho só,
Sonho só
E para vencer,
Sem lutar,
Só resta reconhecer
Que estou retratada!...
Devo submeter-me
E obedecer…
Tenho de cumprir
E sem reclamar,
A sorrir,
Que apenas me resta
Aceitar
Que estou retratada!... …

terça-feira, setembro 27, 2005

SOPRO DE VENTO


A aragem leva-me o pensamento
Para além do Sol-posto, tão só…
Até parece uma pena ao vento,
Ou apenas uma partícula de pó…


Penso sempre no mesmo momento:
As notas da tua música, em dó…
Com o que fazes, com sentimento
Aquele que me exclui e deixa só…


Deixo então o pensamento voar,
Silenciando o que me faz chorar
Por ter imaginado ser quem não sou…


Nem mostrando todo o meu amar,
Fui importante ou nem quis acreditar,
Que nos teus braços não fui nem vou…


06.09.05
Figueira da Foz

terça-feira, setembro 20, 2005

PRAZERES SIMPLES MAS DOLOROSOS


Adoro caminhar a teu lado
Adoro ouvir-te falar…
Adoro tudo o que escreves
Adoro que sejas meu amado
Adoro sentir-te pulsar
Adoro todos os momentos, mesmo breves…

Mas sofro por toda a ilusão
Mas resigno-me por não me quereres
Mas anseio por uma mudança…
Mas tento ser, sem ter teu coração…
Mas eu sou eu, quando vieres…
Mas, mesmo sem esperança…

Se algum dia me desejares,
Se algum dia não for mais do que um não
Se uma vez apenas disseres que me amas,
Se o que queres for um talvez não …
Se por me que reres, me chamas...
Se o teu querer não for só vingança…

Porque querer-te, para mim foi fatal
Porque desejar ter-te foi um sonho sofrido
Porque dizer adeus é muito penoso
Porque jamais vou ser igual…
Porque me foste muito querido…
Porque amar-te foi doloroso…

16.09.05 - Almograve

domingo, setembro 11, 2005

TU E EU!


Amanhã.
Amanhã vou ver-te.
Amanhã.
Amanhã, cuidar-me-ei
para resplandecer ao olhar-te.
Amanhã.
Amanhã vou pôr um sorriso nos lábios
para irradiar felicidade
e deixar-te cheio de saudade.
Amanhã,
Amanhã vou cantarolar
para não sentir a distância.
Amanhã,
Amanhã vou beijar-te
porque com um beijo quero apagar
toda a revolta, tristeza e ânsia:
Apenas quero amar!
Amanhã,
Amanhã vou escrever-te.
Quero-o fazer, para não esquecer.
Amanhã,
Amanhã, de olhos brilhantes
Vou declarar ao Mundo que sois cruéis,
num discurso de ódio e dor gritantes...
Amanhã,
Amanhã vou deixar-te.
Partir, para voltar.
Amanhã,
Amanhã, de corpo frio
com a solidão a reinar,
vou sentir um arrepio...
Amanhã,
Amanhã vou chorar
porque existe a distância
e não te posso amar...
Amanhã,
Amanhã será amanhã,
Mais uma aurora vã
Com a tua ausência...

quinta-feira, agosto 25, 2005

A ARTE DE SONHAR SER


Poucos sabem que o sonho
Está sempre presente na vida
Que é concreta e definida
Como uma árvore qualquer
Ou este vaso de barro
Por onde meus avós beberam,
Como o Mar onde eles navegaram
Entre serenos ou terríficos sobressaltos,
Como os choupos tão altos
Que com o vento se agitam
Como nossas mentes gritam
Em “pielas” de ciúme...


Poucos sabem que o sonho
É álcool, é espuma, é veneno
Por vezes agressivo e pequeno.
É bicho de focinho pontiagudo
Espicaçando todos e tudo
Num constante movimento.


Poucos sabem que o sonho
É um pincel, muitas cores e tela,
Um pedestal com uma mulher bela.
É um jardim florido
Pintado de verde garrido
E até melodiosa sinfonia
Enchendo todos de magia.
É vento que sopra do norte

gritando por aquela morte
que não se pára de recordar
mesmo sem nela se falar.


No mapa da imaginação
há rios de amor e paixão
há barcos e aviões,
destroços de corações.
Há esperanças sem fim
dos dias “sim”
em que o dinheiro combina
com poder, com ordem e menina
e os cones de vento
indicam a direcção do pensamento
e a esperança traz afazeres
e estes dão os prazeres
que num ai se vão
como uma noite de luar.


Poucos sabem e pensam
que a sonhar se vai vivendo
e sempre que sonham
o Mundo sofre mutações imensas
como um arco-íris colorido
entrelaçado nas nuvens cinzentas...

quinta-feira, agosto 18, 2005

SADNESS IS POISON!


The box was plenty of tablets. I looked at it and the only wish was to take all of them. Only one thought – to disappear for ever! (as too many had already done)…

Nevertheless, to take the poison would mean to cut the possibility to go on, I could not give up! I was not inside a deep hole.

What is friendship? Who knows its real meaning? How can people use the word to generate unhappiness? Or to suppose that is creating it? How can people use their good times to show the inferiority of the others?

And I looked at the box again, but I’m strong enough to think that should be a mistake. The best thing we have is to be alive ……

12.08.05

Post script – There are some moments during our lives that to die seems to be the solution for the whole sadness we are feeling, but to die is not really a solution and looking around we refill our loneliness reminding our friends, lovers, pets already died, and we decide that life is precious and the best way to celebrate them, it is to go on and never give up.

I suppose, I gave the explanation to my previous script and the picture was only operating as a “pay attention”, so, I decided to use another photo.

18.08.05

quarta-feira, agosto 10, 2005

O SONHO DO JARDIM



Juntou-se um dia a sardinheira à rosa
Para adornar meu jardim encantado
Ajeitámos canteiros de ternura, em prosa
Declamámos versos em tom apaixonado.

A sardinheira, beijou docemente a rosa
Com ares de gente muito enamorada
Entregou-se a rosa, sem espinhos, amorosa
Ao seu sonho querido e mais amado…

Rosa e sardinheira vão ficar eternamente,
Duas flores enlaçadas, apaixonadamente,
Num baile de perfumes e de muito amor

Açoitadas pelo frio vento de Inverno,
Esquecerão mágoas, com sorriso terno,
Porque só ama, quem do outro sente a dor…

1989,Jan.

quarta-feira, julho 20, 2005

VARIAÇÕES

Raiou pela manhã o Sol brilhante,
Os pássaros cantaram de alegria
Teu chamar foi seguro e vibrante:
Eu acordei de novo para a fantasia…


Deixei que o meu olhar cintilante
Voltasse de novo a ser poesia,
Mas aquela tristeza acutilante
Voltou, como nuvem de magia…


A incerteza toldou meu pensamento
A dúvida, de novo, foi meu tormento…
E insegura, procuro-te em vão…


Escondido do Sol, caminhando à toa,
Olhando a colorida borboleta que voa
Anda meu sonho em fascinação…



20.07.05

sexta-feira, julho 15, 2005

HORAS DE DESASSOSSEGO

Sei que nas horas de ansiedade,
Pela calada da noite escura,
Vais ler o que escrevo com ternura,
Para saberes a minha verdade…


Sei que nas horas de ansiedade,
Angustiado e cheio de secura,
Bebes ávido, as palavras de doçura
Que aprendi a escrever na saudade …


Saudades que tive e que vão voltar,
Porque nem tu me sabes amar,
Mesmo apenas com amor de amigo…


Sei que querendo, vou te esquecer,
Com esforço, mesmo antes de morrer,
Qualquer momento passado contigo.



15.07.05

domingo, julho 03, 2005

À MESA

Escrevendo palavras soltas, inspiradas,
Observando olhares e rostos sem cor,
Admirando silhuetas que só são fachadas,
Em tudo tentas esconder toda a tua dor…


Comendo, bebendo, entre duas olhadas,
Apenas para sobreviveres com sabor,
Vais modelando as palavras, encaminhadas,
Para esconderes de ti próprio o Amor…


Num jogo vago, contínuo e sem jeito
Vais escrevendo no teu próprio peito
Tudo o que à força queres esconder…


Jogas forte em muitas emoções inúteis,
Até finges, amedrontado, gestos fúteis,
E apenas queres confundir o teu ser…

03.07.05

sexta-feira, julho 01, 2005

NOITE!

Que a noite seja noite eternamente,
Que brilhe a lua vibrante de beleza
E que meu querer seja puro e veemente
Repleto de sonhos e sem tristeza…

Que cada estrela brilhe intensamente,
Trazendo alegrias, cheias de pureza.
Que cantem louvores incessantemente…
Para emudecer toda esta incerteza…

Que a noite seja a de todos amores
Libertos de velhos ódios e dores
Que seja enfim uma noite de glória…

Que seja a noite bela e promissora
Que seja delicada e encantadora
Para ser uma noite de vitória…
01.07.05

quinta-feira, junho 30, 2005

ÚLTIMO ADEUS

Velei-te toda a noite, desesperada.
Toda fui desgosto, cheia de dor
Foste nos braços dum vento acolhedor.
Nem houve coragem para dizer “nada”…

Apenas foste como uma rosa desfolhada,
Açoitada pelo vento, perdeste a cor
Desfolhada pelo tempo, só e sem amor…
Apenas foste tempo… mais nada…


Velei-te toda a noite só e angustiada
Deixei-me numa tormenta velada
Para sentir este meu luto inextinguível


Velei-te toda a noite com saudade
Perdoando, se fora essa a tua felicidade
E eu ficar para sempre neste luto perdurável…




30.06.05

segunda-feira, junho 20, 2005

DESABAFO

Deixei-me envolver pela madrugada
Numa feliz tristeza sem explicação…
Feita vagabunda, caminhei desamparada
Muito só, para não merecer compaixão…


Escondida no roseiral, chorei desesperada.
Tentei esquecer toda a minha ilusão,
Solucei desgostosa, alma só, desabrigada…
Procurei em vão dentro de mim a solução…


Quando vieste, foi tarde, já pouco havia.
Trazias alegria de um qualquer vencedor.
Contaste os sucessos, esqueceste o amor…


Deste um golpe fatal na dor que sentia,
Destruíste o que restava da minha ilusão,
Apenas ignoraste quem vivia com paixão……



19.06.05

quinta-feira, junho 16, 2005

UMA ROSA A FLORIR…

Casualmente, no interior de uma noite fria,
Aconchegada na ternura de um abraço,
Deixo tomar corpo a minha fantasia,
E no cosmos uma estrela deixa um traço…


E por breves momentos, um hino de alegria,
Com as tuas mãos macias em meu regaço
Suspirando e num misto de prazer e agonia
Sinto-te. Sou tua, dentro do meu espaço…


Deixa-me dormente este sentimento tão belo
E mesmo aquando do beijo mais singelo,
Eu deixo o meu corpo vibrar, entontecida…


E não querendo, quero sempre sentir,
Dentro de mim, uma doce rosa a florir,
Cada vez mais e só por ti, enternecida… …


15.06.05

quarta-feira, junho 15, 2005

YESTERDAY

Yesterday! Yesterday!
Oh, my love! Yesterday…
Yesterday, something wrong
In my life, I don’t say…
It was the beautiful song
Oh my love, yesterday…
Yesterday!
You were a sweet love
In my long day…
Yesterday, yesterday
The brightest night
Showed me the bright
Of the feelings
And the whole dreams were light…
Yesterday
Oh! Yesterday
Yesterday, yesterday
More than a show
More than everything
Yesterday! Yesterday
Yesterday…
It was only an only day…



14.06.05

sábado, junho 11, 2005

WHAT I SHOULD LIKE TO BE!

I should be a fly
To dance all night
And to land on your hands
To kiss them.

I should be a butterfly
To please your eyes
And in winter
I would become
A soft cocoon
With my dreams inside…

I should be a fairy
And with my magical powers
I would make you
What I have ever dreamt… …



11.06.05

IF POEM

If I were a book
I would be the most beautiful romance.

If I were a manual
I would be the most useful one.

If I were a song
I would be the most romantic music.

If I were a bird
I would sing sweet songs.

If I were a plant
I would show the most colourful flowers.

If I were a Man
I would deliver Love for all hearts

But

If I were God
I would put within their hearts LOVE!

11.06.05

PORQUÊS?

Sem respostas…


Porquê fica impune o Amor
Que castiga,
Que causa dor,
Que mente,
Que deixa o vazio
E mata sem pudor?!

Porquê se perdoa o Amor
Que engana,
Que joga,
Que não sente
E deixa desprezo e dor?!

Porquê se pergunta em vão,
Sem resposta,
Sem explicação,
Sem comentários
E com tristeza e desilusão!

Porquê se fica humilhado
À deriva, sem vida,
Morrendo de desgosto,
Com toda a esperança perdida…
Mas sempre apaixonado….

Porquê que é tão forte o Amor?
Só porque é o suserano dos sentimentos?
Só porque chefia toda a Humanidade?
Só porque conduz as nossas emoções?
E do seu trono, só dá momentos?!

Porquê tem de existir o Amor?
Porquê lhe prestamos vassalagem?
Porquê teimamos na dor,
Caminhando numa eterna viagem…
Procurando-lhe o sabor? ……

11.06.05

quinta-feira, junho 09, 2005

QUADRADO PERFEITO

Quadrado perfeito: ângulos e lados iguais
Eis a imagem que tenho para este amor
Que transcende esses ternos beijos estivais
E que têm da Aurora Boreal o esplendor…


Os ângulos são perfeitos, sentimentais,
Encaixando no teu carinho sedutor…
A pele macia ao tocar-me: são vendavais
E eis-me no centro do quadrado do amor…


E vindes sempre mais doce, apaixonado
Trazendo os ângulos do perfeito ser amado
Com terno olhar e palavras de encantar…


E contigo no centro de todos os lados,
Sinto que somos dois eternos apaixonados:
Um quadrado perfeito para te amar…


08.06.05

segunda-feira, junho 06, 2005

A MINHA DOR

A minha dor é como um vendaval
Rodopia, arrasta tudo. Devastadora…
A minha dor é como as dores em funeral
Chora, chora…é uma dor demolidora…


O vento a ulular é uma orquestra colossal
Ruidosa, turbulenta, agreste e arrasadora
E a minha dor, é uma dor sem igual
Profunda como uma caverna, avassaladora…


Nesta profunda dor onde vivo e moro,
Em uníssono com o vento, grito e choro.
Espero em vão, um afago de alguém…


A minha dor é como um vendaval: A dor!
Abandonada, em solidão, triste e sem amor…
Sempre esperando, em vão… não vê ninguém…







06.06.05

sábado, junho 04, 2005

SARDINHEIRAS NÃO DÃO ROSAS

Deixa escrever-te um último verso de amor
E deixa pela minha mente passar a ilusão
Que continuo feliz, resplandecente como a flor
Embalada pelo amor da minha imaginação…


Não estou abandonada, crê-me por favor,
Apenas me debato entre o “eu” e a reflexão
E entre as minhas lutas tento abafar a dor
Com muito ódio, muitos medos e paixão…


Não quero mais fins de tarde dolorosas,
Porque sardinheiras não dão rosas:
Só em filosóficos mitos me fizeste acreditar!


Queima toda a papelada e a minha poesia
Que não foi mais do que quimera e fantasia
E depois sopra ao vento a cinza que sobrar…


04.06.05

quinta-feira, junho 02, 2005

COM RIGOR!

Calibrei todos os meus sentidos.
Inspeccionei os meus pensamentos
E vi que ambos estavam perdidos:
São o que resta dos meus sentimentos…


Pesei rigorosamente as dores sofridas
Medi milimétricamente os momentos
E entre todas as cores já esbatidas,
Vejo-me no cinzento dos tormentos…


Olhei-me triste, de dentro para fora
Colhendo as lágrimas de quem só chora
E em vão procurei e não vi ninguém…


Esperei sem tempo o que tanto demora
Idealizei ser, sem ser quem te adora
E apenas o mesmo silêncio do além…


02.06.05

quarta-feira, junho 01, 2005

EMOTIVIDADE!

Perdi-me no labirinto das emoções.
A vaga certeza perdeu-se no abismo
E as ideias sobre amor foram ilusões…
Mesmo com palavra, vontade ou sofismo


Uma balbúrdia infernal de comoções,
Uma panóplia de mero equilibrismo
Uma guerra metabólica de sensações
E tu e só tu, dentro do teu silogismo…


Perdida, abandonei meu ser sem vida
Longe de olhares, da discórdia renhida…
Passei de ser ao não ser ninguém…


Perdida, indesejada, fiquei consumida
E sem sentido, nem a tua voz querida,
Será outra voz igual à voz do além…


01.06.05

terça-feira, maio 31, 2005

AS TUAS MENSAGENS

Todo o meu ser vibrou descompassado
Por breves e simples palavras balbuciadas.
Tomei-as como o sonho mais amado:
Apenas foram palavras… repetidas, viciadas…


A mensagem, nessas palavras mascaradas,
que dizias profundas, cheias de significado,
não passaram de palavras envenenadas…
para deixar meu ser, no ódio crucificado…


Apenas enganadoras, ditas só por dizer,
nunca me foram dedicadas, como fazias crer
As palavras de todas as tuas mensagens…


Todo o meu ser viveu em função de alegorias
Nas palavras que embora ditas, não dizias…
Foram palavras dirigidas a outras paragens...

31.05.05

segunda-feira, maio 30, 2005

ADEUS

Deixei de pensar: Morri. Deixei de viver.
Deixei que a catástrofe me dominasse…
Escondi-me cobardemente para não te ver.
Preferi deixar que a morte me aconchegasse…


Deixei-me triste e muitas lágrimas a correr.
Deixei de amar. Preferi que o ódio vivesse.
Fechei portas e janelas para não voltar a ver
Deixei-me na noite, sem que a Lua me olhasse


Deixei que outros te dessem meus carinhos
Deixei-me só, numa profunda agonia
E só irei, percorrendo meus caminhos…


Deixei meus sonhos em franca monotonia
Esqueci todo o ror de abraços e beijinhos
Que mais não foram que sonhos de fantasia…

30.05.05

terça-feira, maio 24, 2005

CONFESSO!

Na catedral do silêncio estou solitária,
Confesso silenciosamente o que queria gritar.
Expectante, fico presa a uma loucura imaginária.
Minha alma vagueante, vai continuar a procurar…


Para ti, meu sonho, minha imagem lendária,
Por quem vivo apaixonada, só de te olhar…
Não teria sons nem dizeres de ordem vária
Para compor uma bela ode para te cantar….


Neste silêncio sepulcral fico a morrer
Neste silêncio imposto, sem tempo de dizer
Aqui ficarei de olhar perdido no esquecimento…


Neste profundo silêncio, sem coragem de falar
Sem proclamar o quanto te estou a amar
Apenas te guardo, religiosamente, em pensamento….



24.05.05

O QUE VAI DENTRO DE MIM!

Tanto chora esta alma triste
Tão só, louca, apaixonada…
Alma que não sabe se resiste
Vivendo sem viver, só e isolada…


Porquê esta tristeza persiste
Entre choros, suspiros, enganada
E a esta verdade não resiste
E vai morrendo… morrendo sem nada…


Na gruta do silêncio, grito sem jeito
Porque morro sem te tirar do peito
E assim, quero e só quero morrer…


E cada vez mais e mais perdida
Sinto a angústia de ser preterida
E de tanto te amar e de não te ter…

24.05.05
in Miratejo Café

domingo, maio 22, 2005

MOMENTOS FUNEBRES!

A agonia prolongou-se noite fora!
Um vai que não vai, única partida…
No quarto, na rua, toda a gente chora…
Foi uma ilusão. Foi uma dor tão sofrida…


Quem vai repetir, dia a dia que te adora?
Quem vai manter-te, amiga, iludida?
Escolheste o dia, o mês, falhaste a hora!
Ficaste só? Tão só e triste e tão perdida…


E este tempo, intemporal, consumido
É ilusório, irreverente, deixou tristeza…
Mesmo nesse sorriso vago, muito assumido….


Melodias fúnebres. Indescritível ruído!
A palidez desse corpo inerte, que beleza…
É o que resta de tudo o que foi sofrido…



22.05.05

sábado, maio 21, 2005

PAISAGEM DE ANSIEDADE!

Uma dor! Uma dor profunda no peito,
Uma torrente de lágrimas a correr,
Prostrada, vazia, oca, só, no leito…
Aguardo sem esperança a hora de te ver…


Pensamentos em torvelinho, sem jeito
Sem esperança: apenas quero morrer…
Porque sem sonhos, está tudo desfeito,
Apenas sinto o vento, que passa a varrer…


Lá fora, apenas pássaros negros a voar.
As árvores parecem ter sido queimadas
Despidas de folhagem, estão a chorar…


As ravinas, rochas que parecem limadas
Escondem os gemidos, em ecos, a recordar
Todas estas dores, que são dores passadas…

21.05.05
12H45 in Bolinho Caseiro

SEM RESPOSTA!

Silenciaste o meu chamamento!
Ignorando-o, calaste-o outra vez.
Por isso repito: não passas de pensamento!
Não és sim nem não, apenas talvez…


Silenciaste o meu chamamento…
Ignoraste o que te queria dizer…
Fiquei na solidão, como ornamento.
Senti que o talvez é apenas desprazer…


Aqui fico, junto de um ninguém,
Esperando que o tempo passe veloz
Disfarçando a ilusão, esperando a tua voz…


Deixada ao acaso, chamando o além,
Sou louca! Abandonada e triste…
Sou eu! A que sendo, já não existe…




O7.05.05

sexta-feira, maio 20, 2005

FIM DE HISTÓRIA!

Nem uma palavra: Silêncio total.
Nem um ruído. Nenhum som posso ouvir
Nem aquele que seria o meu ideal…
Mesmo que fosse para me repetir
O que já sei, mas quero irreal…

Se conseguisse fingir e não pensar,
Esconder o que percebo em imaginação,
Gritar ao vento que não quero acreditar,
Ficaria louca, em silêncio, de paixão…
Minha demência far-me-ia rodopiar
Num remoinho imparável, colossal…
Onde tu, só tu e tuas loucuras
São imparáveis momentos de sedução…
São como o antídoto para me aliviar…
São momentos inexplicáveis, inéditos!
São palavras indizíveis e olhares de êxtase
Mas que sendo verdade, são mentira…
São o que não passa de explorativa aliciação…

Mas só o silêncio me embala nesta solidão…
E nem a promessa de bons dias a sorrir
Fazem apagar de mim a alucinação
Que um dia findou… tiveste de partir…
Aqueles braços fortes como um tornado,
Deixaram partido meu coração….
Apenas ficou saudade para me iludir…
Porque foi ele, o vento, o teu amado…

20.05.05
15H10

domingo, maio 15, 2005

INTERROGO-ME?!

Nesta incerteza vã, não me contenho
Se ignorar o silêncio que me espanta
Ou ter e não ter o que não tendo, tenho
Ou abafar o grito que me aperta a garganta…


Vejo ao longe o sonho donde venho…
Olho-o tão triste. Nada me encanta…
Um fio de lágrimas que não contenho…
Corre-me pela face enquanto o vento canta…


O meu soluçar é um ritmado grito
Que se perde num eco infinito…
Que me consome e destrói, impiedoso.


Porquê não ouves; porquê não vens?
Sempre ausente e com desdéns
E se voltas, vens rindo, vitorioso…



15.05.05

sábado, maio 14, 2005

OS MEUS “SES”

Se o sol quente, amigo, quisesse,
deixava livremente as nuvens partir.
Talvez, algo hesitante, até eu pudesse….
com elas, livremente, também ir…


Se as nuvens quisessem e me levassem
a navegar nos seus imensos interiores,
talvez, escondida, me transportassem…
velozmente, para junto de meus amores….


Se a vontade, fosse vontade real.
Se eu e eu quiséssemos de verdade,
Poder-se-ia juntar verdade e vontade….


E se ambas em uma, fosse o real,
não desejaria partir deste belo sonho.
Não teria angústia, nem um medo medonho….


11.05.05

segunda-feira, maio 09, 2005

INDECISAMENTE!

O sangue que te corre, descontraído,
tumultuoso, em catadupas, chama!
Teu pensamento, sem querer, é traído,
em oposição, nem sabes quem te ama!


E bailam-te os neurónios cansados…
Criando angustias, trazendo depressão.
E os olhos doces, ternos, apaixonados,
enganam teus sentidos, tua paixão…


Sem destino, numa eterna indecisão,
procuras sem cessar aquele amante
que te liberte ou te deixe errante…


De procura em procura, desesperado,
esse amor falso, sem um critério amoroso,
amarfanha teu sentir perdido, duvidoso…


07.05.05

sexta-feira, maio 06, 2005

PENSAMENTOS TRISTES

Na tristeza da vida que passa em vão,
sem nada, apenas um desesperado torpor
vou vagueando no desespero da ilusão
morrendo nesta carne, sem amor…


E o ululante vento, forte, desesperante
varre-me como folha seca, envelhecida…
Tropeçando aqui e além, sempre errante,
como a mais pobre das pobres, perdida…


E escorregando, esta vida vai e vem,
sem querer, querendo e já a partir…
Não falando, não pensando, só a fugir…


A fuga à toa, sempre sem fim, não tem:
Rumo. Não tem sonhos. Só tem ilusões.
Nos sem adeus, fujo das minhas paixões…


05.05.05

domingo, maio 01, 2005

OS TEUS … !

O pião rodou, rodou loucamente…
Aqueles jogaram a bola com ferocidade.
Raparigas! Que loucas, sem consciente…
Olham, criticam, desejam sem piedade…


O jogo de olhos, pernas e aquela boca…
veio o toque, o gesto e o desmedido desejo.
Sem pensar rolou o pião em volta louca…
Sem pensar, ambos no chão. O longo beijo…


Não acreditando, ressurgiu um gelo de morte,
porque sem querer, desabou toda a sorte,
num arrepio deixado pelo vendaval…


E sem querer, veio um ódio irreversível,
Sem um lamento das penas do inverosímil
Que arrasta o pensamento como temporal…



30.04.05
22H50

O MAIS POEMA !

A angustiante perturbação que um olhar causa
Deixando corpos estremecendo, abandonados,
Fazem sentir que no tempo houve uma pausa
E os sentir dos não sentir, estão acordados…


A intensidade ansiosa e um olhar meloso
Que obriga a vibrar um corpo intensamente,
Faz lembrar no tempo o que há de amoroso,
E estando sem estar, estamos plenamente…


E na dúvida do real e do esbatimento da cor,
Sem que haja “feed back” concernente,
Perdemos a realidade num sonho de amor…


Pairamos no desespero como dementes,
E no peito, em vez de prazer há dor,
Pensando na Morte como causa presente…



14H38
30.04.05
Saldanha

quinta-feira, abril 21, 2005

DOR DO SOFRER

No meu peito há uma profunda dor
A dor que das dores me fez sedenta.
Dores de todas as saudades de amor,
Que um peito sente, se experimenta…


No meu peito há a dor do sofrer,
Da saudade e do que queria verdade.
No meu peito há esperança de morrer
Por não aceitar tão triste realidade…


Com meus olhos chorosos de dor
E no peito a dor do ausente amor,
Vou morrendo por aí. Passos errantes…


E ao escolher a morte por companhia,
Escolho-a ao amor, pela fantasia,
Por tanto sofrer por amores vagueantes…



21.04.05

quarta-feira, abril 20, 2005

SUSSURROS

Que a palavra “doçura” seja um desejo
Entre os que em cada dia formulamos.
Que seja mais simples que um simples beijo.
Que seja a realidade do que falamos…


E se os longos silêncios forem doçura,
Que sejam tão longos como pensamentos
ou no seu todo sejam expressão de ternura
e eternamente sejam belos momentos…


Significando a doçura muita compreensão
E assim também, a mais pura dedicação:
Podemos chamar-lhe uma palavra perfeita.


Ouvi-la com carinho, ao ouvido, sussurrada,
Seria como se fosse a mulher mais amada,
Porque doçura é palavra para a doce eleita….



19.04.05

domingo, abril 17, 2005

COMPREENDEI A PALAVRA!

Agora que a hora se esvai,
dizei Senhora que a Morte é vinda.
Perde-se em sonhos o que me atrai
mesmo que perdida em sonhos, ainda…


Pois que venha a Morte, Senhora!
Porque sois bem vinda, de certo.
Deixarás da Morta sonhadora….
aquela que jamais tendes por perto!


De escritas a eito, sem expressão…
Lançam ventos a ventos, cheios d’ilusão:
São dores da escrita duma vida…


E da escrita, sem palavras, dizes
De todas as mentiras felizes:
São toda esta amálgama perdida!...



16.04.05
16H40

PSICOFILOSOFICAMENTE!

Vontade, pura ilusão psicológica,
resultante do desequilíbrio causa efeito
na sua acepção metafísica, estudada,
deixa que minha vontade fisiológica
me deixe andar aí sem jeito,
a pensar, em pensamentos do nada…
Mas pensando, ao pensar sinto
o que é a vontade ilusória,
num desequilíbrio designado preconceito,
com causa real e resultado aparente,
numa vibração aguda e constante
permitindo o orgasmo da glória,
que sendo pura ilusão não mente,
muito embora seja a vontade errante:
quer seja pura ilusão psicológica
quer fechando os olhos e gritando vitória!


13.04.05

sábado, abril 16, 2005

VULNERABILIDADES!

Meu poeta trovador
Feito de silêncios abstractos
Ou de monólogos agonizantes,
Ainda espero ter a alegria
Do teu carinhoso amor,
Sem da valoração ter artefactos
Nem dos intrometidos pensantes
Que nos apartam; nos deixam em agonia….


Já nem sei o que é vontade
Nem tão pouco a de te querer…
Talvez me iluda com essa fatalidade,
Com os silêncios que dizem, sem dizer…
Porque se a vontade tivesse autonomia
E tivesse toda a força de fazer…
Minha vontade não era esta agonia…
Nem esta agonia era a minha verdade!...


Se toda a poesia fosse luz
E a tua prosa me fizesse feliz,
Seria rainha e não escrava…
Jamais transportaria esta cruz
Mas na mão uma bela flor de lis…
E nas noites sucessivas não esperava…
Nunca faria perguntas desnecessárias,
Pois sabia ser aquela que se amava…



07.04.05

PROGRAMA DE DESACTIVAÇÃO

O acaso programou intencionalmente,
um ataque cerrado ao já caótico estado
deste alguém vagueando perdidamente,
Vedando-lhe a palavra ao seu amado…

Triste e tão só! Quase propositadamente,
Votada ao ostracismo e na distância
Quer por revolta, ciúme ou ódio ao amor,
Condenada à separação por circunstância…


Porquê o acaso promoveu a desactivação
Do elo de ligação ao mundo maravilhoso
De quem tão longe vivia uma bela paixão…


Os porquês sem resposta do silencioso,
São como o martírio de uma maldição
De quem “inocentemente” foi tão malicioso…



31.03.05
23:46

sexta-feira, março 25, 2005

APENAS SOU!




Neste meu fado, só meu, de sofrer,
Noite fora, tão escura, noite da morte
Serei o silêncio depois de morrer,
Pelo que me deste, desta sorte...


Porque sofrer desta dor tão forte,
Não mais me irá deixar viver,
Ou para ficar aí, vendaval sem norte,
Sem nunca te ter, mil vezes morrer...


Tão perto, mas tão longe estivemos
Teríamos tudo o que não quisemos,
Pois teu olhar jamais poisou no meu...


E em silêncio, sem ter os teus abraços,
E de tanto chorar, ter os olhos baços,
Apenas sou aquela que por ti morreu...


25.03.05

quinta-feira, março 24, 2005

ACABASTE !

Nem mais um minuto quero amar!
Enlouqueci . Assim fiquei perdida,
por tanto amor, por tanto te desejar
e não ter sido mais do que esquecida...


Andar perdida por aí, sempre a chorar
esperando uma esmola do teu amor.
Não quero mais! Quero morrer. Acabar,
para não voltar a ter tanta dor!...


Mas se te olho, sem querer, fico perdida,
Por isso deito minha alma ao vento.
Meu corpo em cinza, será só pensamento...


E não penses que podes sarar esta ferida,
porque palavras, jamais as irei ouvir...
Nem terei de dar-te perdão, pois vou partir!...



23.03.05
in Miratejo Café

terça-feira, março 22, 2005

VENDAVAL DE EMOÇÕES

Escrevo noite e dia sem parar,
olhando esses olhos indefinidos.
Escrevo, escrevo muito para calar
como meus sonhos estão perdidos...


Neste meu vendaval de emoções
apenas existem palavras escritas...
palavras para as tuas paixões,
que para mim estão entreditas ...


Palavras de ilusão, enganadoras
sôfregas dos que hão-de dar prazer
e dizendo tudo, sem nada dizer...


palavras de angústia, sofredoras,
do meu vendaval de emoções...
onde interagem as nossas ilusões...


21.03.05

Ainda outra folha do meu Diário


Quantas palavras! Quantas frases e tantos escritos... que leio, releio e ainda volto a ler. São escritos de quem as escreve, sem um rosto, sem uma silhueta sem uma verdade... São as palavras do além, para avivar uma recordação que jamais morrerá dentro de mim...

Quantas palavras, apenas palavras para confundir a saudade de outras tantas palavras que ouvi!...

As palavras chegam. As palavras partem... presumivelmente nem as entendi... ou convenientemente foram desentendidas. Apenas são palavras destituídas de um significado que pretendi dar-lhes, para que o sonhá-las impregnasse de esperança os meus silêncios, os meus frustrantes momentos de desalento...

Todo o meu eu, fervente de emoções mil, sem divulgação nem partilha, tem desbravado todas as essas palavras, numa busca constante dessa voz sem som e que dos interiores do infinito, algum dia, sem data, sussurrou palavras de doçura e de amor paradisíaco...

E as palavras voltam numa dança frenética. São um ritmo africano que pulula nas minhas veias entontecendo-me, ou são por vezes a melodiosa “valsa da meia-noite” com o teu sussurro de “amo-te tanto!” com os quilómetros de separação dos fios telefónicos dum tão distante passado...

Nesta conjugação de passado presente, neste enleio de morte e vida, tudo são palavras que leio, releio e volto a ler e a reler, como que me anestesiando, para ter o que sem ter tenho, por arte da minha imaginação...

As tuas palavras são minhas... os sonhos são teus...o sentir é o que Natureza te deu!



21.03.05

BELO PLATONISMO

Em espirais descontinuadas
esvai-se este pensamento sem fim...
São loucas perdidas e apaixonadas
as raivas mudas, dentro de mim!


Este esvair-se do meu pensamento
Em que vai e vem contigo em sonho,
um doce, mas louco momento.........
em que aceito todo esse belo medonho...


Belo, sentir amar o igual diferente
dando o corpo frágil e tremente
numa inexplicável e doce paixão...


Mas inigualável é toda a beleza
que sem o corpo, apenas a pureza
da palavra, como um todo de sedução....




21.03.05

segunda-feira, março 21, 2005

AO MEU AMOR ETERNO

Tão triste e triste de ser
quem jamais teve um amor.
E tão triste por só viver,
tão triste, de tanta dor...

Nas doze rosas vermelhas
quiseste dar-me paixão
ficaram tristes e velhas
por cima do meu caixão...

Se fora possível perceberes
quanto te amei sofridamente,
bastariam as rosas para saberes

que com beleza e loucamente,
sem na carne haver prazeres,
se vive e morre apaixonadamente...




20.03.05

quinta-feira, março 17, 2005

ESOTÉRICO !



Saudade do esotérico aconteceu.
Jacarandás de roxo floridos:
Teu olhar profundo no meu;
confusos os silenciosos pedidos.


Frondosas acácias rubras, ideal meu:
São os meus sonhos mais queridos.
E ele és tu. Contigo sou eu,
no éden dos meus sonhos perdidos...


É o sabor dos teus lábios coloridos
nas minhas mãos frias e crispadas
em ocultos delírios. Desejos perdidos...


E as carícias não tidas e desejadas
são o esotérico sussurro dos pedidos
de afagos e de ilusões apaixonadas...


16.03.005

domingo, março 06, 2005

Vermelho-rosa !

Raiar do dia!
Tão belas cores
são uma alegoria
aos meus amores...
O Vermelho-rosa
e o azul celeste
são como toda a prosa,
às vezes profunda e agreste,
que em silencio me deste...
A profundidade dos tons,
como a cor dos teus olhos,
funcionam como “dons”
a criarem-me a magia
de sem viver, viver
sempre triste,
cheia de alegria...



05.03.0514H25

in Holyday inn

Chanson d’amour




Je t’écrirai
pour te dire
combien je t’aime
et faire sentir
que je suis très heureuse
et si partir
j’irai chanceuse…
C’est la chanson d’amour
pour la chanter
a chaque jour
et amoureuse
répéter
que toute ma vie
c’est pour ton amour…
Tu m’a laissée
ici, toute seule,
et pour toi
mon âme vole…
Au revoir, amour d’ami
Je reste morte
avec mon poème
sans répéter que je t’aime…


Le 5 Mars 2005-03-05
08H00

domingo, fevereiro 27, 2005

FILOPOELOGIA

Escrevo, escrevo tanto
transbordando de amargura
que tão triste no meu pranto,
esqueço a saudade da ternura.


E espalho os olhos nos verdes
do manto que cobre o Monte
e choro mais, porque me perdes
como a água que corre na Fonte...


Com os olhos presos na Morte,
ainda aplaudo a minha sorte
Porque nos teus há brilho d’amor....


E ao virar a página da vida
tão triste, com a Fé perdida,
só sinto que te dei dor....


27.02.005
08H00

POESIA DA FILOSOFIA

Que verdade existe na verdade?
Não sabemos porque é incógnita.
A verdade é a mentira da realidade
ou a mentira é a verdade insólita...


No silêncio fica a franqueza
das verdades do imaginário
e nas realistas mentiras a pureza
que me dizes, sendo o contrário...


E na mentira-verdade proclamada
que o silêncio traduz fielmente
procura-se a raiz não encontrada.


E na verdade-mentira se sente
o que a cobardia acomodada,
preferindo calar o que sente!...


26.02.005
12H08
in Bolinho Caseiro

sábado, fevereiro 26, 2005

APENAS CINZA...



Dei-me toda ao encantamento
numa doce melodia de amor.
Elevei tão alto o pensamento
Que ora avante, esquecerei a dor.


Cravejado de sonhos o firmamento
é um enorme palco de esplendor
e esquecida minha dor e tormento,
entrego-me deleitada ao meu senhor.


De mão apertada na mão, (doce ilusão)
deixo de mansinho deslizar o coração
num baile de nuvens, irreal...


E eu, que não sou eu, sou pó
tenho saudade de quando fui noitibó
ou apenas cinza espalhada num roseiral...


26.02.005

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

ÚLTIMO DESEJO!

Que significa o sofrer?
sentir dor por quem padece
ou apenas querer morrer,
porque o pensamento esmorece...


Porquê no peito esta dor,
nos olhos o choro continuado...
talvez por se viver sem amor
ou por saudades do passado...


Aos pássaros a esvoaçarem
ou às pedras da calçada
vou pedir para me amarem...


E na minha última morada,
onde as cinzas se espalharem,
Quero uma rosa desfolhada........

17.02.005

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

SEM NADA

A satânica mentira que dizes
para adoçar minha amargura
e julgares meus dias felizes,
pode ser piedosa, mas é dura.


Usas a mentira premeditada
de olhos sorrindo, endiabrados,
a frase simples, doce, planeada
para esquecer sonhos passados...


E a brincar entre o sério e o fingir,
docemente, vais continuando a mentir
pensando que estou a acreditar...


Mas na abrupta escarpa da dor
como poderei acreditar em amor
sem nada na vida para amar...


16.02.005

PARA QUEM ?!

Que ironia estarmos errados
no tempo que, sem tempo, estamos.
Que agonia sentir a desilusão,
tão velha quanto a Lua...
Sem esperança. Sentimentos parados,
esconder a verdade a quem amamos
ou por quem apenas houve paixão,
paixão pela estátua nua,
sem percebermos que estamos enganados
porque gritam que não nos iludamos...
e que este amor é vento de monção...
E vindo o Sol nunca serei tua...
Mas é belo o medo de perder;
sentir a angustiante fadiga
de esperar sem esperar, em vão
o que tanto havia a dizer
ou algures haver quem nos diga
sermos a sua vida, sua ilusão...
E nesta incerteza constante
à hora crepuscular, tardia,
com o dia a tombar no Mar,
olho à distancia do tempo passante
e recordo essa doce rebeldia
ao repetires em voz vibrante,
que depois da Morte “te vou amar”!
16.02.005
12H55

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

TEREI FÉ ?

Olhar um rio com admiração,
apreciar as margens com espanto
admirar a árvore esguia e alta
ou a gaivota em voos sinuosos
e observar esse olhar expectante,
não serão formas de fé?
O olhar pode ser contemplação
ou a descoberta do encanto
do que à vista nos salta:
Sejam os penhascos sumptuosos
ou o canto da ave, excitante...
Talvez outras formas de fé ?...
Deixar que duas mãos se toquem,
que braços se apertem em abraços
ou que lábios se juntem em beijos,
ou só olhos nos olhos a jurarem
que apenas a Morte os vai separar...
São possíveis gestos de fé ?...
Aceitar que dois corpos se tomem
apertando os afectuosos laços
que de amor passam a desejos
e não se apartam por se amarem,
nem quando a Morte os separar...
Podem ser demonstrações de fé ?...
Padecer com todo esse sofrimento
ou pensar naqueles que temem;
Não esquecer quem vive revoltado
ou desejar a paz e felicidade
ou contemplar as estrelas a brilhar
Serão simples gestos de fé ?...
Admirar um belo monumento
perdoar aqueles que mentem,
escutar quem vive exaltado
ou que anseia pela liberdade
e por tudo o que me faz te amar
Serão vestígios de fé ?...

15.02.005

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

HINO AO AMIGO!

Volta a jogar com as palavras sem som
E mentir com um olhar indefinido:
São a beleza caracterizante...
Porque parece que o jogo excita
E que até dá toda a magia e o dom
de sentir quanto se é preferido...
E essa voz terna, apaixonante,
Que na mentira é perita
Esconde esse fascínio sem tom....

Jamais querer o esquecimento
Jamais perder toda a ilusão
Jamais desistir do que almejo
Jamais prever o desfeche triste...
Jamais que o pensamento
traia a ternura da paixão
a selar com um doce beijo
que não morrendo persiste
desde o seu aparecimento....

Aceitar o que o Amor pode trazer
não olhando o fundo da tela.
Perdoar sempre sem hesitação
o que o Amor amigo pode dar...
Porque na excitação há prazer
E a excitação da alma é bela...
porque põe o corpo em explosão
sem afagos ou carícias: só amar!
Porque há sempre, sempre prazer.........


10.02.005
02H45



terça-feira, fevereiro 08, 2005

TU

Tu, que eu vejo entre as sombras,
Com um sorriso sem sorriso...
Tu, que de olhos esbatidos na paisagem
Vês sem me ver, porque apenas sou miragem...
Tu,
Tu que sem fim, jamais principiaste,
Voltas a esquina e olhas...
Quem encontraste?
Um País? Uma Pátria?
Um volume de poesia,
Alguma prosa e História...
...ciência, Filosofia...
e a minha sombra difusa
procurando os factos de Glória...
Tu,
Tu que de espanto suspiras...
E interrogas
Porquê só no passado houve vitória........


07.02.005

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

CRÊ EM MIM

Triste, triste, tanta tristeza.
Eu sou triste, triste de ser...
O meu sonho, uma agonia de beleza,
por não ser aquela do teu querer.


Triste, tão triste de ser a incerteza,
de estares sempre perto, sem te ter.
Triste, mais triste quando na singeleza
do teu querer, me queres para a “ter”...


Morro a cada momento triste e só,
choro a cada minuto, de meter dó...
Sou da outra a sombra fatal.........


Quero morrer logo. Mais cedo,
não suporto viver com este medo
que no meu peito é veneno mortal...

2005

SONHOS

As nuvens que as nuvens formam,
cinzentas, tristes, enroladas,
são montes de sonhos, que tomam
formas difusas, entrelaçadas.


Nuvens, como melodias, encantam,
embalam em cada hora as badaladas,
que a dor e o esquecimento calam,
a cada momento ficam mais isoladas.


Num fluxo constante, meu sofrimento,
como o formar de nuvens pelo vento,
é um todo na minha vida de dor...


Nuvens, castelos em movimento,
são meus sonhos, são monumento,
erguido ao meu sonho de amor.......

06.02.005

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

NO MEU PENSAMENTO


Neste meu pranto de tristeza
e nos suspiros doloridos
há tanta, tanta tristeza
e tantos sonhos queridos...


A minha poesia tem a singeleza
de pássaros tristes e feridos
e meu peito toda a incerteza
de rios de angustia, infinitos.


Morrer sofrida, por ti, meu amor
sem sonhos, só com a minha dor,
é o que resta no meu sofrer...


Morrer assim, só e angustiada,
tão só, tão e tão desesperada,
depois de sempre e de nunca te ter....

19../2005

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Fragmentos do pensar

O vai e vem das ondas embala meu pensamento num misto de angustia e desespero, que nem o brilho do Mar reflectindo o brilho do Sol atrai minha atenção.
O pensamento balança em desespero por não querer acreditar na mentira envolvente em que deixei enredar o sonho que idealizei.
A lágrima idiota que teima em correr pelo canto do olho, trai o quanto queria ser forte e olhar o espelho de frente...
Construir um sonho sobre uma mentira, jamais poderia ser outra coisa senão um pesadelo... ... como poderia ter acreditado?
Tantas frases falsas que pareceram verdades..........


01.02.005

AVALIAÇÃO

A imputabilidade adquirida
com esse olhar indefinido,
deixa-me louca e preterida
pelo sentimento mais querido...


A perigosidade da indefinição
que desculpabiliza a realidade
cai sobre mim, como maldição,
continuando presente a saudade...


Sinto esse agir tão imperdoável
por ser óbvio e verdadeiro,
ou por um até sempre derradeiro...


De um tempo passado, memorável,
que não voltará, na sua plenitude
porque em ti, a mentira é virtude.


02.02.005

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

MEU LAMENTO

Vou atirar toda a minha poesia ao vento.
Vou amarrar todos os poemas aos maços,
quero deixar de uma vez este tormento;
desejo partir a minha mágoa em pedaços.


Que a ventania varra meu pensamento,
Que corte a fita, desmanche os laços
e eu só tenha o soluço do lamento
de tanta ilusão e tantos fracassos...


Que venham guerreiros ou artistas
pássaros, máquinas ou fadistas,
já tudo é indiferente: sou pó...


Que me venhas chamar de amor,
ou que jamais me causarás tanta dor,
Para tudo é tarde: Morri tão só!...

PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE

O teu querer-me é um mistério
que não consigo desvendar,
talvez, ao morrer, no cemitério
venhas de joelhos me contar...


Porquê viver no teu Império
quando, nem amor me sabes dar...
Todo o teu gesto é um mistério
e mesmo não querendo, me faz amar...


Odiar-te seria a vontade ideal.
Esquecer tua existência ocasional,
para não me deixar outra saudade


Apagar teu nome do pensamento
e esquecer este constante lamento,
por certo seria outra ansiedade...

2005

SONATA DE AMOR


Gritei o teu nome na montanha
e ela repetiu-o cem vezes.
Segredei teu nome na nascente do rio
e de pedra em pedra,
de cascata em cascata até à foz
o teu nome é a melodia que embala...
Jardins, florestas e até os pássaros
ao abeirarem-se repetem-no na sua voz,
numa melodia divinal...
Deixei que o vento carregasse nuvens
do nome que eu dissera
E quando chove, ao cair da chuva,
como uma fala,
ela repete teu nome,
numa melodia divinal...
e o teu nome ao som de um violino
é a sonata de amor....
que em meu pensamento passa
como crente peregrino...

01.02.005

terça-feira, fevereiro 01, 2005

COMO PODES?!


As ideias fluem em repentes
como correntes tumultuosas
de rios, entre penhascos,
caindo de montanhas rochosas.
Chocam-se quando mentes
Ou floreias meias verdades,
verdades que acho odiosas...
Escondes em cada momento,
entre palavras e fugas ilusórias
e às vezes com inspiração,
um tão estranho comportamento
ante situações irrisórias...
Como não me hão-de fluir ideias
entre alegrias e tristeza,
se de tudo fazes histórias
que bailam em meu pensamento,
como as mentiras mais feias,
que dizes com tanta frieza,
sem sentires o meu tormento...!

31.01.005

domingo, janeiro 30, 2005

ÓDIO, RAIVA, IRA


Um ódio devastador
arrasa meu pensamento,
abala todos os sentidos
e aquela palavra “amor”
que só leva ao tormento
é caminho de passos perdidos...
A raiva que reina no sentir
cheia de ódio e dor
mergulha dentro de nós
fazendo em ondas repercutir
que não são sentidos d’amor
ou lágrimas surdas, sem voz...
E toda a ira em explosão,
como em guerra declarada,
deixa-me minada de revolta
porque a razão não tem razão
nem poderá ser explicada
porque apenas é pássaro à solta...

20.01.005

quarta-feira, janeiro 26, 2005

PÁGINA ZERO!

Podes fugir, se pretenderes.
Deixares até de me falar.
Ignorar-me, se o desejares,
mas nunca proibir de te amar...


Tudo o quanto escreveres,
ambiguamente explicitado,
sem palavras, é para me dizeres
que não queres ser meu amado...


Podes esquecer aquele beijo
de mel amargo que me deste
e até odiar todo o desejo


que à força querias esconder,
porque sem querer, já perdeste
quem por ti acaba de morrer...


26.01.005

terça-feira, janeiro 25, 2005

DIÁRIO


Absurdo, mas maravilhoso
o sentir um afago tão desejado,
o terno sussurrar tão amoroso.
Encontrar no fundo do abismo
o que ainda não fora encontrado...
E sem sombra ou sofismo,
em gesto louco, apaixonado,
receber a mais bela flor
colhida no campo, a preceito,
para a colocares com amor,
muita ternura, em meu peito....

Não esquecerei esta nesga de tempo
nem tão pouco a sua brevidade
porque para sempre, em pensamento,
será como um prémio de alegria.
Percebi quanta sinceridade,
quanto pode haver de magia
no simples gesto de dar uma flor,
na mão que aperta a mão,
num todo de beleza e de verdade,
na plena magnitude do amor
e que não foi sonho nem ilusão......

24.01.005

domingo, janeiro 23, 2005

Dia 23!

A bruma cobre toda a paisagem
como um manto de tule branco.
Ao longe, árvores parecem miragens,
sombrias imagens de um sonho...
Uma melodia suavemente envolvente
cria uma atmosfera de fantasia.
Desfiam recordações do presente
cheias de mentira e hipocrisia,
de falsa ilusão do belo-medonho.
Vibram olhares sem significado,
mãos que não se enlaçam nem cruzam,
mas acenam promessas sem sentido...
... continua “la vie en rose” a tocar…
e aquele velho delírio doído...
não deixa que pare de te amar...
Tão distante no tempo fica o Sol
que nossas sombras beijava,
quando, na esquina do passado
com um até sempre que não voltava...
mas que me deixava um amargo sorriso,
para não veres que chorava...
e nesta tarde fria e brumosa
alegre, triste e saudosa,
no tempo, sem tempo serás meu amado...
Lápide que as intempéries tem descorado...

23.01.005

sexta-feira, janeiro 21, 2005

DESABAFO!


Deixai que abram as portas
para a Morte passar.
Deixai-a entrar!
Que entre,
que me tome em seus braços
me abrace e me leve...
Deixem abertas as portas
para eu com a Morte partir.
Saiamos!
Prefiro ir a ficar.
Troco o Mundo pelo nada:
A Morte!
Mas prefiro ir a ficar.
Deixai por aí a monte
esse “mundo” infame
de rebeldes, de capitalistas infelizes...
e vou com a Morte...
À saída, uma chuva de
mimosas flores brancas cairá,
E eu, de tules,
nos braços da Morte,
irei para não voltar...

17.05.65

REFLECTINDO


Talvez, pensando melhor,
não quisesse que se lesse
o quanto escrevo no tempo...
Talvez assim evitasse
que fosse pensado o pior,
que a minha escrita intemporal
fosse para quem amasse...
sem retorno ou forma igual...
Talvez até evitasse o denegrir
de um tão belo sentimento,
ou nem obrigasse a mentir
fazendo qualquer mau julgamento...
Quem dera fazer viver
quem a ponte atravessou
e me deixou a sofrer...
Aquele amor assexuado
apenas veio e passou,
como pássaro que voou...
sem deixar de ser amado...
Talvez, pensando melhor,
deveria partir para o “além”
esquecendo o que é amor
e mesmo para lá da ponte,
ver, olhar, mas com desdém...
Pobres dos tristes pensantes,
ao idealizarem ser donos do sonho
que nunca foi, mas vai e vem,
como vagabundos errantes....
Fica o até sempre da partida
daquela que te foi querida,
e um dia quiseste e não te tem.......

20.01.005

quinta-feira, janeiro 20, 2005

TRISTE SORTE !

Cheira a flores murchas e secas
e a velas que ardem lentamente.
Paira no ar o cheiro da Morte
que vem de mansinho, triunfantemente
apontando a quem saiu a sorte.


Vem esbelta e elegante, sorrindo,
de mãos esguias, com gestos lentos
Vem toda de branco vestida.
Olhos semicerrados, escondendo os pensamentos
Como quem, com saudade, está de partida...


Entre a fumaça pálida das velas
e o cheiro mortiço das flores
jaz a companhia da Morte
para quem já não há mais amores
e apenas no peito aquela sorte...




2001




A ARTE DE SONHAR SER


Poucos sabem que o sonho
Está sempre presente na vida
Que é concreta e definida
Como uma árvore qualquer
Ou este vaso de barro
Por onde meus avós beberam,
Como o Mar onde eles navegaram
Entre serenos ou terríficos sobressaltos,
Como os choupos tão altos
Que com o vento se agitam
Como nossas mentes gritam
Em “pielas” de ciúme...


Poucos sabem que o sonho
É álcool, é espuma, é veneno
Por vezes agressivo e pequeno.
É bicho de focinho pontiagudo
Espicaçando todos e tudo
Num constante movimento.


Poucos sabem que o sonho
É um pincel, muitas cores e tela,
Um pedestal com uma mulher bela.
É um jardim florido
Pintado de verde garrido
E até melodiosa sinfonia
Enchendo todos de magia.
É vento que sopra do norte

gritando por aquela morte
que não se pára de recordar
mesmo sem nela se falar.


No mapa da imaginação
há rios de amor e paixão
há barcos e aviões,
destroços de corações.
Há esperanças sem fim
dos dias “sim”
em que o dinheiro combina
com poder, com ordem e menina
e os cones de vento
indicam a direcção do pensamento
e a esperança traz afazeres
e estes dão os prazeres
que num ai se vão
como uma noite de luar.


Poucos sabem e pensam
que a sonhar se vai vivendo
e sempre que sonham
o Mundo sofre mutações imensas
como um arco-íris colorido
entrelaçado nas nuvens cinzentas...
2003